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AMÉLIA.

Acordei sob a luz suave que filtrava pela janela, trazendo consigo a doce melodia dos pássaros que entoavam uma canção matinal. O cenário era deslumbrante, e por um instante, senti-me livre, capaz de contemplar a beleza que a natureza oferecia.

— Estás pronta, querida? — Jane se aproximou, seu tom de voz era suave e encorajador.

— Estou, sim. — Respirei fundo, tentando acalmar a inquietação que me invadia.

— Tem certeza de que deseja fazer isso?

— Este é o único caminho que tenho para recuperar minhas memórias, Jane. — Sorria enquanto segurava suas mãos, sentindo a força do apoio dela.

— Que tudo dê certo!

— Assim espero. — Enlaçamo-nos docemente, compartilhando um momento de esperança mútua.

— Tenham cuidado! — exclamou Leopoldo, seu olhar era de preocupação paternal.

— Pode deixar, pai. — Kurt respondeu, inclinando-se para lhe dar um beijo na testa. — Logo estaremos de volta para casa!

— Se cuidem! — Leopoldo reiterou, e partimos.

Durante todo o trajeto, Kurt e eu conversamos, e foi extremamente agradável conhecer mais sobre essa família tão gentil. Logo, chegamos ao destino.

— Chegamos! — anunciou Kurt, estacionando em frente a uma clínica. Respirei fundo, reunindo coragem, antes de nos dirigirmos para dentro.

— Bom dia! — A recepcionista nos recebeu com um sorriso caloroso. — Entrem, por favor, e fiquem à vontade.

— Obrigada. — Respondi, sentindo um misto de nervosismo e expectativa enquanto entrava.

Kurt e a moça trocaram algumas palavras, até que ela se virou para mim.

— Seja bem-vinda, Amélia. — Ela me abraçou com ternura, e eu apenas sorri, grata pela acolhida. — Kurt me falou sobre sua situação, e sinto muito por tudo o que você está passando.

— Obrigada.

— Desejam tomar ou comer algo antes de começarmos?

— Estou bem assim, obrigada. — Kurt respondeu, e eu apenas afirmei com a cabeça.

— Ótimo! Kurt, pode nos dar licença, por gentileza?

— Eu quero que fique! — Ele se levantou, mas eu toquei suavemente seu braço.

— Eu não vou a lugar nenhum! — Ele se sentou novamente, sorrindo de forma tranquilizadora.

— Muito bem, então vamos começar. Amélia, pode se sentar naquele sofá, por favor? — Apontou, e eu assenti, dirigindo-me até o local indicado.

Morgan começou a me fazer algumas perguntas, depois me pediu para fechar os olhos. Aquilo estava sendo extremamente difícil, e, por mais que me esforçasse, as memórias continuavam evasivas.

— Obrigada, Amélia. Por hoje é só! — Ela encerrou a sessão, levantando-se. — Kurt, posso falar com você?

— Claro, eu já volto. — Ele saiu apressado.

— O que houve? — As expressões deles pareciam indicar algo grave, e isso me deixou inquieta.

— Seu estado é ainda mais crítico do que eu imaginava, Amélia. Há uma possibilidade de que suas memórias nunca voltem. — Aquela informação foi um golpe duro no meu estômago.

— Tem certeza? — Perguntei, confusa e angustiada. — Não há nada que possa ser feito?

— Certeza eu não tenho, mas essa possibilidade é real. — Sua voz era firme, mas cheia de compaixão. — No entanto, não se preocupe, Amélia. — Ela começou a anotar em um bloquinho. — Vou lhe prescrever alguns medicamentos que podem ajudar e sugerir que faça exercícios físicos, como ioga e meditação. Reserve um tempo para ler alguns livros; isso pode ser muito benéfico para você.

— Assim, poderemos voltar a cada duas semanas e continuar seu tratamento com a Morgan. — Segurei as lágrimas que ameaçavam brotar e apenas afirmei com a cabeça.

— Foi um prazer conhecê-la. — Ela esboçou um sorriso. — Voltem quando quiserem!

— Obrigada.

— Me desculpe, Amélia. Eu achei que poderia ajudá-la, mas parece que falhei. — Kurt disse, frustrado, quando saímos do elevador e caminhamos pelas ruas da cidade.

— Kurt, não! A culpa não foi sua! Você apenas quis me ajudar. — Falei, tentando confortá-lo. — Morgan é uma mulher muito simpática. — Comentei, quebrando o silêncio. — Inteligente e bastante atraente.

— Sim, ela é. — Ele sorriu levemente.

— Notei o jeito como ela te olhava; parecia interessada.

— Não, é que Morgan já foi minha namorada. — Ele desviou os olhos da estrada e me encarou. — Mas isso foi há muito tempo; éramos apenas adolescentes na época. — Ele se explicou.

— Entendo. É uma pena; vocês formariam um belo casal.

— Aí estão vocês! — Jane exclamou ao nos ver. — Como foi, Amélia?

— Péssimo. — Respondi, com um misto de tristeza e frustração.

— É apenas uma questão de tempo! Não se preocupe com isso. — Disse com firmeza. — Vamos almoçar?

— Podem ir na frente; preciso tomar um banho.

— Não quer que te esperemos, filho?

— Não precisa, mãe.

— Ok, venha, Amélia.

Após o almoço, dirigi-me ao quarto, onde apliquei pomadas nos meus ferimentos e percebi que estavam cicatrizando. Uma sensação de esperança começou a brotar dentro de mim, mesmo em meio a tanta incerteza.

( Livro 02) Feita Pra Mim ! - Concluído.Onde histórias criam vida. Descubra agora