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Christopher

Dulce deixou um bilhete muito fofo para mim antes de ir trabalhar. Mas eu acabei ficando só um pouco e fui para o cais, onde o projeto para limpar a costa estava acontecendo.

Muitas pessoas estavam ali, inclusive o meu irmão, que em seu barco corria de um lado para o outro dando ordem para os marinheiros se apressarem. Parecia que ele estava aflito.
Eu subi no barco e fui até ele.

— Alfonso? O que está acontecendo? — perguntei.

— Christopher! — colocou as duas mãos em meus ombros. — Christopher... — ficou em silêncio, me olhando como se não soubesse o que dizer.

— O que diabos está acontecendo? — repeti a pergunta.

— Eu não sei como dizer, vou deixar que você ouça. Venha comigo. — ele me levou até a sua cabine e foi até o painel. — Ouve essa gravação.

— "Eu preciso de ajuda!! — era a voz da Dulce. — O Albert... ele... ele tentou me machucar... — ela chorava soluçando. — Eu tentei me defender e nós caímos na água! Eu consegui voltar para a lancha, mas ele não... estava cheio de tubarões aqui... meu Deus... — eu fiquei em choque. — Por favor... me ajudem..."

— Mas que p/orra...? — a preocupação invadiu meu peito e eu só conseguia pensar em ir até ela, abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem.

— Creio que você vai querer ir comigo. — Alfonso disse.

— Sim!

Ele conseguiu rastrear a localização da lancha onde Dulce estava e nós fomos o mais rápido possível.
Quando chegamos, eu a vi enrolada numa toalha, toda encolhida em um canto. Corri até ela e a abracei. Ela tremia e estava gelada.

— Tudo bem, eu estou aqui. — falei acariciando seus cabelos. — Ele não te machucou, não é?

— Não, eu consegui me defender.

— Ainda bem. — eu beijei todo o seu rosto e continuei a abraçando.

— Dulce? — Alfonso a chamou. — O que aconteceu aqui?

— Ela já disse, Alfonso! Albert tentou machuca-la! — falei.

— Não parece o tipo de coisa que o Albert faria... — o olhei incrédulo.

— Mas atirar alguém aos tubarões é o tipo de coisa que a Dulce faria? — Dulce se encolheu ainda mais dentro de mim. — Olha o estado dela!

— Ok, eu não farei mais nenhuma pergunta.

— Capitão! — um dos marinheiros o chamou. — Olha o que eu achei! — da água, ele tirou uma mão ensanguentada e eu tive vontade de vomitar ao ver aquilo.

— Meu Deus... guarda isso num saco de gelo! — o marinheiro correu de volta para o barco de Alfonso. — Céus... tem restos mortais por toda a superfície da água... — colocou a mão sobre a boca, mostrando estar enjoado. — Vou mandar meus homens coletarem tudo o que conseguirem, afinal, não se sabe o que a família vai querer fazer.

— Desculpa... me desculpa... ele disse coisas horríveis, tentou me tocar... eu não tinha o que fazer... — Dulce começou a chorar.

— Você não tem culpa de nada. Ninguém podia imaginar que o Albert era doente nesse ponto... eu sinto muito que você tenha passado por algo assim. — eu disse.

Dulce ficou abraçada comigo o tempo todo, enquanto os homens de Alfonso coletavam os restos que encontravam e guardavam tudo numa caixa de gelo.

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