Capitulo 10

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           Evangeline:

Todos saímos do castelo na hora marcada, 17:00 horas da tarde. Estávamos prestes a entrar no carro quando vi Mare ir em direção à cidade. Agarro o seu braço.

— Onde pensa que vai Barrow? Não me diga que é ciúmes — provoco.

— Eu só vou na minha antiga casa, estou esperando uma carta há mais de uma semana. Satisfeita? — Continuo apertando até que ela continua — Volto o quanto antes possível — me convenço e solto seu braço.

Entro no carro observando Mare correr pelas ruas, usava uma grande manta com capuz para se disfarçar em meio à multidão. Estava tão distraída que nem ouvi Elane falar.

— Evie? Você me escutou?

— Me desculpe, estava distraída. O que disse? — falo enquanto tiro meus olhos da janela e direciono para ela.

Ela me chamou a atenção para nossas filhas que estavam desanimadas especialmente hoje, já fazem alguns dias que estão assim, eu e Elane já não sabemos o que fazer. Elas sempre ficavam eufóricas quando saíam do palácio, o que não aconteceu hoje.

Chego um pouco mais perto de Cal, não parava de estalar os dedos e olhar para a janela.

— Nervoso Calore? Mas nem é seu primeiro noivado. — Ele me encara com a cara fechada — não está mais aqui quem falou.

— Acho que se deve ao fato de eu ter tido uma história com Mare, eu achei que ficaríamos juntos de novo. Não queria me casar com outra que não fosse ela, mas infelizmente sou obrigado. Ela deve estar sofrendo.

— Na verdade, você está tão nervoso que nem notou que ela não está aqui — ele olha em volta e assente.

— Sabe onde ela está?

— Foi para casa pegar uma carta que estava esperando, não sei de quem — encerramos o assunto por aí, pois acabamos de chegar no cais.

Os Osanos saem deixando Amy por último. Quando toda a família já está fora, sinto um pressentimento. De que algo ruim estava por vir. Mas ignoro, deve ser só o medo de que ela seja igual a Elara. Todos se cumprimentam e voltamos para o palácio. Todos entram, mas fico do lado de fora esperando por Mare que com poucos minutos chega.

— Todos já estão a caminho da sala do trono, se corrermos poderemos chegar junto com eles — apertamos o passo e conseguimos.

Cal e Amy estavam na frente do trono, à esquerda o Conselho e à direita toda a família convidada. Mare e eu nos juntamos com o resto que estavam bem à frente da porta.

— Nesta manhã eu, Tiberias Calore VII, peço a permissão do patriarca da casa Osanos, para que formemos uma aliança. — Ele concede a bênção e Cal continua se virando para Amy. — Sob o olhar de seu magnífico pai e desta nobre corte, gostaria de pedir sua mão em casamento. Prometo-me a você, Amy Osanos. Aceita?

— Prometo-te a você, rei Tiberias. — Enquanto ensaiavam para o baile que haveria em homenagem ao "casal", não deixo de olhar para Mare. Ela estava muito triste por dentro, a conheço tempo suficiente para dizer, mas disfarçava muito bem sua dor.

Essas palavras trazem um passado terrível e não sou a única acometida desse sentimento.

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           Mare:

A cada palavra dita por Cal e Amy, sinto o meu coração despedaçar e então viro para Evie que já estava olhando para mim, vejo uma certa pena no seu olhar. Não sei como consegui disfarçar meus sentimentos, mas tinha que fazê-lo ou o Conselho mataria aqueles que amo. Pelo menos Julian e as gêmeas estavam salvos, por enquanto. Eu não suporto a ideia de saber o que o futuro reserva a Cal e não poder fazer nada.

Quando todo esse ensaio acaba, Cal manda os novos visitantes para seus devidos aposentos para repousarem. Saio antes de todos e vou bem devagar para meu quarto, mas começo a escutar passos em minha direção. Me viro rapidamente para ver seu rosto, era Cal.

Mare, nós mal conversamos durante sua estadia aqui, me acompanha em um passeio — me estende a mão.

— Sua noiva vai ficar com ciúmes, Majestade. — Não sei como consegui falar sem deixar explícito meu nojo.

— Ela sabe que tudo isso é só por política. Me acompanha? — Dessa vez estende o braço e acabo aceitando.

Durante o percurso comentamos sobre coisas que aconteceram em nossas vidas enquanto estávamos longe um do outro. Deixei seu calor me envolver, queria senti-lo antes de se comprometer de vez com Amy. Não podia deixá-lo. Eu estava muito triste com todo o ocorrido e uma lágrima acaba escapando. Paramos no meio do caminho e ele diz:

— Mare, está tudo bem? — diz virando a cabeça para mim e arqueia uma das sobrancelhas.

— Só me emocionei, nada demais — ele me solta, vira completamente e pega minhas mãos.

— Você pode me contar qualquer coisa, sabe que pode confiar em mim para o que precisar — acabo olhando para o chão e com uma das mãos ele levanta minha cabeça pelo queixo, e com a outra envolve minha cintura.

Sinto nossas respirações se encontrando depois de muito tempo separadas, seu fogo me envolve mais uma vez. Ele me puxa um pouco mais perto e mais uma vez estávamos com os lábios quase juntos, estávamos tão próximos que posso sentir seu coração bater. Só pensava em uma coisa, sentir seus lábios quentes contra os meus nem que seja por uma última vez. Ele se aproxima na tentativa de me beijar e acabo deixando. Quando finalmente nos sentimos, tento aproveitar cada momento. Nossa. Penso eu, nem me lembrava o quão bem o seu beijo me fazia. Mas, em um ato de reflexo recuo.

— Isso é errado, da última vez que nos beijamos você estava comprometido e não terminou bem — pauso e continuo — não posso Cal, de novo não.

O solto e vou para meu quarto, sinto vontade de chorar mas, consigo aguentar até chegar no meu quarto. Choro silenciosamente pensando no que acabo de fazer, espero que ninguém tenha visto, principalmente o Conselho ou estaria colocando a vida de quem amo em extremo perigo. Fico por um bom tempo pensando. Com tudo o que aconteceu hoje, deixo para ler a carta que chegou hoje de Farley para amanhã e fico pensado por horas no meu quarto até que decido ir dormir.

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           Cal:

Finalmente pude sentir o gosto de Mare novamente, ela me fez sentir completo pela primeira vez depois de muito tempo. Enquanto nos beijávamos, tinha a certeza de que ela era a pessoa que mais amava. E por um segundo não pensei em mais nada além do que estava acontecendo no momento, queria que durasse para sempre, mas infelizmente não foi assim. Ela tinha razão. Não podíamos ter feito aquilo, mas meu coração falou mais alto ao vê-lá tão triste bem na minha frente sem ao menos saber o que estava se passando dentro dela. A forma que eu encontrei foi beija-lá, para mim foi perfeito, precisava sentir aquilo de novo. Uma última vez...

Rezo para que ninguém fique sabendo, então vou para meu quarto ler algum livro. No meu rosto estava estampado o maior sorriso do mundo, mas se desfaz ao lembrar do meu compromisso como rei. Se eu a tivesse escolhido antes estaríamos os dois felizes e  não estaríamos nessa confusão.

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E vamos de capítulo romântico. Até o final dessa fic eu junto nosso maravilhoso casal, prometo. Espero que tenham gostado. Bjs XD

A História InacabadaOnde histórias criam vida. Descubra agora