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Dulce

Sentei numa rocha que estava sendo banhada pelas ondas e observei bem todo o horizonte. Eu me sentia abalada emocionalmente e culpada por todas as mudanças emocionais que não afetavam só a mim, mas também as pessoas que eu amava.

— Eu nem preciso dizer o quanto estou me sentindo mal, não é? — comecei. — Não consigo entender o que está acontecendo comigo, parece que tem um milhão de coisas
explodindo ao mesmo tempo dentro do meu peito. Tem horas que eu fico muito irritada, em outros momentos, eu tenho vontade de chorar por qualquer coisa! Será que há algo de sereia em mim? — fiquei quieta e não ouvi nada além do barulho das ondas. — Eu queria tanto que Você pudesse me responder.. — eu disse com a voz embargada.

Abracei meus joelhos e comecei a chorar. Não poder ouvi-La parecia frustrante agora, por mais que já tivessem se passado algumas semanas desde que A deixei.

Uma onda mais forte bateu, molhando todo o meu corpo e quando a água baixou, uma pequena estrela marinha ficou presa em minha barriga. Ainda era um filhote. Eu a peguei com delicadeza e abaixei minha mão até o mar, pra que voltasse para casa.

— Tchau, bebê. — falei ao soltá-la. — Hum... bebê... — analisei aquele estranho acontecimento por alguns segundos. — Bebê! — fiquei boquiaberta. — Você fez o que estou pensando? — fiquei de pé na rocha, um pouco atônita. — Eu vou... eu estou... vou ser mãe? — minhas mãos ficaram trêmulas e eu senti a emoção me invadir. — Meu Deus! Meu Deus!

Eu corri de volta para a praia, em direção onde os outros estavam. Fui o mais depressa que pude, com o rosto molhado de lágrimas que pareciam não ter fim.

Apenas Christopher, Christian e Alfonso estava na barraca e os três me olharam com estranheza quando me aproximei correndo. Eu parei ofegante, apoiando as mãos no joelho.

— Amor? Tudo bem? — Christopher colocou a mão em meu ombro.

— Eu estou... Eu... — ainda estava muito sem fôlego.

— Respira. — Christian disse, me entregando uma garrafa de água.

— O que aconteceu? — Alfonso perguntou.

— A Água... Ela... a estrela... eu... — no meio de toda a minha respiração entrecortada, eu comecei a chorar, o que dificultou mais ainda a minha fala. Os três ficaram ao meu redor, com expressões preocupadas.

— Dulce, olha pra mim. — Christopher segurou meu rosto. — Devagar, fala o que você quer dizer.

— Eu... — tomei fôlego. — Estou grávida! — falei finalmente. Christopher ficou estático, sem nem piscar.

— Eita... — Christian indagou. — Fez um teste de gravidez no mar ou o que?

— A Água meio que me contou. Eu falei com Ela e uma estrela do mar filhote ficou presa na minha barriga depois que uma onda bateu em mim. — expliquei.

— Tem certeza que não pode ser outra coisa? — Alfonso perguntou. — Coincidência?

— Isso explicaria o porquê das minhas mudanças de humor repentinas.

— Christopher? — Alfonso acenou com a mão na frente do rosto dele, que continuava parado, sem alterar nenhum pouco da sua expressão. — Você tem que levar a sua esposa numa farmácia pra ela fazer um teste.

— Alô? Terra para Christopher! — Christian disse um pouco mais alto.

— Er... eu... — Christopher gaguejou. — Tá... — ainda um pouco atordoado, ele vestiu sua camiseta, pegou as chaves do carro e acenou positivamente com a cabeça para mim.

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