Um bobo por você, Moana.

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》Noah

_Brenda! - Falei surpreso ao ver que ela realmente estava aqui, parada na minha porta.- Pensei que não vinha.

_Pensei o mesmo, mas aí lembrei que o trabalho é avaliativo, então... -Ela empurrou-me e entrou, se jogou no sofá pondo os pés na mesinha de centro. - Vamos logo acabar com isso.-A olhei perplexo. Ela é muito abusada.

Fechei a porta e fui em direção as escadas.

_Vai aonde? - Parei em um degrau e apoie-me no corrimão.

_Bom, a atividade é aqui em cima e não aí, onde você está muito bem acomodada. Já que você fez questão de se mostrar o quão folgada é, também não irei por o seu nome no trabalho. - Enfatizei o "seu" e voltei a subir a escadas.

Pude ouvir a mesma bufando. Ri.

Abri a porta do quarto e o pânico toma conta de mim. Não! O que ela está fazendo?

_O que você está fazendo? - Perguntei exasperado.

_Ah, eu tava vendo os seus livros. Vi que você comprou um igual ao que eu apresentei. - Andei em passos apressados e tirei o livro de suas mãos.- Ei, calma lá. Não precisava dessa brutalidade toda.

_Só... Só não mexe nas minhas coisas, ta ok?- Coloquei o livro na estante. Me desculpa, Moana, mas você iria descobrir. Pensei.

_Ta, tanto faz. - Falou com indiferença e se sentou na cama.

_Já tô aqui, e agora? - Brenda estava encostada no batente da porta. - O que essa garota está fazendo aqui?-Apontou pra Moana.

_Primeiro: Abaixe esse dedo; e segundo: Essa garota tem nome, que você nem se quer teve o trabalho de perguntar.

_Ei, ei, calma lá sua sujinha. - Ela chegou mais perto da cacheada e eu fiquei entre as duas.

_Sério isso? Nós somos um grupo. G-R-U-P-O. Se não trabalharmos juntos nada dará certo.- Olhei pra Brenda. - Olha, para com isso. Para com esse preconceitosinho. Se você continuar ofendendo ela, pode apostar que o seu nome não estará exposto no trabalho.

_Ah, faça-me o favor...

_Não, tudo bem, eu sabia que esse trabalho não daria certo mesmo.- A Mo que estava atrás de mim pegou o seu ukulele e saiu em disparada até a porta.

_Ei, espera. - Corri até a escada.

_O que? Quer que eu fique aqui e escute tudo isso calada?- Sua expressão era séria. - Eu já não aguento mais isso, durante boa parte da minha vida eu tentei bloquear esse tipo de pensamento e...- Toquei em seus ombros e a olhei nos olhos.

_Ei, escuta. Você é melhor do que tudo isso. Você é melhor do que todo esse preconceito. Você é melhor quando você é apenas você. Não é a cor da sua pele que define quem você é, mas sim o seu coração.- Moana relaxou sua expressão. - Só ignora ela e ignora esse comentários que ela fala, ok?

Durante um tempo se mostrou indecisa, o silêncio já demonstrava que não iria aceitar.

_Ta, ok.- Vi um sorriso de canto abrir em seus lábios. - Só que tem uma condição: Que você me empreste os seus livros.- Cruzou os braços em forma de birra.

_Ah. - Revirei os olhos.- Ok então, senhorita birrentinha. Eu me rendo. -Levantei os braços em forma de redenção. A mesma me mostrou a língua.- Ei, lembra do que eu falei sobre quem dá a linguá?- Rimos.

_Noahzinho?- Brenda estava na porta nos olhando com impaciência. Logo os risos entre nós cessaram.

_Tenta relaxar, ta bom?- Tentei passar segurança a cacheada a minha frente. Ela assentiu.

Andamos de volta ao quarto e quando passamos pela porta, a loira ainda estava lá e Moana apenas mostrou o dedo médio a mesma. Essa tarde vai ser longa.

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_Desculpe-me pelo jeito como agi hoje mais cedo.- Moana estava no carro junto comigo. Passamos a tarde toda ensaiado, houve farpas sendo atirada entre ela e a Brenda, mas nada tão grave. Depois que terminamos, meus pai apareceram e eu decidi levar ela até em casa já que estava tarde. Como previsto, a loirinha não quis uma carona. Agora estamos aqui, ambos a frente de sua casa.

_Como?- Sua expressão era confusa.

_ Na hora em que você estava vendo os meus livros, é porque...- Tentei achar argumentos plausíveis pra me justificar.

_Relaxa, sem problemas. Eu também não gostaria que mexessem nas minhas coisas. Te entendo.- A mesma me olhou com um sorriso divertido no rosto.

-Bom, como forma de me desculpar, vou te emprestar o "Orgulho e preconceito".- Tirei do banco de trás e dei a ela.

- Obrigada.- Riu.

Seus cachinhos balançavam ao ritmos em que se movimentava. Seu rosto tão sereno esboçava tranquilidade. Seus grandes olhos pareciam me analisar por cada traço. Moana colocou uns cachinhos rebeldes atras da orelha e sorriu meio tímida. 

_Bom, acho melhor eu ir. Obrigada pela carona,- Segurou o livro com a mão mesmo e abriu a porta do carro..- Noahzinho.- Completou.

_Foi um prazer, Moaninha.- Falei quando a mesma ja tinha fechado a porta do carro. Andou até a porta da casa e de lá, virou-se e acenou.- Não ganho nenhum beijinho? Nem na bochecha?- Gritei do carro mesmo, o que a fez revirar os olhos e soltar um "bobo".

Ri dando partida no carro. Eu to ficando um bobo mesmo. Um bobo por você, Moana.

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