Capítulo 5

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Meses depois...

— Aiden, se acalme, você vai acabar abrindo um buraco no chão. — Meu irmão diz, mas não consigo ficar parado, não quando minha mulher está lá dentro, dando a luz ao meu filho.

— Fácil para você dizer, não é o seu filho que está nascendo.

Tantas perguntas passam por minha mente nesse momento. E se algo der errado no parto? E se acontecer alguma coisa com Gwen ou com meu filho?

Gwen teve uma gravidez relativamente tranquila, mas e se agora, justo agora, acontecer alguma coisa ruim com eles?

— Ela está bem, Aiden. Os dois estão bem. — Florence diz me oferecendo um sorriso confiante e tranquilo. Apenas concordo com a cabeça, mas não consigo parar de suar e andar de lá para cá.

— Gwen já está lá dentro há horas, porque demora tanto? Não é só empurrar e pronto? — Digo e Florence ri.

Ainda bem que ela está aqui, que todos estão aqui. Gwen entrou em trabalho de parto duas semanas antes do esperado, estamos visitando meu irmão e Florence e nossos outros amigos e a sua bolsa simplesmente estourou. Gwen ficou chateada por não fazer o parto com a Dra. Sue, a médica que a tem acompanhado todo o pré-natal, mas dessa maneira muitos dos que são importantes para nós vão poder participar desse momento especial.

Meu irmão e Florence, Preston e Julia, os pais de Gwen, Bárbara e o marido e outros que fazem parte de nossas vidas.

— Logo vão chama-lo, cara, não se preocupe. Eu fiquei nervoso igual você também, é normal. — Preston, o qual eu simpatizo muito mais agora que está casado e tem filhos, diz.

— Eu sei, eu sei, eu só...quero vê-los logo.

Os minutos passam como se fossem horas e ninguém vem nos dizer nada. Depois do que pareceu uma eternidade, uma enfermeira aparece e diz que tudo ocorreu bem durante o parto. Meu filho nasceu forte e saudável e Gwen está bem.

— Sua esposa vai ser levada para o quarto para poder descansar. Seu filho é um bebê grande e forte e deu certo trabalho para ela, mas os dois vão ficar perfeitamente bem.

— Quando eu vou poder vê-los? — Pergunto quase pulando no pescoço da enfermeira de tanta ansiedade.

— Como eu disse, sua esposa precisa descansar, então você só poderá vê-la daqui algumas horas. Mas seu filho, me acompanhe e eu lhe mostro.

— Podemos ir também? — Miranda pergunta.

— Claro, me acompanhem. — Todos nós seguimos a enfermeira baixinha até o berçário.

— Esperem aqui, ainda há mais alguns cuidados a serem tomados, mas logo traremos seu filho para cá. Você não vai poder pega-lo por enquanto, mas poderá vê-lo através desse vidro.

— Tudo bem, obrigado. — Digo e esfrego os olhos, tentando me controlar para não chorar.

Dizem que grávidas são afetadas por hormônios e ficam mais sensíveis, mas no nosso caso, eu fui tão afetado quanto Gwen, nós dois chorávamos o tempo todo. A cada novo chute, a cada nova ecografia, ambos nos desmanchávamos em lágrimas.

Praticamente colo minha cara no vidro, embaçando-o com minha respiração, olho para dentro da sala e vejo todos aqueles bebês lá dentro, mas nenhum é o que eu quero ver.

Eu quero meu filho.

Demora alguns instantes, mas logo aquela mesma enfermeira que nos guiou até aqui aparece segurando um cobertor azul.

Ela olha para mim e sorri, o cobertor azul se mexe e consigo um vislumbre de uma mãozinha, toda a minha determinação vai embora e eu começo a chorar com a testa apoiada no vidro.

Contos da série da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora