Capítulo 32

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Mare

Faz pouco mais de 2 anos que me casei, os dias passaram voando e via minha vida passar monotonamente, eram poucas as vezes que fazia algo de diferente. Pelo menos Norta aceitou os representantes de sangue, Cameron e Julian se encontram lá. As coisas andam bem pelos outros países, Cal está viajando nesse momento e nem consego dizer por onde, só espero que chegue o mais depressa possível, os dias ficam solitários sem ele por perto.

Termino de tomar o café da manhã e coloco o prato e a xícara na pia, saio de casa apressada, demora um pouco mais para ir ao galpão a pé, não me atrevo a encostar em um centímetro daquela moto, Cal quis me ensinar uma vez mas eu neguei. Cumprimento a todos que vejo e aos que me recordo do nome, muitos outros sanguenovos e até vermelhos se juntaram a nós nos últimos meses. Não tenho entrado na minha sala ultimamente, nossas tropas não são muito utilizadas e apenas me encarrego de ajudar os soldados a melhorar suas habilidades.

A fileira se ordena atrás da mesma linha preta ao me ouvirem chegar mais perto, todos de postura ereta e mãos atrás das costas, faço o mesmo, afinal sou uma figura extremamente autoritária por aqui. Eles não produzem um ruído sequer, passo devagar perto deles para decorar seus rostos e identificar novos soldados, são os mesmos até agora, mas a última me chama a atenção. Uma menina de cabelos pretos e olhos de mesma cor me encaravam, sua altura e porte físico eram bem diferentes dos outros e percebo que se trata de Lena, "a namorada de Gisa".

           — Alonguem-se — digo e todos me obedecem de imediato, os treinos hoje seriam pesados e por isso conto com mais de uma curandeira a minha disposição.

       Lena às vezes me mandava sorrisos gentis, eu não confio dela estar tão próxima de Gisa, tenho ciúmes de minha irmãzinha, sei como corações podem ser facilmente partidos por quem menos esperamos e uma máscara bem construída oculta outra pessoa completamente diferente.

           — 10 voltas pelo galpão 1 — esse é o galpão onde ficam as salas dos generais, coronéis, capitães e de reuniões. Eu diria que é o maior daqui, eles já lamentavam antes mesmo de correr.

       Cronometrei o tempo e os observava darem a volta, a primeira a terminar — para minha surpresa — foi Lena, ela parece tão delicada que não aguentaria 3 dias sequer em uma floresta, mas eu estava enganada.

           — Alinhem-se — todos voltam aos seus respectivos lugares atrás da linha. Peço que um sanguenovo mais experiente se aproxime e use seu poder para levitar os alvos de madeira. — O primeiro.

       Todos vêm um a um e acertam, era uma tarefa menos complicada de fato, mas com o tempo foi ficando mais difícil. Mais alvos e eles passaram a mover-se e muitos iam desistindo, restaram apenas 12 de 25 "alunos". Lena da um passo a frente e pega um arco e flecha — por ser apenas vermelha —, com agilidade e rapidez se movia pelo campo e não errava um alvo sequer. Ela deve ter treinado muito para isso e acaba por passar no desafio. O exercício terminou e todos retornaram para continuar os outros do dia, muitos não se seguravam em pé de tanto cansaço.

       O anoitecer estava chegando e com ele a vontade de ir para casa apenas aumentava, no último exercício tive que lutar com todos eles e isso me esgotou. Passo na casa dos Barrow antes de ir para a minha, Tramy abre a porta e nos cumprimentamos.

           — Boa noite. — Digo e meus pais respondem em uníssono.

           — Ruth o que teremos para o jantar? — meu pai diz do sofá enquanto lia um jornal minuciosamente, parecia um pouco com Julian.

           — Peixe frito. — Ela diz da cozinha temperando o peixe em cima da mesa.

           — Sai depressa? Estou faminto! — Bree grita enquanto desce as escadas.

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