Ela era estranha e isso era um fato.
Não digo de aparência, pois nisso somos todos parecidos.
Aquela famosa frase "ninguém é igual que ninguém" ou "todo mundo é único" como costumam dizer frequentemente, faz com que eu fique com ideias na cabeça para início de conversa. Ideias que, nesse mundo, se tornariam crimes, mas no meu mundo seria visto como um ato de normalidade ou até merecimento da glória eterna.
Esse é o problema de navegar entre dimensões. Sempre quis. Sempre me disseram que esse planeta era igual ao nosso só que as pessoas eram legais e bondosas, em resumo, chatas e hipócritas. Em partes, estavam certos. Toda essa máscara é algo que se torna irritante com o passar do tempo, mas havia outras coisas que tornavam esse mundo divertido, que fazia tudo isso valer a pena.
Tudo que eu passei. Cada parte do meu plano.
Amália. Oh, Amália. Pobrezinha, como diriam os mais crentes, que Deus a tenha.
Sorri com a ideia. A imagem dela em cima da Pedra dos Sacrifícios. Os olhos gritando e implorando um por que. Ora, porque eu queria, sua bestinha.
Simples.
Contudo, não se enganem. Eu queria porque é divertido mexer com a sanidade das pessoas, com a vida delas. Não queria ser ela porque esse mundo é melhor que o meu.
Credo.
Esse mundo é patético e eu vim provar que os humanos, dando um certo cenário e circunstância vai fazer algo igual ou pior ao que já fiz.
Pessoas ingênuas. Isso era a única coisa que fez com que eu continuasse com o plano.
Qual é o plano, Andie? Matar Amália? O que ela te fez?
Ai, como vocês são chatos com as suas perguntas mentais incessantes. Sempre querendo saber o porquê de tudo. Fiz tudo isso porque ela, acima de todos, era a mais ingênua e, é claro, igual a mim.
Minha dimensão é uma "Terra" paralela a sua, mais divertida, com menos cores. Uma terra com mais graça, com toda certeza. Mas chegou um momento que eu quis mais.
Sempre quero mais.
E então ouvi sobre o Portal e logo em seguida, Amália. Linda, como eu. Patética como o resto de vocês. Ela estava perto do ponto de ônibus, trocando algo com alguém. Que pó era aquele? Não sei, porém a tornou mais burra, ou seja, mais fácil minha aproximação.
Conversamos.
Ela ria e achava que eu era parte de sua "alucinação".
Ri com a ideia.
Tenho certeza de que quando a levei para o meu mundo, ela desejou ser.
E, depois de todo esse esforço, aqui estou. Sentada a mesa da senhora patética que Amália chamou de mãe. Thomas encontrou a carta que ela fez. Eu ri quando li. "Não repita as palavras".
Oras, Amália. Que grosseria! Pensava que éramos amigas....
Sua mãe está em minha frente agora, sabia. Cozinhando. Disse que já viria jogar comigo. Um jogo que aprendi com um dos meus amigos na faculdade. Ou sua faculdade, como deveria ser.
Um jogo de palavras.
Não se preocupe, Amália. Sua mãe irá te encontrar logo.
De sua,
Andie.

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𝕮𝖔𝖓𝖙𝖔𝖘 𝖉𝖆 𝕸𝖊𝖎𝖆-𝕹𝖔𝖎𝖙𝖊
Cerita PendekAqui terão diferentes histórias de terror, suspense, drama com diferentes jeitos de abordagem. Espero que gostem. Cada capítulo é um conto diferente. 🥇- Contos no Concurso Golden Book; •AVISO• Algumas delas pode envolver gatilhos, então CUIDADO. ...