Mare:
Depois de guerras, mortes, a coroação de Cal... Precisava me afastar o quanto antes de tudo e poder pensar, me isolar um tempo por mais breve que fosse. Eu deveria, e queria, focar em mim e no que fazer a partir de agora.
A paz finalmente se mantinha em todos os estados de Norta e nos reinos vizinhos. Poderia ir a qualquer lugar sem ter que me meter em mais uma guerra que mude o destino de todos. Algo me diz para ficar em Palafitas, não no castelo, óbvio, mas sim na minha antiga casa. "Casa". Faz muito tempo não sinto o que tal palavra significa, passei muito tempo, depois que deixei o vilarejo, sem ter um lugar para chamar de lar...
Porém, não me via vivendo aqui sem a assombração do meu passado, que não é tão distante. Amanhã partirei para o mais longe possível. Não contarei a ninguém, não quero que me sigam ou me façam tentar retornar — como Cal talvez faria —.
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Pouco antes de amanhecer, me ponho de pé da cama com a mesma roupa que estava ontem, calça preta, blusa branca e um casaco preto, com botas também. Observo o sol nascer antes de partir. Quando me dou conta do movimento da rua, me pergunto quanto tempo fiquei ali e me apresso para não perder o barco e sumir pelo mar. Ao pisar no píar, sinto a mesma coisa de antes, permanecer em Palafitas.
Minha cabeça precisa de paz, meu coração precisa de algo que não sei ao certo. — Devem ser os laços com meu local de nascença — me convenço. Mas não. Na verdade eu sei exatamente o que me prende, porém, não quero admitir.
Então entro no barco com a esperança de voltar algum dia. De repente, tudo passa pela minha cabeça, meus irmãos indo para a guerra, conhecendo Cal no bar, Maven, o rei sendo morto, Farley, a Guarda Escarlate, até a última batalha que vivi. Olhando para as próprias mãos, consigo vê-las pintadas de prata e vermelho, o cheiro pungente.
Me arrependo e saio do barco o mais rápido que minhas pernas podem correr, com dúvidas do que realmente quero fazer. Decidi adiar minha partida por mais um dia e fui procurar um lugar para tomar meu café da manhã, e talvez, devesse voltar ao meu antigo costume de batedora.
Depois de roubar algumas carteiras pelo caminho, me dirijo a uma peixaria. Eu e Kilorn costumávamos brincar e roubar aqui por perto. Sem notar, lágrimas cheias de dor das lembranças do meu passado, caem lentamente por minhas bochechas e sinto falta de quando tudo era tão simples.
Enquanto me sento na cadeira em frente ao balcão do estabelecimento, limpo minhas lágrimas. Assim que o senhor me olha, me reconhece, não sei se pelo fato de eu ser a garota elétrica ou do passado mesmo. Então o velho homem magro, de barba branca, fina e longa diz com a voz bem baixinha quase falhando:
— Há quanto tempo Marinha! — era como me chamava quando criança par vir comer na peixaria. Faz uma breve pausa e prossegue — Um salmão frito como sempre?
Eu forço um sorriso para retribuir sua gentileza e rezo para ele não perguntar de Kilorn, o que ele não ousou pois me encheria de lágrimas ali mesmo — em muito tempo não dou um sorriso — penso eu. Aceno a cabeça como um sim retirando moedas roubadas e pondo-as no balcão para pagar pela comida. Enquanto preparava, me perguntava: Quando vou me sentir verdadeiramente feliz de novo? Já sabia a resposta, mas não seria capaz de admitir para mim mesma por enquanto.
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Bem vindos a minha história e ao primeiro capítulo dessa fanfic que vai ficar mais interessante, talvez esteja um pouco pequeno, mas vou tentar aumentar o tamanho daqui para frente. Bjs XD
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A História Inacabada
FanfictionMare não sabe o que deve fazer depois de tudo o que passou. Ela precisa se afastar do mundo e de tudo o que ela passou nos últimos anos, mas assuntos inacabados do passado ainda precisam de sua resolução. A história vai trazer à tona o romance inac...