Capitulo 21

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           Mare

"Seria lindo se não fosse trágico" é a frase que não sai da minha cabeça, os olhos de Farley brilhavam ao ver tantos membros unidos contra Thomas e seus aliados. Mas eu não levanto, mesmo se quisesse não conseguiria.

— Renda-se! Será do jeito fácil ou difícil, você escolhe. — Farley grita depois de um tempo.

— Engraçado, tirou as palavras da minha boca — Thomas retruca.

— Está bem. Do jeito difícil então, o meu preferido. Avançar! — Farley urra para a multidão ao redor, ela não perde tempo. Os que estavam mais perto das portas a trancaram novamente com o truque de antes, depois eu vou perguntar o que eles fazem para impedir os sentinelas. Me intriga.

O próprio Kilorn solta as meninas, Elane e Julian e depois correr para se juntar a sua superior. Farley e alguns vermelhos ferem os 5 sentinelas e os apagam, depois ela tira as algemas de Evie.

— Obrigada. — Evangeline sussurra para Farley em agradecimento enquanto se levanta para abraçar a família. Todos avançam contra nós, eu recuo para detrás da fonte junto com Julian e Clara. Eles ajudam a levar Cal comigo. O movimento aqui é bem menor e quase ninguém consegue nos ver.

— Eu ainda não acredito. — Julian volta a chorar silenciosamente, passando a mão pelo rosto do sobrinho. — Minha única família, se foi. — Eu não consigo conforta-lo, ainda estava agarrada a Cal e então Clara o abraça.

Titia. O que vai acontecer com a mamãe? — a pergunta de Clara me corta profundamente, não sei o que o destino reserva a Farley.

— Ela vai ficar bem, vai terminar tudo bem. — minto com um sorriso torto e passando a mão no rosto da minha sobrinha.

Evito escutar o que se passa mais ao centro do salão, mas é impossível não ouvir Farley com um voz grossa:

RENDA-SE — deve estar se referindo a Thomas que dessa vez se da por vencido e levanta as mãos em sinal de rendição, de novo.  A Guarda não recua, sabem que pode ser mais um truque barato.

Os soldados os prendem com as algemas e só ouço o barulho estridente da coroa caindo ao chão com o sangue prateado a pingar, eles estão sendo levados para o calabouço do palácio. Do nada desaparecem de minha vista, parece até como Shade costumava fazer. Somem do nada. Esses truques estão passando do limite. Apenas uma coisa saiu como queríamos, eles foram parados e ninguém morreu. Ninguém além de Cal.

Farley agora que notou que nos arrastamos até a parte detrás da fonte, vem e abraça sua filha com força como se não houvesse fim. Kilorn vem logo atrás, se abaixa e coloca a mão em meu ombro. Depois de um tempo todos encaram a cena, sei que muitos estão felizes por mais um prateado morto e principalmente por ser o rei. Evie e a família se juntam a nós e todos baixam a cabeça em forma de luto, mas eu não. Não aceito e fecho os olhos para tentar esquecer tudo a minha volta.

Algo agarra minha mão com uma força leve, eu conheço esse toque ardente. Cal está vivo. Abro os olhos quase imediatamente e levo o ouvido ao peitoral do rei para escutar seu coração bater novamente e ter a certeza de que não ia me deixar de novo, eu estava certa. Posso sentir batidas fracas, mas contínuas. A respiração estava falha, mas consigo ver seus olhos abrirem pela metade revelando o dourado da vida que ainda resta no seu corpo. Nossos dedos ainda estavam enlaçados e suspiro de alegria, nem consigo falar nada de tão feliz que estava.

Cal está vivo! Vivo! — Julian é o primeiro que levanta a cabeça e encara o sobrinho que inclina levemente o corpo para o tio, que deixa de chorar e passa a exibir um sorriso de orelha a orelha.

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