Madrugada parece ser a minha companheira esses dias. Dias difíceis, de ter que lidar comigo mesmo. Ser obrigado a aturar si mesmo, sem conseguir escapar. É como se eu estivesse preso em um quarto conversando comigo mesmo.
Espere, na verdade, eu estou preso fazendo isso. As paredes parecem olhos encarando algo dentro de mim. Como que as coisas foram acabar assim? Tenho medo de olhar no espelho, de olhar para mim mesmo, o medo de acabar encarando meu coração e enxergar meus medos e anseios.
Se você ficar em silêncio, conseguirá escutar o grito da minha alma.
Dois dias atrás eu estava usando redes sociais para ver memes e rir. Em algum ponto o botão mudou, agora eu tenho medo. Não é o medo da Morte, é o medo de mim.
Consigo dizer que enjoei de mim mesmo, que não aguento passar tempo comigo mesmo, que preciso de algum tipo de descanso de mim. Quanto mais eu penso nesses pensamentos tolos, mais eu fico confuso do meu eu. Comecei a enxergar meu íntimo, não por opção, mas por falta dela.
Em alguns momentos saem palavras de reclamação da minha boca, no automático, e eu penso em como sou ingrato, reclamando de barriga cheia. Reclamando que gostaria de fazer algo, mesmo sabendo que com a opção disponível eu não faria. Meus pais estavam certos quando me acusavam de ser um filho ingrato.
Os momentos de reflexão aumentaram para causar meus piores pensamentos. Aquelas perguntas de "por qual motivo estou vivo?" enchem minha mente. Alguns instantes atrás era a luz do computador, agora é o fraco brilho da Lua que acompanham minhas madrugadas.
É, talvez eu devesse parar de jogar, aproveitar o tempo e fazer algo de útil, certo? Prometi para mim mesmo que faria isso no primeiro dia.
Ops, passaram duas semanas e nem uma droga de capítulo consegui escrever.
Quer dizer, parece que passaram três meses nesses poucos dias. Ao mesmo tempo, parece que passaram algumas horas. Pelo jeito já perdi toda a noção de tempo. Talvez a minha sanidade esteja indo embora também.
Posso ser sincero, é culpa das paredes. É difícil, não ter um quintal, uma garagem, ter que encarar o teto e surtar, surtar pensando em como escapar dessa prisão que não está só no meu quarto, mas na minha cabeça.
Meu peito está doendo, e se você fizer silêncio, vai conseguir escutar o grito da minha alma.
E o horário de sono? Já está desregulado? Eu só consigo pregar o olho quando o Sol nasce. Até ele nascer, bom, sou eu e meus pensamentos positivos. Positivos em direção à cova, obviamente. Brincadeira, ultimamente eles estão pensando em romance também. A permissão para sonhar eu tenho, para realizar eu não tenho, já que a realidade é simples, ninguém gosta de pessoas desregulada sou diferentes, o que é meu caso. Então esse romance não vai sair da minha imaginação. Claro, eu espero que ele saia, e não essa vontade absurda de acabar com tudo isso.
Opa, fui preencher as linhas e eu acabei me perdendo. E esse não é o ponto? Eu me perdi, de propósito, já que tenho medo do meu próprio eu. Não consigo lidar, aturar ou suportar.
É possível eu sair dessa pele e entrar em outra? Quem sabe aliviar os pensamentos e o desconforto. Ah espera, impossível, está tudo na minha mente, certo?
No silêncio da madrugada, eu escuto minha alma gritando, enchendo meus ouvidos, um choro, que acompanha no ritmo da minha playlist favorita.
Continua doendo, continua chovendo.
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My Last Words
Short StoryConfissões, arrependimentos, gratidões. Nossas últimas palavras definem do que estamos cheios. O quão profundo você se conecta?