Acordei com a cabeça dolorida. O sol invadia meus olhos e os cegava com seu resplendoroso brilho. O lugar era calmo, árvores por todos os lados, os pássaros voam e cantavam; se uma garota aparecesse cantando eu diria que estava em alguma história de contos de fadas. Acho que de certa forma eu não estava pensando direito, não me lembrava, até então, o que havia acontecido. Olhei ao meu redor, um pouco assustada, e não encontrei nada além de árvores, pedras e pássaros. Não tinha meu pai, não tinha minha mãe e muito menos Pietro. Eu estava sozinha. Provavelmente meu pai já tinha acordado e saído como um louco procurando o tal rei e minha mãe ido atrás, mas não havia sinal de máquina do tempo, ou vestígios dela, de explosão, nem de nada. Eu estava ali, só.
Coloquei minha cabeça para funcionar e pensar em um jeito de sair dali, mas infelizmente eu não tinha herdado um porcento da inteligência da família. Sai andando à procura de informações, provavelmente alguém ali teria visto os meus pais, podemos dizer que eles se destacariam no meio de uma multidão só pelo fato de estarem usando jalecos brancos.
Até certo momento, só as árvores me cercavam, mas um som surgiu em meio a floresta. Música, era música! Pessoas tocavam músicas. Eu não estava na idade das pedras, muitos menos na era Mesozóica. Graças a Deus! Você pode achar que eu sou bem exagerada, mas no verão retrasado, eu posso garantir que eu estava correndo de um dinossauro, enorme e com três chifres na cabeça, e essa não é a melhor atividade física para o início do dia; minha mãe insistia em dizer que não fomos para a era Mesozóica, que provavelmente eu dormira com a televisão ligada no canal de história, mas foi um sonho bem real.
Ao sair da floresta, deparei-me com uma cidade um pouco diferente. Parecia que uma guerra tinha acontecido ali, alguns prédios em ruínas, outros sendo reerguidos, porém o povo estava bem feliz. Muitos cantavam e dançavam músicas alegres. Algumas mulheres cantavam e carregavam cestos cheios de laranjas, enquanto alguns homens chamavam outras para dançar.
Fiquei tão entretida vendo a cidade e aquele alvoroço em forma de danças e cantos e risos que havia me esquecido do que realmente estava atrás. Perguntei para todas as pessoas que vi se alguém havia visto um casal de cientistas, mas ninguém sabia ou tinha noção do que era um cientista. Senti um aperto no coração, como se o que eu procurasse estivesse bem longe do meu alcance. Em meio a algumas canções ouvi falar de um rei que era bondoso com o seu povo e que não temia a ameaças de seus inimigos. O plano do dr. Danvers funcionou, estávamos nas terras de Arthur. Minha mãe certamente estaria me procurando, ela viria até mim, já havia lido algo sobre instinto de mãe, sabia que ele funcionava, era só esperar que uma hora ou outra eles iriam aparecer.
♥
Alguns dias se passaram, minha esperança ainda estava lá, um pouco abalada, mas ainda existia. Até aquele dia, nenhum sinal da minha família, meus pensamentos se voltavam totalmente para eles e para Pietro. Ele estava sozinho em casa, e ele era tão frágil, tão sentimental. Em todo tempo, desde o seu nascimento eu sabia que ele era meu, meu dever era protegê-lo do mundo. Pietro sempre corria atrás de mim, podia até escutá-lo me chamando...
Minha coluna estava acabada, eu me sentia uma velhinha em seus plenos oitenta e sete anos de idade. Dormir nos galhos das árvores não era meu sonho da adolescência, mas era a única opção que eu tinha nas minhas condições.
Estava andando pelo povoado a procura de algo diferente para comer já que fazia dias que me alimentava com restos do que via nas ruas - eram o que me mantinham em pé – quando, do nada, uma menina que caminhava rapidamente em minha direção, um pouco distraída, se esbarrou em mim e caímos no chão.
- Mil desculpas, moça!! Eu Juro que não foi porque eu quis, eu estava meio distraída, estava no campo de papai colhendo algumas laranjas, mas ele não pode saber que eu estava lá, ele sempre diz que isso não é serviço meu, apesar de muitas mulheres trabalharem no pomar. A verdade é que ele só quer me proteger, sabe? Ele é meio super protetor as vezes...
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Viajante - Conto I
AventureIngrety tinha tudo para ter uma vida perfeita, mas, um pequeno problema na máquina do tempo de seus pais, faz com que ela se encontre em um mundo totalmente diferente do seu. Longe dos pais e de seu irmãozinho, Ingrety Christinna tem grandes aventur...