Oito

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Foi só quando eu voltei que soube que Genna tinha tido um filho. Tentei se perguntar sobre o garoto, mas ela nunca me respondeu diretamente. Justificável, já que agora estava sempre acompanhada de Lilian ou outra pessoa próxima ao rei.

As brigas se tornaram mais frequentes conforme o tempo passava, já que eu tinha a sensação de que continuaria sendo apenas o amante para sempre, mas no fundo eu compreendia seus medos e motivos. Seria um verdadeiro escândalo.

Levou mais três anos para que o projeto em que Genevieve trabalhava finalmente saísse.

Sendo completamente sincero, eu a amava, mas estava cansado. Sempre me segurando, sempre me escondendo. Ao ponto que eu só me sentia em casa realmente quando voltava para Los Angeles.

Quando ela anunciou o divórcio, eu realmente pensei que teríamos uma chance de sair dessa juntos.

— Está tudo certo, amanhã eu assino os papéis e nós vamos comemorar. Estou livre, Timmy. 

— E o Louis?

— Vai ser criado no palácio... Henry me prometeu deixá-lo passar as férias de verão comigo. De qualquer forma, eu não vou estar longe, vou comprar uma casa perto do palácio.

— Deve ser difícil para você deixá-lo para trás.

— Você não faz ideia do quanto.

— Tem certeza sobre isso?

— Mesmo se eu não te amasse tanto quanto eu amo, ainda não conseguiria conviver com Henry, Timmy.

Assenti. Beijei seus lábios suavemente antes de me despedir.

— Nos vemos amanhã então?

— Às sete. Não se atrase.

— Tudo bem.

— Amo você, Timmy.

— Amo você, Genna.

Eram oito horas e Genna não tinha aparecido

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Eram oito horas e Genna não tinha aparecido. Eu já tinha quase terminado a segunda garrafa de vinho, preparado para quando ela resolvesse avisar que tinha desistido completamente do divórcio. Eu me mudaria para Los Angeles e seguiria com minha vida, me dedicando ao meu verdadeiro amor, a música.

Oito e meia. O telefone tocou.

— Alô?

— Timothy?

— Lilian, é você?

— Timothy, a Genna... Eu não sei o que aconteceu, eles iriam se divorciar, mas depois da reunião ela entrou num helicóptero e... Eu não sei, parece que houve uma pane elétrica, Timmy.

— Onde ela está?

— Senhor Miller...

— Onde ela está, Lilian?

— Ela não resistiu, Timothy. Genevieve está morta.

 Genevieve está morta

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19 de Março de 1993

O caixão estava lacrado, mas eu ainda via seu rosto pálido pelo vidro. Era real.

Não sei de onde tirei forças para cantar em sua homenagem em seu enterro, mas foi um pedido de Lilian e eu não pude negar. Meu coração doía mais do que eu podia dizer. Lilian chorava ao lado de um Henry impassível, que apenas encarava o caixão com os lábios crispados. Conversei de forma breve com o Duque e a Duquesa, desnorteados por perderem a filha tão nova. Louis estava chorando e gritando pela mãe, de mãos dadas com o pai, mas foi deixado com Lilian quando Henry caminhou em minha direção, ao final do enterro.

— Tem um momento, Senhor Miller?

— Claro.

Ele me levou para dentro de um carro chique, ciente de que cada passo era fiscalizado por milhares de pessoas. Mesmo sendo príncipe, Henry não poderia fazer nada comigo nas próximas horas sem levantar suspeitas.

— Qual era a natureza de seu relacionamento com a minha esposa?

— Nós éramos amigos desde a infância, Alteza. Também lhe ensinei a tocar piano. — mentiras e mais mentiras.

— Então porque tenho a certeza de que ela iria me deixar para se aventurar com um músico de quinta?

— Não faço ideia. — respondi, o encarando em desafio.

— Saia do país. E nunca mais volte, Senhor Miller. Eu não quero ser obrigado a destruir outro helicóptero.

Mas ele o faria se eu o desafiasse. Meu primeiro impulso foi lhe dar o soco que ele merecia. Ao invés disso, apenas abri a porta do carro e voltei ao cemitério, deixando uma rosa vermelha entre tantas outras flores no túmulo de Genevieve. Ela era amada intensamente pelas pessoas de Greenderfield.

— Você está bem? — perguntou Lilian.

— Ele a matou. Sabotou o helicóptero dela e ameaçou fazer o mesmo comigo se eu não sair do país.

— Você vai?

— Ela era a única coisa que me segurava aqui, Lilian.

— Sinto muito. Por tudo. Queria dizer que não acredito que Henry seria capaz disso, mas conheço o homem com quem convivo. Genna era uma boa pessoa e não acho que vou perdoá-lo depois disso.

— Se não for te pedir muito, cuide de Louis. Ele precisa de alguém.

— Eu farei isso. Ele foi levado de volta ao palácio, está sentindo muito a falta da mãe.

— Queria poder ajudar de alguma forma.

— Eu sei.

Ela apertou meu ombro enquanto se afastava. Eu fiquei parado diante a foto em seu túmulo durante várias horas.

— Sinto muito, Genna.

Sorrisos QuebradosOnde histórias criam vida. Descubra agora