Prólogo

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20 de Dezembro de 2014.

Ouço os passos suaves contra o chão de madeira segundos antes de vê-lo. O garoto não é muito mais velho do que eu era quando vi sua mãe pela última vez. Ele me encara com um olhar ansioso, o que diz muito sobre o nervosismo que sente. Eu bem sei que Louis foi criado para não demonstrar seus sentimentos. Sem hesitar, entra em minha sala e aperta minha mão vigorosamente.

— Senhor Miller, é um prazer finalmente conhecê-lo, sou um grande fã de seu trabalho. — ele cumprimenta.

— Oras, se não é Louis Alfred Richards Bourbon, príncipe de Greenderfield e herdeiro do trono. É uma honra recebê-lo em minha casa, Alteza. — devolvo a gentileza — Sente-se, sente-se. Se me permite, o que o traz para tão longe de casa?

Mais exatamente há 19 horas de viagem aérea. Eu espero que ele se acomode na poltrona de couro e me sirvo de uma dose dupla de uísque.

Que seja apenas uma visita de um príncipe para seu rockstar preferido. Torço silenciosamente, mas ainda assim me permito observá-lo. Os cabelos castanho claros são exatamente como os dela.

— Como eu mencionei no e-mail semana passada, sou um fã e ouvinte assíduo de sua banda, senhor Miller. E também... — ele faz uma pausa e eu me preparo para o que está por vir. — E também existe uma história que ninguém nunca me explicou direito, sobre o senhor e minha mãe. Eu li tudo sobre vocês, eram melhores amigos, não eram? Em algumas revistas de fofoca diziam até mesmo que...

— E você acredita em tudo o que lê? — faço minha melhor pose relaxada ao colocar os pés em cima da escrivaninha, as costas contra o couro macio da poltrona, o olhar perdido no copo quase vazio em minhas mãos. Levanto o olhar para Louis.

— Você saiu de Greenderfield logo depois que tudo aconteceu e nunca mais voltou. Eu sempre esperei que em pelo menos uma de suas turnês o senhor fosse visitar seu país, mas nunca aconteceu, então eu vim.

— Greenderfield não é meu país há muitos anos, Alteza.

— Qual era de verdade sua relação com minha mãe, Senhor Miller? E o que realmente aconteceu naquele dia?

Merda.

Justamente as lembranças que eu tento sufocar. Não quero lembrar que há muito, muito tempo, em um país distante, um garoto órfão que amava música se apaixonou por uma linda duquesa.

Sorrisos QuebradosOnde histórias criam vida. Descubra agora