Capítulo 30

735 86 5
                                    

Christian

Quando voltei para o quarto carregando o menu de entrega do Crazy Dough, tenho certeza de que ainda usava o mesmo sorriso satisfeito que vi no espelho embaçado do banheiro. Não foi nem mesmo que isso melhorou cada vez que estávamos juntos; isso ficou mais doce e suave, penetrou mais fundo nos meus poros, como se eu nunca fosse capaz de puxá-la para fora. E porque é onde meu cérebro estava, foi também por isso que eu não notei o estranho olhar em seu rosto quando eu entrei pela porta.

Ela estava sentada na beira da cama, envolta em meus lençóis, cabelos amarrotados e bochechas ainda coradas. Mas não foi o olhar saciado, quase terno que eu estava acostumado a ver nos olhos dela. Eu estava prestes a perguntar o que estava errado, quando minha boca se fechou e eu estreitei os olhos. Era culpa. Ela parecia culpada como o inferno. E então os olhos dela desceram para a mão esquerda. A luz da lâmpada na mesa de cabeceira bateu no anel, aquela modesta partícula de diamante que vovó Coulton tinha me dado antes de morrer. Meu coração falhou até parar, um rubor frio cobrindo minha pele, e por um segundo eu realmente me perguntei se eu iria desmaiar.

— Onde você achou isso? — Eu gritei. O rubor gelado da minha pele se espalhou para o calor, fazendo-me piscar contra o súbito balanço na minha temperatura. Anastasia apertou a mão esquerda debaixo da direita e pressionou-as contra o lençol enrolado cobrindo seus seios. Eu nunca a vi tão... apavorada. Ela parecia aterrorizada.

— Eu sinto muito, Christian. Eu não pensei... Eu não...

Eu levantei a mão para ela parar, apertando meus olhos por alguns segundos enquanto tentava coletar meus pensamentos. Minha reação instintiva era arrancar o anel do dedo dela, apertá-lo na minha mão e sentir o metal frio contra a minha pele. Mas eu nunca disse a ela uma coisa sequer significativa sobre Diana. Nem como ela morreu, nem a culpa que eu carregava nos meus ombros desde o dia que ela se foi. E eu nunca disse a Anastasia que às vezes, mesmo quando eu estava envolvido com ela, eu tinha medo de nunca amar alguém como amava Diana. Ela ficou quieta, apenas o som de sua respiração irregular enchendo meus ouvidos.

— Eu não estou... — eu limpei a mão sobre a minha boca e deixei ficar lá enquanto eu finalmente abri meus olhos — eu não estou com raiva, Anastasia.

Eu meio que quis dizer isso. Seu rosto branco como fantasma ajudou a aliviar um pouco o meu coração acelerado. Ela assentiu e eu caminhei em direção a ela, certificando-me de que minha toalha estava bem amarrada em torno dos meus quadris.

— Por que você procurou pelas minhas coisas?

Suas narinas se abriram e ela piscou rapidamente, como se estivesse lutando contra as lágrimas.

— Eu não sei, honestamente. Eu estava feliz, Christian. Eu estava tão feliz, com o que aconteceu no chuveiro e pedir pizza nus na cama e... e nós nunca fizemos isso. E você ficou tão feliz em me ver quando cheguei aqui — ela fez uma pausa, olhando para mim com olhos suplicantes gigantes, e eu pude ver o pulso martelando em sua garganta. — Não foi?

— Feliz? — Eu repeti, tentando muito não soar irritado, já que seus nervos estavam obviamente limitando seu vocabulário.

— Sim. Você parecia gostar, pelo menos. E parecia real, como se eu estivesse voltando para casa, para você. Como se fôssemos reais. E com o que eu fiz hoje, é só que... eu não sei, estava tudo efervescendo, e eu estava secando a água e... — Meu cérebro tinha percebido a meio caminho das palavras divagadas e trêmulas dela.

— O que você fez hoje?

— Oh. — Ela engoliu, movendo na cama e caminhando os lençóis um pouco mais alto em seu peito. — Eu fiz algo por nós. Então não precisaríamos nos esconder tanto.

Tentadora Provocação {Completa}Onde histórias criam vida. Descubra agora