Six.

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Uma semana depois...

—Oh, Annie... Você ainda não fez amigos?-Olhava a pequena, sozinha na hora de seu intervalo.

—Não, tia...-A voz fina e fofa de Annie soava cabisbaixa.

—Você tentou fazer amizade com outras crianças?-Ela mexia os bracinhos, me pedindo colo. A pego, e coloco a nas minhas pernas.

—Elas dizem que não querem ser minhas anigas.-Annie falava bem,mas errava muitas palavras.

  Não queria levar a menina para esse lado mais triste de seu psicologico.

—O que você tem de lanche hoje?-Troco de assunto vendo sua lancheira rosa de unicórnio.

—Nanana.-Ela aponta para a banana.—Naçã, uvinhas e suquinho de naranja.-Ela apontava seu pequeno dedo gordinho para as coisas. Ok, ela tinha um problema sério com a letra n.

   Era fofo? Demais, mas eu não podia deixar a pequena falar assim.

—Amor, é assim que se pronuncia...

[•••]

—De novo na direção, Melanie?-Olhava a menina sentada no sofá de espera da sala da diretora Karmell. Me sento ao seu lado.—O que tá acontecendo?

    Era a terceira vez da menina na direção só essa semana. Hoje era terça-feira.

—Amor, ontem você veio duas vezes aqui.-Passo a mão em um fio caído do cabelo de Melanie, e boto atrás de sua orelha.

—Tem algumas meninas que ficam fazendo perguntas impróprias para mim, sobre meu tio. E uns meninos ficam me assediando, professora.-Ela começa e aquilo me choca.—Tirando a metade da sala que sempre me remete ao meu tio.

   O olhar cabisbaixo da minha aluna, o tom de voz triste, tudo aquilo era de partir meu coração. Como professora, meu dever é educar de forma de disciplina, mas ninguém me disse que era minha única obrigação.

—Depois do intervalo nos vemos na sua sala, Melanie

—Mas hoje é terça feira, professora. Você só me da aula segunda feira e quarta!-Ela me olha confusa.

—O professor de sociologia faltou, ficarei no lugar dele.-Ela assente.—Até logo.-Sorrio e vou para a sala dos professores.

[•••]

—Bom dia alunos e alunas, do meu coração.-Entro em sala, pondo meu material na mesa.

—Bom dia, professora.-Escuto em coro.

    Muito bem. Isso foi algo que conversei com meus alunos sobre: Respostas e o silêncio.
    Não quero robôs em sala, mas sempre quero silêncio ao meu falar e respostas ao meu perguntar. Assim, como faço o mesmo com eles. Respeito os mesmos como eles me respeitam.

—Antes de eu começar a falar sobre a continuação da matéria passada, que é Guerra Fria. Quem não veio, pega com o colega...- Falo de um assunto sobre a matéria antes de dizer o que queria.—Mas enfim.- Bato as mãos e cruzo os pés, deitando as costas na lousa branca.

  Os alunos me olhavam em silêncio.

—Eu preciso conversar com vocês.-Começo.— A vida de cada um aqui.-Aponto para alunos diversos e aleatórios que estavam em suas mesas.— Não condiz com a vida de terceiros. Se eu faço tal coisa FORA DA ESCOLA, não condiz com ninguém daqui desde que interfira diretamente na sua vida.-Dou ênfase na palavra e noto que alguém alunos já se encontravam incomodados com a minha fala.— Ouvi murmurinhos sobre vocês,3002. Caramba, vocês estão saindo do ensino médio com a mentalidade lá do ensino infantil?

   Os olhava séria, com o cenho franzido.

—Eu não quero ninguém aqui, apontando sobre a vida de terceiros usando como justificativa para problemas pessoais. Se você não gosta de mim, por exemplo.-Aponto para mim.—É uma particularidade completamente sua! Agora, não use isso contra mim, se eu não te fiz nada. Se você não gosta por não gostar, não gosta de mim por problemas lá fora ou por mera implicância, isso você guarda para você.

Vou até minha mesa e dou um gole na minha garrafa de água.

—Aqui dentro.-Com meu dedo indicador o giro.—Eu sou a professora de vocês, vocês são meus alunos. Apenas. Aqui vocês são colegas de classe, apenas. Lá fora vocês podem ser inimigos, namorados, noivos, cúmplices, infiéis... O que eu quis dizer com tudo isso, é que: Não vá jogar pedras naquele que não te fez nada, não use isso como um preconceito em cima dessa pessoa.

Eles me olham, e vejo exatamente todos os que estavam afetados com aquilo. Semblante emburrecido, cenho franzido, cochicho com o colega de classe ao lado. O de sempre. Encontro o rosto de Melanie, que sorri para mim e sibilos diversos obrigada sem sair o som de sua boca. Pisco para ela e  pego meu livro.

—Bom, lindos e lindas da minha vida.—Como foi a aula passada?-Sorrio e eles começam a falar.

[•••]
  

   Sentada na minha cadeira, via os alunos indo em bora. Uns se despediram de mim, falavam comigo antes e outros iam em bora.

—Professora, obrigada.-Melanie diz quando não tem mais ninguém em sala.

—Não gosto de injustiça, Melanie. Sempre vou lutar pelos direitos de todos.-Falo e noto a amiga ao seu lado.—Fez amizades?

Sorrio para a menina de pele retinta, cabelos crespos, rosto lindo e sorriso reconfortante.

—Olá, professora!-Ela sorri para mim.

—Prazer, professora Atria Scarlatti.-Sorrio, e ela me olha com carinho.

—Eu sou a Zuri.-Ela estende sua mão e eu a aperto.

—Africana, sim?Belo nome-Ela abre um sorriso grande.

—Sim!-Ela se anima.

—Senhoritas...-A voz que conheço bem, soa. Olho para a porta e Harry segurava a pequena Annie com um gatinho nos braços.

—Harry!-Zuri se anima e ele ri. A menina vai até Harry e o abraça.

—Animada para ir na casa de Melanie?- Harry falava com  menina, que a abraça com seu braço desocupado.

—Muito!-Ela diz e Melanie sorri, vibrando de animação.

—Meninas, vão indo.-Harry diz e elas assentem.

—É seu gatinho?-Chego perto deles, Harry pega na minha mão e beija as costas dela. Sorrio.

—Sim! Ti.tia, é o Fleredico!-Rio passando a mão no gato, que mia.

—Bom, Atria...-Harry fala meu nome, me chamando a atenção.

—Sim?

—Annie tem comentado muito sobre você, e eu gostaria de saber se no sábado, você gostaria de passar o dia conosco...-Ele sorri.—Unh, o que acha?

O pai da minha aluna.| H.S [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora