8- Entrei em um estágio de babás renomadas

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Eu não tinha mais um coração, o velocímetro da minha vida acabara de explodir quando ouvi meu nome sair da boca daqueles soldados. Todos me olharam com um ponto de interrogação em seus rostos. O que eles queriam comigo? Será se eram do exército inimigos, só que disfarçados? Mas o que eles iam quer comigo? Será sem me viram perto do relógio? Com certeza o lugar estava cercado.

- É-é so-sou eu, mas eu ju-juro que e-eu não fi-fiz nada-da – gagueira, ela sempre aparece quando você mostra seu lado mais fraco, quando você se sente ameaçada. Quais são as minhas fontes sobre isso? As vozes da minha cabeça.

- Você precisa vir conosco, os soberanos aguardam sua presença.

- A dela? Mas o que ela fez? Ela é uma garota inocente, nunca fez nada de errado, vocês não podem levá-la – dona Magda me defendeu como seu fosse sua filha, naquela hora uma pontada doeu-me no coração.

- É necessário mesmo que ela vá, essa hora da madrugada? – perguntou-lhes o esposo de Magda; era, provavelmente um hora da madrugada, o que é muito tarde em Anagrom, o silêncio reinava pela cidade iluminada somente pela lua e agora pelas tochas dos soldados vermelhos.

- É uma ordem dos reis, e uma ordem real não deve ser desobedecida – aquela frase teve o efeito que os soldados desejavam, temor.

O caminho até o castelo foi o mais longo da minha vida, minhas mãos pareciam o bumbum de um pinguim, para vocês terem noção do tanto que estavam geladas; meus pés eu nem sentia mais. Dentro de mim, a ansiedade corroía e se antes, no sonho, eu estava com uma faca no pescoço, agora eu estaria com uma no coração, ou na cabeça, aonde for mais rápido a morte. Os soldados me levaram direto para uma sala estranha, parecia uma biblioteca, com escritório e uma sala de visitas. As paredes eram cobertas por um tecido vermelho estampado com ondas brancas. Uma porta de dentro do local se abriu e dei-me de cara com o rei Cássio e sua esposa, a rainha Amália. Seus olhares eram tão aflitos e preocupados quanto os meus, mas os meus eram justificáveis pois eu achei que iria morrer, o deles eu já não fazia ideia. Procurei na minha mente algo que tinha feito durante todos aqueles anos, mas nada era justificável o meu encontro com a realeza.

O rei Cássio usava uma camisa social branca, estava com os dois primeiros botões aberto, dando um aspecto casual e calças reais de dormir, que são as nossas calças sociais para irmos à formatura do primo, em direito. A rainha usava uma espécie de camisola real que, se eu tivesse, com certeza usaria para comprar pão na esquina da minha casa, era lindo, todo vermelho e de seda; se sentasse em algum lugar ela escorregaria.

- Srtª Ingrety – disse o rei.

- Sim, Majestade, sou eu, para o que precisar e mandar – eu não sei o que é pior, se era eu falando nada com nada, ou se era eu estar conversando igual a Mallu.

- Preciso que nos conte a sua história, como chegaste aqui, em Anagrom? De onde vens? E o que fazes aqui?

- A minha história? Mas ela não tem nada de especial – péssima hora para mentir eu diria – sou só uma menina que trabalhava na casa do pão antes dela ser destruída pelos soldados verdes. Moro com algumas pessoas que me acolheram e é isso.

- Creio que você não respondeu as minhas perguntas, senhorita. Antes de você querer ocultar algo de seu passado, saiba que eu já o conheço, apenas quero uma confirmação – sua voz era firme e decidida, e por mais que fosse um rei, ele não usava de sua posição para me coagir. A rainha continuava calada, estava em pé ao lado de seu marido que estava sentado, apenas me observando.

- Eu não sou daqui, como já deves saber, ó rei. Eu apareci aqui do nada. Meus pais são cientistas, não sei se os senhores sabem o que são, mas, resumindo, eles construíram uma máquina do tempo com a intenção de conhecerem o mundo em qualquer tempo, data ou era e realizar um dos sonhos de meu pai.

Viajante - Conto IWhere stories live. Discover now