Capítulo 24

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                              Mare

       Depois de ter uma discussão com Cal em vão, decido finalmente ir embora. Estava com raiva, será possível que ele não entende que não posso ficar aqui? Sempre pensando nesse reino em primeiro lugar, da ódio. Mas eu também disse algumas coisas estúpidas, fui levada pela emoção do momento, mas já era tarde demais para me desculpar. Dobro o corredor e esbarro com Evangeline.

           — Barrow! — ela ruge.

           — Desculpe estou com a cabeça em outro lugar. — Digo já tomando rumo.

           — Deu para notar, para me pedir desculpa deve estar avoada mesmo — ela continua o seu caminho, mas se vira e tenta chamar minha atenção. — Ei! Para onde vai com tanta pressa?

           — Não é da sua conta.

           — Só queria ajudar, mesmo assim eu vou lhe dizer minha proposta de ir para longe daqui — me intrigo com suas palavras e me viro para encara-lá — agora sim ganhei sua atenção.

           — Só fala.

           — Davidson convidou a todos para morar em Montfort, não na sua casa claro, mas disse que receberia todos de braços abertos.

           — Você está indo para lá? — pergunto a talvez minha companheira de viagem.

           — Sim, junto com minha família.

           — E quanto a Rift? — a família de Elane deve estar furiosa.

           — Estamos resolvendo isso e talvez você poderá me chamar de rainha algum dia. Voltado ao assunto, daqui a pouco partimos — agradeço e explico que decidi ir com Kilorn e lhe dou um leve sorriso, com cada uma seguindo seu caminho.

       A sua ideia não é assim tão ruim, vou considerá-la, mas não seguirei viagem com ela, tem um marinheiro no porto que irá zarpar em poucos dias e ele será minha carona.

       Ainda estava com muita coisa na cabeça, mas saio do palácio o mais rápido possível, nem me despeço de ninguém, só me arrependo de não falar com Julian, mas não faço meu caminho de volta ao palácio. No percurso, me lembro que peguei um papel no chão do jardim e resolvo investiga-lo, era o mesmo que foi dado a Cal pelo seu tio minutos atrás.

       Fico na dúvida se devo abri-lo ou dar um jeito de devolver, mas a minha curiosidade é bem maior e então o abro. O papel estava bem gasto assim como a tinta mas consigo ler.

       Os Calore são filhos do fogo, tão fortes e destrutivos quanto suas chamas. Mas Cal não será como os que vieram antes dele. O fogo pode destruir, pode matar, mas também pode criar. A floresta queimada no verão estará verde na primavera, melhor e mais forte do que antes. As chamas de Cal vão construir, vão criar raízes sobre as cinzas da guerra. As armas silenciarão, a fumaça esvanecerá, e os soldados, tanto vermelhos quanto prateados, voltarão para casa. Cem anos de guerra, e meu filho terá a paz. Ele não morrerá lutando. Não morrerá. NÃO MORRERÁ.

       Não reconheço a letra, mas pelo jeito de falar — escrever — só pode ser uma pessoa, Coriane. Me lembro da conversa que tive com a suposta antiga babá de Cal, ela me disse que quando viu a rainha cantora pela última vez, estava atordoada. Ela foi mais uma das vítimas de Elara, assim como Maven, foi torturada dia e noite e acabaram por ter o mesmo destino.

       As suas palavras me cortam como facas s posso ver o terror nelas causadas pelas ilusões de Elara, eu nem consigo imaginar Cal lendo isso. De acordo com a data no topo do papel, foi um de seus últimos registros. O guardo novamente no meu bolso e ando mais rápido para chegar em casa, vou descansar e amanhã irei ao porto.

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