Quatro

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Seis meses se passaram voando e eu deixei de ser professor de piano assim que fiz dezoito anos. Vivemos entre um e outro beijo roubado e o costumeiro falatório de Genna, transformando qualquer conversa em um monólogo. Me impressionava a desenvoltura e perspicácia que ela demonstrava, assim como o sorriso largo sempre em seu rosto. Após o término de nossas aulas, vê-la ficou mais raro. Eu a via nas notícias participando de eventos beneficentes ou participando de trabalhos voluntários em prol da população, mas o tempo foi passando e nos afastamos cada vez mais. Ainda assim, pelo menos uma vez ao mês nós nos falávamos por telefone durante horas.

Lancei meu primeiro álbum e quase surtei junto com os garotos quando ouvi minha música na rádio. Durante os dois anos seguintes, nós viajamos para outros países e pouco a pouco conquistamos nosso lugar no mundo. Pela primeira vez na vida eu sentia que eu tinha um lugar no mundo. A adrenalina de entrar no palco, ouvir as vozes gritando meu nome, fazer música com meus amigos, isso não tinha preço. E eu amava cada segundo.

Aos poucos, com o distanciamento permanente de Genevieve, passei a me relacionar com outras pessoas, embora ninguém de forma permanente. Quando li no jornal sobre seu noivado com o Príncipe Henry, admito que me senti mal e bebi durante uma noite inteira, mas ao longo dos meses isso deixou de me afetar. Eu tinha uma carreira promissora, amigos incríveis e uma porção de garotas bonitas querendo esquentar minha cama em quase todas as noites.

Genna parecia feliz. Eu estava feliz.

Tudo deveria seguir daquela forma. Mais um ano sem se falar.

Eu tinha vinte e um anos quando recebi a carta.

Às vezes me pego pensando em como seria minha vida se nunca a tivesse recebido. Ou se tivesse recusado o convite para tocar naquele casamento.

Mas era a chance de uma vida me apresentar para o Rei e a Rainha de Greenderfield, no casamento de seu filho mais velho. Ainda que ele estivesse se casando com a única garota que eu já tinha amado até aquele momento.

Então eu reuni minha banda e fui. A vi entrar de branco, mais linda do que nunca e cantei com toda a minha alma durante aquele fim de tarde e noite adentro. Porque eu era Timmy Miller, amigo íntimo da Princesa Genevieve. E eu estava feliz por ela. Naquela noite, eu estava disposto a deixá-la ir e já era tarde demais, de qualquer forma.

Era o final feliz que ela merecia.

Sorrisos QuebradosOnde histórias criam vida. Descubra agora