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x Luan x

Mais tarde, recuperado de uma crise de ansiedade, de acordo com minha irmã, que não era médica, nem nada, mas vivia confiando nesses diagnósticos do Google, resolvi sair para caminhar.
Como se não bastasse os três meses confinado, cheguei em Campo Grande e não sai pra nada.
Fui pessoalmente agradecer seu Jurandir, que ficou honrado com a minha presença ali e até me tietou. E ele não foi único, para minha surpresa, algumas pessoas, que residem no mesmo bairro que eu, pediram fotos e, mesmo que achando aquilo tudo muito novo, prontamente atendi.
— Mas não é que temos uma estrela no bairro — Marquinhos chamou minha atenção.
— Pô, irmão, que saudades. — O cumprimentei do nosso jeito, um toque que criamos quando tínhamos cinco anos de idade.
— Bora lá em casa, minha mãe 'tá' louca pra te ver.
O acompanhei e ele aproveitou para me fazer algumas perguntas sobre o tempo que passei longe.
— É, cachorro, 'cê' acha que 'nois' não viu o que 'cê' aprontou, né? — bateu em meu braço. — E aquela regra lá que criamos, na época dos rolês?
"Não protagonizar filmes pornô."
É, quando se mora em um bairro, consideravelmente, pequeno, precisa-se de regras para não cair na boca das vizinhas fofoqueiras.
— Aconteceu — cocei minha nuca e soltei um suspiro.
— Imagino, boi — ele riu. — só que você deu uma vacilada.
— 'Cê' acompanhou o programa inteiro, em, cara? — Acabei rindo junto dele.
— Não é sempre que se tem um amigo global. — deu os ombros.
Chegamos em sua casa e eu o segui para dentro. Tia Tathi estava na sala, concentrada no programa de gastronomia.
— Ai mãe, achei um ex BBIB perdido, perto da casa do Ricardinho.
Ela se levantou e veio me abraçar, sorri com seu afeto. Senti falta disso.
— Conta pra tia, como foi tudo lá?
— Louco! — Exclamei — Vivi experiências que jamais imaginei, lá é tudo muito intenso, parece que fiquei um ano longe de casa.
— Eu imagino, filho. — Fez uma pausa — E a moça que você se envolveu?
— Mãe! — Marcos a repreendeu.
— 'Tá' me ignorando — baguncei meus cabelos. — Não quer saber de mim mais, não. — fiz careta. — Ainda, pra acabar com meu juízo, fez uma sessões de fotos que... — Suspirei alto.

— Eu vi no fofocalizando agora de tarde — apontou para TV. — Ela é muito bonita.
— Ela é linda, tia — sorri de lado. — e incrível também. — Me recordei daqueles olhos pequenos, quase fechados, enquanto Maristella sorria. — nunca senti, vivi, algo tão intenso, tão bom, quanto senti com ela.
— Apaixonou! — Marcos exclamou e eu assenti, soltando meu trigésimo suspiro do dia.
— Completamente louco por ela, boi.

Entrelaçados - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora