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x Maristella x

O choro compulsivo tinha se sessado, deixando apenas uma tremenda enxaqueca que revirava meu estômago.
Antes de desligar meu celular, vasculhei a galeria do mesmo e encontrei uma foto antiga, de quando precisei ficar internada devido uma virose, publiquei em meu stories.
Não escrevi absolutamente nada, minha cabeça doía demais para que pudesse pensar em alguma coisa que estivesse sentido para não comparecer ao evento de hoje.
Meu quarto estava todo escuro e a porta trancada. Eu não queria ver ninguém e ter que me justificar.
Não sei quanto tempo se passou e eu me mantive da mesma maneira, deitada e abraçada com um dos meus travesseiros, até ouvir batidas frenéticas na porta e a voz do meu irmão do outro lado.
— Tata, abre aqui — Ele insistia. — Eu não 'tô' mais bravo com você. Abre aqui, abre. — prendi minha respiração. — Eu preciso saber o que você tem, foi até no hospital sozinha. — Minhas vistas embaçaram mais uma vez, devido o choro que se entalou em minha garganta.
Pressionei meu rosto no travesseiro e voltei a chorar compulsivamente.
Eu odiava mentir. Odiava a situação. Odiava a internet.
As vantagens de se ter o sono pesado são que dormi e as demais batidas frenéticas na porta não me incomodaram.
Acordei pela madrugada com fome, sede e vontade de ir ao banheiro.
Destranquei a porta e respirei fundo antes de sair.
Encostei a porta de Júlio que estava entreaberta e segui pelo corredor até a cozinha.
Em cima da mesa, um saco da minha lanchonete favorita despertou ainda mais minha fome.
Enchi um copo de coca-cola e, depois de esquentar os dois lanches no microondas, os devorei rapidamente.
Eu nunca comi dois lanches assim.
Segurei minha cabeça com as mãos.
Eu não deveria ter comido assim.
Engoli seco.
Justo quando preciso perder peso, como igual louca.
Puxei meus cabelos, totalmente desesperada.
O que eu faço?
Senti algumas lágrimas molharem minha bochecha.
Pensei em uma solução idiota, mas que parecia eficaz.
Voltei para meu quarto e entrei no banheiro do mesmo, me abaixei próxima ao vaso sanitário e levei um dedo para dentro da boca, forçando o vômito.

Entrelaçados - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora