Eu não tinha mais um coração, o velocímetro da minha vida acabara de explodir quando ouvi meu nome sair da boca daqueles soldados. Todos me olharam com um ponto de interrogação em seus rostos. O que eles queriam comigo? Será se eram do exército inimigos, só que disfarçados? Mas o que eles iam quer comigo? Será sem me viram perto do relógio? Com certeza o lugar estava cercado.
- É-é so-sou eu, mas eu ju-juro que e-eu não fi-fiz nada-da – gagueira, ela sempre aparece quando você mostra seu lado mais fraco, quando você se sente ameaçada. Quais são as minhas fontes sobre isso? As vozes da minha cabeça.
- Você precisa vir conosco, os soberanos aguardam sua presença.
- A dela? Mas o que ela fez? Ela é uma garota inocente, nunca fez nada de errado, vocês não podem levá-la – dona Magda me defendeu como seu fosse sua filha, naquela hora uma pontada doeu-me no coração.
- É necessário mesmo que ela vá, essa hora da madrugada? – perguntou-lhes o esposo de Magda; era, provavelmente um hora da madrugada, o que é muito tarde em Anagrom, o silêncio reinava pela cidade iluminada somente pela lua e agora pelas tochas dos soldados vermelhos.
- É uma ordem dos reis, e uma ordem real não deve ser desobedecida – aquela frase teve o efeito que os soldados desejavam, temor.
O caminho até o castelo foi o mais longo da minha vida, minhas mãos pareciam o bumbum de um pinguim, para vocês terem noção do tanto que estavam geladas; meus pés eu nem sentia mais. Dentro de mim, a ansiedade corroía e se antes, no sonho, eu estava com uma faca no pescoço, agora eu estaria com uma no coração, ou na cabeça, aonde for mais rápido a morte. Os soldados me levaram direto para uma sala estranha, parecia uma biblioteca, com escritório e uma sala de visitas. As paredes eram cobertas por um tecido vermelho estampado com ondas brancas. Uma porta de dentro do local se abriu e dei-me de cara com o rei Cássio e sua esposa, a rainha Amália. Seus olhares eram tão aflitos e preocupados quanto os meus, mas os meus eram justificáveis pois eu achei que iria morrer, o deles eu já não fazia ideia. Procurei na minha mente algo que tinha feito durante todos aqueles anos, mas nada era justificável o meu encontro com a realeza.
O rei Cássio usava uma camisa social branca, estava com os dois primeiros botões aberto, dando um aspecto casual e calças reais de dormir, que são as nossas calças sociais para irmos à formatura do primo, em direito. A rainha usava uma espécie de camisola real que, se eu tivesse, com certeza usaria para comprar pão na esquina da minha casa, era lindo, todo vermelho e de seda; se sentasse em algum lugar ela escorregaria.
- Srtª Ingrety – disse o rei.
- Sim, Majestade, sou eu, para o que precisar e mandar – eu não sei o que é pior, se era eu falando nada com nada, ou se era eu estar conversando igual a Mallu.
- Preciso que nos conte a sua história, como chegaste aqui, em Anagrom? De onde vens? E o que fazes aqui?
- A minha história? Mas ela não tem nada de especial – péssima hora para mentir eu diria – sou só uma menina que trabalhava na casa do pão antes dela ser destruída pelos soldados verdes. Moro com algumas pessoas que me acolheram e é isso.
- Creio que você não respondeu as minhas perguntas, senhorita. Antes de você querer ocultar algo de seu passado, saiba que eu já o conheço, apenas quero uma confirmação – sua voz era firme e decidida, e por mais que fosse um rei, ele não usava de sua posição para me coagir. A rainha continuava calada, estava em pé ao lado de seu marido que estava sentado, apenas me observando.
- Eu não sou daqui, como já deves saber, ó rei. Eu apareci aqui do nada. Meus pais são cientistas, não sei se os senhores sabem o que são, mas, resumindo, eles construíram uma máquina do tempo com a intenção de conhecerem o mundo em qualquer tempo, data ou era e realizar um dos sonhos de meu pai.
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Viajante - Conto I
AdventureIngrety tinha tudo para ter uma vida perfeita, mas, um pequeno problema na máquina do tempo de seus pais, faz com que ela se encontre em um mundo totalmente diferente do seu. Longe dos pais e de seu irmãozinho, Ingrety Christinna tem grandes aventur...