O relógio marcava 3:12 da manhã. De novo.
Não sabia o que por quê ou como, mas já faziam-se dias que eu acordava nesse horário e a sensação era horrível. Aparentemente eu era a única acordada. Jeremy dormia feito uma criança do meu lado.
Suspirei frustrada.
Deveria ver um médico com urgência.
Com mau humor, me sentei rapidamente na cama e fui até a cozinha. O caminhar era silencioso, mas como era perto, de nada adiantava acender as luzes. Já sabia o caminho décor.
Sei que é uma ótima cena para um filme de terror. Acreditem, amo esses tipos de filme, mas nunca acreditei em nada dessa baboseira. Era apenas um bom passatempo.
Talvez seja por isso que aconteceu o que aconteceu.
Talvez seja por eu nunca ter acreditado e por conta disso, Deus quis me lembrar que o mal existe.
Talvez seja apenas o mal zombando da minha cara.
Tantos "talvez", contudo, a única certeza é que tudo que aconteceu após a minha ida a cozinha foi algo que até hoje não consigo explicar.
Assim que tomei toda água do meu copo, um barulho no quarto de hóspedes me despertou. Sim, como em qualquer filme de terror, a última ideia é ir lá, principalmente sozinha. E eu não fui. A casa é de madeira, estalos e barulhos são algo que acontece constantemente. Pelo menos, eu achava.
No quarto, meu marido continuava pleno em seu mundo de sonhos. A inveja foi algo que me abraçou de forma forte. Como eu gostaria de estar dormindo. Só não conseguia.
Deitando-me novamente na cama, encaro o teto e solto um leve suspiro.
– Merda de insônia. – Sussurro comigo mesma, mas minha atenção é tomada novamente quando ouço o mesmo barulho vindo do quarto de hóspedes. Dessa vez mais alto. Me sentei rapidamente e automaticamente me virei para o relógio. 3:12. – Impossível.
Pelo menos alguns minutos deveriam ter passado, não?
Engoli o seco e olhei Jeremy. Ainda dormindo. Será que eu estava sonhando ou o sono dele era tão pesado assim?
No momento que o barulho ocorreu pela terceira vez, me encolhi automaticamente e soltei um leve grito. Meu Deus, eu estava enlouquecendo!
– Jeremy! – O cutuquei excessivamente, mas nada fez com que ele se movesse. Nem mesmo um rosnado de raiva por tentá-lo acordar. – Jeremy, por favor! Acho que tem algo no quarto de hóspedes!
Olhei para porta e senti todo meu corpo tremer, vibrando a cada pensamento ruim. Eu estava vivendo um filme de terror ruim. Um filme em que eu nunca quis fazer parte. Nunca quis, mas fiz.
Desde aquela noite, eu fiz. Meu Deus. Será que tudo isso é resultado daquele maldito jogo!? Já se passou 15 anos! Não faz sentido.
– Calma, Mary, você está começando a enlouquecer. – Sussurrei para mim mesma, sentindo minhas mãos suarem frio e meu corpo vibrar constantemente. – Era apenas um jogo e eu era jovem, burra e ingênua.
Olhei para o relógio. Desligado.
Era um relógio digital, talvez tenha acabado a pilha.
– Sim, isso. Talvez seja só a pilha! – Afirmei em alto em bom som, para que me acalmasse.
– Ou talvez seu tempo tenha acabado, Maryanne. - Jeremy sussurrou ao meu lado e assim que ouvi meu nome inteiro, meu corpo congelou. Somente uma pessoa me chamou pelo nome inteiro. Ele havia morrido depois que jogamos.
Max.
Voz de Jeremy estava rouca, talvez eu estava vendo coisas.
Virei minha cabeça vagarosamente para o lado do meu marido, mas nada.
Sim, eu estava vendo e ouvindo coisa. Tenho que ver um psiquiatra com urgência.
Outro barulho. Olhei para a porta e soltei um leve grito. O barulho parecia estar se aproximando.
– Tic, toc, tic, toc. – Jeremy sussurrou novamente e eu o encarei. Nem se mexeu. O som não parecia vir dele e eu estava assustada demais para sair daqui.
– Max, é você? – Sussurrei, sentindo minha frase sair trêmula. Não queria ouvir a resposta, mas no momento em que estava, tudo parecia aceitável.
– Maryanne...
A voz. Não era de Jeremy. E seu sussurrou estava tão perto de meu ouvido que se eu me virasse, tinha certeza que o veria.
– Max, eu não sei o que você quer!
– Tic, toc, tic, toc. - Respondeu quase que na mesma hora.
– Max, o que você quer!
A risada. Nunca esqueci sua risada. Foi a última coisa que eu ouvi após sua morte.
– Jeremy não soube jogar... – Sussurrou em meu ouvido. Jer? Como assim? Ele não estava no dia! Eu o conheci depois.
– Do que você está falando!?
– Tic, toc, tic, toc. – Revoltada, virei-me para o lado de Jeremy e me arrependi logo em seguida ao ver que o mesmo não só estava sentado na cama, como tinha um sorriso absurdamente grande. O mesmo sorriso no rosto de Max quando ele morreu. Meu corpo inteiro congelou. – Verdade ou desafio, Maryanne?
Não!
– Sua vez, Maryanne...
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𝕮𝖔𝖓𝖙𝖔𝖘 𝖉𝖆 𝕸𝖊𝖎𝖆-𝕹𝖔𝖎𝖙𝖊
Short StoryAqui terão diferentes histórias de terror, suspense, drama com diferentes jeitos de abordagem. Espero que gostem. Cada capítulo é um conto diferente. 🥇- Contos no Concurso Golden Book; •AVISO• Algumas delas pode envolver gatilhos, então CUIDADO. ...