Reconstrução *

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JUNGKOOK

Amanhecer e ver o dia cinza, doeu. Ouvir o silêncio, doeu. Se sentir perdido, doeu. Ver o meu amor partido, vazio, doeu.

Doeu muito ver o amor da minha vida, destruído.

Jimin permaneceu quieto o dia e a noite toda. Ficou deitado na mesma posição na cama, e quando dormiu, acordou do mesmo jeito.

Eu entendia e sentia tudo aquilo. Doía em mim, mas com certeza doía mais nele. Jimin havia perdido uma parte sua, e nossa, o que era muito significativo e doloroso. Ainda podíamos ter nossos bebês no futuro, mas aquela dor, aquele acontecimento, havia devastado-nos de uma maneira tão grande, que talvez aquilo já nem fosse mais um sonho próximo. Talvez nem um sonho.

Ele gemia de dor. Gemeu ao mover-se por obrigação. A quietude dolorida me fazia querer gritar de raiva, amargura. Era como se voltasse à recuperação do nosso bebê, mas agora doía muito, não tinha bebê algum.

Por incrível que pareça, a mesma enfermeira, Rosé, foi a que nos acompanhou. Ela, com toda a calma e boa vontade do mundo, o ajudou. O guiou, e o fez passar por aquela dor junto a ela, tendo assim, uma boa pessoa ao lado.

Eu também estava lá, tinha que estar, precisava estar, mas era quase como estar em um estado vegetativo. Sentia-me inerte a tudo, vazio também, porém, meu estado durou pouco, durou até percebê-lo encolhido naquela cama, sozinho novamente, quieto, necessitado e magoado, morto por dentro.

Então, foi com muito custo, que me ergui daquele sofá de visitas, e resolvi cuidar do que era o meu bem maior no momento, o meu Jimin.

Ele ainda dormia, passava das sete da manhã, então pedi para trazerem seu café da manhã, que eu mesmo o ajudava, e o cuidava.

Aproximei-me devagar da cama, e me abaixei perto do rosto adormecido dele.

ㅡ Bom dia, amor. ㅡ falei baixo ao seu lado.

Jimin abriu os olhos devagar, e suspirou. Estava pálido, não havia dado sequer um sorriso depois do ocorrido, o que era esperado, mas doía muito.

Ele não me respondeu, mas tentou se erguer.

O ajudei a se levantar na cama, e com calma, o ajudei a andar e sentar no sofá próximo à janela, onde passavam algumas pessoas no jardim do hospital.

ㅡ Trouxe seu café da manhã ㅡ falei e me abaixei novamente, ficando próximo a ele. ㅡ como se sente?

ㅡ Normal. ㅡ ele disse ainda olhando a vista de fora do hospital. ㅡ Tem cinco árvores desse lado, mas no outro só há quatro.

Franzi as sobrancelhas sem entender, e olhei adiante. Ele observava as árvores.

ㅡ É, tem. ㅡ sorri e toquei-o no ombro. ㅡ Vamos comer um pouco?

ㅡ Estou sem fome.

ㅡ Amor... ㅡ o toquei na bochecha, fazendo um carinho brando, sentindo-o liberar um suspiro longo, fechando os olhos.

ㅡ Tudo bem. ㅡ ele me olhou e forçou um sorriso. O primeiro sorriso. ㅡ Você me ajuda novamente?

ㅡ Sempre.

Ergui-me e o segurei pelas mãos, para que ficasse de pé. A locomoção ainda era um pouco difícil, como em quase toda recuperação cirúrgica. Jimin resmungou um pouco ao se erguer, e caminhou devagar até a mesa comigo.

ㅡ Hyun ainda está com Jiwan? ㅡ ele perguntou baixo.

ㅡ Sim, ficará com ele até você receber alta, tudo bem?

UNKNOWN - Jikook | MpregOnde histórias criam vida. Descubra agora