As lágrimas continuam caindo, a música explodindo em meus ouvidos e a Lua tentando dar algum tipo de conforto. Outra noite, mais uma delas, sozinho com meus próprios pensamentos.
Se eu olhar para o meu passado, eu criava formas para os meus pensamentos. Sinto saudades de quando minha mente podia fluir livremente. Meus demônios internos eram meus maiores aliados, do jeito mais bizarro que você possa imaginar isso. É, quem está sozinho consegue um jeito de preencher o vazio.
O problema é quando a minha imaginação não conseguiu acompanhar o tamanho desse vazio, entende? Agora a minha mente tenta preencher isso, do jeito que mais me incomoda, com vícios. Eu tento me segurar, controlar esses desejos impulsivos essas coisas que irão causar o meu mal, só que o resultado dessa escolha é dano no meu psicológico. E o que acontece se eu misturar esse psicólogo danificado com uma sanidade perturbada?
Ainda bem que os diversos pensamentos sobrepõem o grito da minha alma.
Agora eu olho para o céu, tentando procurar algum tipo de resposta, algo que consiga preencher esse vazio. Talvez, se eu deixar meu coração guiar, eu consiga realizar isso. Tenho cara de quem é mais racional do que emotivo? Sinto muito, sou do tipo emotivo emocionado. Não tenho medo de agir na emoção, tenho medo de continuar vivendo no piloto automático. Os dias passam, as músicas continuam explodindo em meus ouvidos, a dor só aumenta.
A incerteza, a ansiedade, a tristeza, o medo e a raiva, todos são buracos de tiro em meu corpo. Os dias passam e esses buracos aumentam, ferindo não meu corpo, mas minha alma.
É estranho pensar na minha alma. Eu não olho para ela tem tanto tempo, tantos anos, pois em algum momento uma ferida penetrou nela e eu não quis tratar. Olha onde estou agora.
Não consigo diminuir o som dos meus pensamentos, mesmo a minha estando morta no escuro.
Deixa eu aumentar o volume da música, assim consigo tentar entender o que está acontecendo aqui dentro. Tento olhar, mas está tudo escuro. Os problemas me atingirem significam que eu sou fraco? Eu não sei o que é pior, esse tipo de pensamento, ou do nada decidirem que terapia é necessário. Sério, de um dia para o outro, um discurso que saúde mental é importante explodiu por aí. Foi mal gente, eu era muito novo para entender esse discurso.
Eu perdi o foco, pareço uma criança mimada jogando palavras ao vento, esperando que algum milagre aconteça. Mundo real, isso não acontece.
A decepção começa em nós, então não crie expectativa.
Os pensamentos estão explodindo minha cabeça, nem a música ajuda mais. Quanto mais o tempo passa, pior fica. Tenho que esperar o Sol nascer para ficar tudo bem. Será se eu duro até lá? Acho que não, talvez não.
E mesmo que eu dure, que diferença vai fazer, ter que aguentar toda essa luta todos os dias, cansa. Estou cansado. Sou eu ou meus demônios interiores falando? Hoje eles não possuem nenhum tipo de forma, apenas uma sombra asquerosa. Dependendo do seu gosto, é feio.
Alguns dias atrás eu buscava uma solução, agora eu pesquiso na internet qual o melhor jeito de acabar com isso. Que tal você ligar para mim, posso discutir contigo as diversas formas de fazer um nó na corda.
Talvez eu não queria muita dor, só dormir e fim. Feliz para sempre. Feliz de não ter que respirar mais.
Remédio vai servir, eu sei, eu juntei diversas cápsulas para isso. Sabe que eu nunca gostei de tomar remédio? Pois é. Minha mente sempre esteve procurando algum tipo de vício para tentar criar algo estável no chão, e meu maior medo era aquilo ser meu vício. A música está acabando, então vamos com isso.
Aproveitei não, até o último minuto eu desejei o fim, e agora na porta do fim eu olho para Ela. Uau, agora eu quero seu abraço. Por favor, Morte, me abrace, me console, não solte.
E se você escutar, vai perceber o silêncio e vazio que está. A última nota foi tocada
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My Last Words
Short StoryConfissões, arrependimentos, gratidões. Nossas últimas palavras definem do que estamos cheios. O quão profundo você se conecta?