Não lembro a última vez que parei para lembrar. Reviver as minhas memórias dos meus dias de felicidade, de quando eu não era atingido por qualquer coisa e eu podia seguir o meu coração.
Daquele tempo de quando eu podia ser eu mesmo e todos ao meu redor me encorajaram assim, do tempo em que eu acordava toda manhã animado para mais um dia. Tempos em que eu podia deixar a minha mente e vontades fluir sem correntes me prendendo, em que eu podia dar risadas sem precisar fingir.
Aquele tempo em que eu não sentia peso de pressões e responsabilidade sobre meus ombros, em que eu poderia correr o meu máximo até meu objetivo. Talvez naquele tempo eu sabia quem eu era e acabei me perdendo.
Eu sinto falta daqueles dias, da sinceridade, da felicidade, do meu eu. Eu sinto falta do amor que nós abraçava, de como o Sol parecia um amigo, de toda aquela inocência que preenchia o meu ser.
Hoje eu já não sei aonde fui parar, e sinceramente, eu não consigo nem olhar mais para trás, o caminho ficou tão escuro que nem sei onde estou pisando. Não sei em que momento a tristeza virou minha companheira, de quando aquela inocência foi embora e quando eu desisti de mim mesmo.
Hoje em dia eu nem mais conheço o Sol, parece que viramos inimigos. Procuro o conforto na noite, no escuro, mesmo sabendo o quanto aqueles pensamentos auto-destrutivos se fortalecem lá.
Eu só queria ser jogado lá de volta, não ter que me preocupar em ser adulto, em procurar aprovação de pessoas que me querem derrotado. Poder me focar nos meus sonhos, sem me importar com o dinheiro e a aparência. E principalmente, naquele tempo em que a minha saúde mental era importante e saudável. Quando eu conseguia escutar o que meu coração dizia e não tinha medo em expressar as minhas emoções.
A porta daquele tempo se fechou extremamente rápido, sem tempo para mudança, e sem perceber, eu já era adulto e precisava colocar aquela máscara. Sem tempo para emoções. Sem tempo para sinceridade. Onde foi parar a minha inocência? O que preciso fazer para encontrar ela de volta?
Aquele tempo em que eu podia abraçar o amor, sentir e entregar o que eu tinha, sem máscaras e mentiras. Os machucados não eram sinal de fraqueza e de falha, mas histórias e oportunidades para crescer. Quando o amor unia, formava conexões que não eram facilmente destruídas. Quando o amor deixou de ser amor e virou aparência? Quando a empatia virou sinal de fraqueza?
Quando o mundo se tornou esse lugar de pessoas superficiais? Ou ele sempre foi assim?
Os anos apenas destruíram o que aquela criança queria ser, transformando isso que é hoje. E não adianta olhar para trás, está tão escuro que não existe mais caminho.
Talvez meu último desejo fosse falar com o meu eu mais novo, fazer tudo ser diferente, pois esse tipo de resultado eu não desejaria para ele. Antes que os sonhos se transformem em pesadelo. Antes que o nosso bicho-papão vire o nosso consolo.
Queria que o seu futuro fosse diferente do meu presente, que o seu mundo fosse diferente do meu, que eu parasse de olhar para você com pena. Parar de olhar para mim mesmo com pena, em momentos em que não existe compaixão e amor. E eu tenho certeza que você nunca me reconheceria, não iria se ver em mim, pois eu não vejo você em mim. Em algum ponto eu deixei de ser eu mesmo, decidi colocar a máscara e virar um adulto, e naquele momento você foi embora com minha inocência, pois ela não merecia sofrer dentro de mim.
Eu sinto falta daqueles dias em que eu me reconhecia.
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My Last Words
Storie breviConfissões, arrependimentos, gratidões. Nossas últimas palavras definem do que estamos cheios. O quão profundo você se conecta?