A Estranha Mensagem

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A noite estava gelada como qualquer outra noite de inverno em Nova Iorque. Nada fora da normalidade. Havia me mudado para os Estados Unidos assim que consegui uma bolsa integral por conta do futsal na faculdade de Nutrição. Por mais que fosse nova no país e, automaticamente, no campus, isso não me impediu de fazer amizades de forma rápida. Acho que isso devo ao esporte.

Semanas se passaram, e morar no próprio campus é algo desconfortável, já que eu e Greta preferíamos ficar sozinhas, quando não estávamos na faculdade. Alugamos, assim, um pequeno apartamento um pouco distante do clima universitário. Eu sei que muitos dariam tudo para morar no campus da faculdade, mas o apartamento ficava há duas quadras da universidade.

Não deveria existir algum perigo, deveria? Eu não achei que pudesse, até aquilo acontecer.

Durante as férias, Greta saía para concluir sua corrida matinal, a qual eu não compreendia por ser sedentária e preferir dormir. Contudo, para ser sincera, quando lembro hoje em dia, não só fazia sentido, como pode ter sido um fator a favor do horror que aconteceu aquela noite.

Eu, por outro lado, como o time de futsal estava em recesso, costumava mexer no computador, navegando pelas redes sócias, lendo livros e conversando com amigos em comum.

Gostava de me distrair pela manhã e sabia que depois da corrida, Greta ia trabalhar na panificadora perto do apartamento, então era costume ficar sozinha.

Não se sinta mal por mim. Eu gostava.

Sempre fui esse tipo de pessoa, por mais que cheia de amigos, sempre isolada internamente. Greta costumava afirmar que eu deveria me abrir mais e parar de ser um "porco-espinho". Engraçado, talvez não. Mas fazia com que eu pensasse sobre.

Em um dos dias em que Greta não estava em casa e já estava tarde e chovendo, havia tomado banho e me trocado rápido para que eu pudesse começar a vídeo chamada pelo Skype com as meninas do futsal.

Estava ansiosa, com toda certeza.

Assim que liguei a webcam, um grupo de meninas se juntaram em diferentes janelas do aplicativo. Cada uma com expressão e fundos diferentes. Rindo de piadas, que antes achavam em engraçadas, mas que poderiam ter me poupado do trauma.

No meio de tantas conversas e fofocas, comecei a notar que algumas meninas começaram a olhar fixamente para a tela com uma expressão assustada. Não sabia se era para mim ou para outra menina.

– O que foi? – Perguntei, mas não houve resposta.

Poderia ter travado a ligação. Era comum isso acontecer em dias chuvosos.

Peguei meu celular e abri no grupo de futsal, esperando alguma coisa.

"Vocês travaram?"

Nenhuma resposta ou visualização.

Estranho.

"Olá, Camille"

Uma nova mensagem surgiu pelo IMessage, fazendo com que o barulho da notificação escoasse pela casa silenciosa. Meu coração vibrou com os sustos.

Número desconhecido.

"Quem é?"

"Um amigo." – A resposta veio tão rápida quanto a minha vontade de morrer, já que havia assistidos inúmeros filmes de terror referente a tecnologia.

Meu coração começou parou por completo quando recebi uma mensagem do grupo do futsal.

"TEM ALGUEM ATRÁS DE VOCÊ! ESTÁ NA COZINHA!"

Saltei e olhei para trás, mas nada. A casa permanecia em silêncio.

Peguei uma tesoura de costura que estava na mesa de Greta e corri para meu quarto, o qual tranquei a porta. Voei para o outro lado da cama e abri a porta do armário, me fechando ali dentro. Não tinha para onde ou como fugir. Peguei meu celular para abrir no grupo e comecei a pedir socorro, mas de nada adiantava. As mensagens não chegavam.

Por Deus, por que isso estava acontecendo comigo?

"Vai fugir de mim, Camille?" A mensagem chegou, fazendo com que meu celular soltasse outro barulho alto. Coloquei rápido o celular no silencioso me xingando de todos os palavrões possíveis. Eu sentia as lágrimas descerem do meu rosto e se juntarem com as gotas de suor. Minhas mãos trêmulas quase não conseguiam segurar a tesoura e o celular.

" O que você quer?"

Digitei com extrema dificuldade.

"Brincar... Prometo ser rápido ;)"

Coloquei a mão que segurava a tesoura em minha boca para abafar o choro que era inevitável.

O que estava acontecendo? Por que eu?

Assim que ouvi a maçaneta girar e a porta abrir, gelei.

Eu havia trancado a porta, como ele conseguiu abriu?

"Terei que ir aí, Camillinha?"

Eu não conseguia responder. O terror era ensurdecedor. Nunca fui uma pessoa que temesse a morte, mas naquele momento eu queria fugir. E então ouvi seus passos leves se aproximando vagarosamente, como se estivesse gostando do pânico que me causava. No momento em que os pés pararam em frente a porta do armário, eu vi a sombra do tênis.

A porta se abriu, revelando uma pessoa com máscara e vestimenta preta. Assim que ele me agarrou, consegui fazer rasgar sua máscara e seu rosto com a tesoura, ganhando tempo para fugir e chamar a polícia.

– Então você conseguiu fugir, Camille? – Perguntou a jovem enfermeira Kate, interessada na minha história. Eu apenas sorri.

Era, de fato, uma excelente história.

– Vamos, Kate! Temos mais pacientes para tratar.

Kate saiu as pressas, seguindo a enfermeira mais velha, a qual me encarava com desdém. Ela sabia. Todos sabiam, então a jovem Kate logo teria conhecimento.


***


– Nossa, Georgina... – Suspirou Kate ao sair da sala. – Camille é uma sobrevivente! Por que está presa em um lugar como este? Deveria estar dando palestras!

– Camille? – Riu Georgina de maneira irônica, encarando a prancheta com novos pacientes. – O nome dela é Greta. 

𝕮𝖔𝖓𝖙𝖔𝖘 𝖉𝖆 𝕸𝖊𝖎𝖆-𝕹𝖔𝖎𝖙𝖊Onde histórias criam vida. Descubra agora