Tentadora Provocação {Completa}

Capítulo 15

Christian

Do meu poleiro na minha mesa, observei os alunos passarem pela porta, batendo meu lápis contra a minha perna. Anastasia geralmente chegava poucos minutos antes de a aula começar, chegando mais perto do atraso, com mais frequência na última semana.

Isso foi minha culpa, tenho certeza. Eu não me orgulho de ser um idiota, apesar do que meus alunos provavelmente pensavam. Dizer o que eu disse a Anastasia foi um daqueles momentos inevitáveis e horríveis que eu não pude tomar de volta. Mas os dias ficaram mais fáceis quanto menos eu olhava para ela, e menos eu pensava nela.

Até que peguei o papel dela e senti-o bater entre as minhas costelas.

Dez anos atrás, talvez até cinco, eu poderia ter escrito aquele papel palavra por palavra. Depois de trinta e quatro anos de silêncio e pouca atenção do meu pai, isso não me machucava como costumava acontecer. Mas lendo as palavras dela, eu sabia que elas eram dela antes mesmo de eu notar o nome dela no canto superior esquerdo.

Risos e conversas encheram o ar na sala de aula enquanto esperavam que eu fizesse alguma coisa, qualquer coisa. Fiquei esperando até o relógio dar dois minutos antes de eu começar. Apenas um aluno olhou para o relógio e me lançou um olhar interrogativo. A porta dos fundos se abriu e Anastasia desceu os degraus até chegar ao lugar de sempre. Ela não olhou diretamente para mim, o que foi surpreendente; Era quase como se ela tivesse se resignado ao meu desrespeito na semana anterior. Eu limpei minha garganta, e ela finalmente olhou para mim, choque alargando seus olhos quando ela me viu olhando para ela. Abaixando-se em sua cadeira, ela inclinou a cabeça e eu quase podia ouvir a pergunta como se ela tivesse pronunciado. O que você está fazendo?

Eu balancei a cabeça uma vez e me levantei da cadeira, empurrando-a para trás com um arranhão desagradável. As conversas se acalmaram lentamente enquanto eu caminhava para o meio da área aberta em frente à minha mesa.

— Eu tive muita leitura para fazer neste final de semana, revisando seus monólogos. Nem todos vocês falharam miseravelmente, o que é maravilhoso. Agora, o que eu não lhes contei na semana passada é que normalmente peço aos alunos que venham até aqui e os leiam em voz alta, quase como se estivéssemos em uma aula de atuação. — Isso me rendeu os seus nervos imediatamente fazendo-os moverem em seus lugares, tossindo risadas, alguns gemidos audíveis. Eu levantei a mão, movendo-me para encostar na minha mesa. — A razão pela qual eu não lhes disse isso antes do tempo é porque os monólogos exigem honestidade, como eu lhes disse na semana passada. E muitas vezes descubro que, se as pessoas acham que podem se esconder atrás de seus computadores, apenas planejando sua escrita criativa horrível para o professor ver as palavras, então essa honestidade é muito mais predominante.

Inclinando-me para trás, peguei o pedaço de papel do alto da pilha e olhei de novo para ele, depois olhei para a turma. Todos eles estavam parecendo extasiados, provavelmente todos suando um pouco se perguntando se o monólogo deles era o que eu estava segurando.

— Este aqui — eu levantei o papel, olhando para alguns rostos diferentes em algumas filas diferentes antes de pousar no rosto de Anastasia, que era aproximadamente o mesmo tom de branco que o papel que eu estava segurando na minha mão — este foi o meu favorito. Então, vou colocá-lo na tela de projeção atrás de mim, para que vocês possam ver como foi exposto, e eu vou ler em voz alta também. — Bati no meu ouvido. — Quando você tem que ouvir alguém sangrando fora da página, é diferente, é mais pessoal.

Andei em volta da minha mesa, o barulho dos meus sapatos era o único som na sala. Eu nunca tive uma sala de aula cheia com mais de cem alunos tão silenciosa. Toquei algumas teclas no meu laptop e a tela ganhou vida, o feixe do projetor montado no teto captando partículas de poeira flutuando no ar. Eu os enfrentei, me afastando da tela, e vi os olhos se movendo rapidamente pela tela, apenas os olhos de Anastasia não estavam voltados para as palavras.