Entrelaçados - Livro II

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x Maristella x

Depois de toda nojeira que fiz, me senti menos culpada. Tomei banho, me troquei e voltei a deitar.
Encarei meu celular desligado e suspirei imaginando o inferno que minhas redes sociais devem estar.
Liguei a televisão, procurando um filme que fosse do meu interesse no catálogo da Netflix.
Escolhi uma animação da Disney, mas não prestei muita atenção. Minha mente pesava por ter abandonado um trabalho.
Suspirei alto.
Agora já foi.
(•••)
Amanda, meu pai e Júlio estavam sentados no sofá e me olharam curiosos quando passei por eles indo até a cozinha para tomar meu café.
Enchi minha xícara e peguei meio pão com manteiga.
Iria começar uma nova reeducação alimentar.
— Tata — Júlio parecia cauteloso. — 'Tá' tudo bem?
Balancei a cabeça positivamente.
— O que aconteceu ontem? — Amanda perguntou curiosa.
— Você foi até o hospital sozinha, filha. Deveria ter me ligado.
Suspirei sem ainda os encarar.
Engoli a vontade de chorar.
Eu não queria mentir.
— Foi só uma crise de enxaqueca — minha voz saiu mais baixa do que eu podia imaginar.
Puxei o ar, sentindo dor na minha caixa torácica, devido a força que fiz na madrugada para vomitar.
— Eu não queria incomodar — minha voz continuou baixa.
— Não fui trabalhar, Tata — Júlio te aproximou. — Você sabia, eu 'tava' ali no Léo, devia ter me chamado pra ir contigo.
— Já passou, 'tô' bem agora. — Os olhei e sorri sem graça.
Evitei encarar meu pai, ele descobriria rapidamente que eu estou mentindo.
— Eu te amo, desculpa por ter brigado contigo. — Júlio me abraçou.
Ele deve estar se sentindo culpado, mal sabe que a culpa maior é minha.
Fechei meus olhos, não queria chorar na frente deles ou teria de contar o por que de estar assim, e aspirei seu cheiro.
— Eu te amo, me desculpa também. — Beijei seu rosto.
— Preciso ir, mas, qualquer coisa, me liga. — Papai se aproximou e fez parte do nosso abraço.
Quando eles se foram, Amanda cruzou os braços, me encarando, e eu desviei meus olhos para o microondas.
— Tem algo pra me contar? — Minha prima foi cautelosa.
— Não — neguei com a cabeça.
— Tudo bem — ela suspirou.