16 - Quando viramos atores na frente das câmeras

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"Se eu te contar a minha história
Provavelmente não vai me entender
Ainda assim, quero muito falar
Sem temer ser mal entendido
Ou nada compreendido
Porque tem algo na minha garganta
Que pede muito para ser dito"
- Mayday, Heaven

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Naquele período, não importava se estávamos tristes, tínhamos um monte de atividades na agenda do grupo. Para cada tipo de evento ou de programa em que aparecíamos, havia algo a ser dito de antemão sobre como deveríamos nos comportar. Devido nossas posições, a empresa pedia para que eu fosse o mais desinibido, já que eu tinha a responsabilidade de ser o membro central e líder. Quando nos apresentávamos em um cumprimento conjunto de saudação, eu era que fazia a contagem para dizermos juntos nosso bordão "Por dias melhores que ok, nós somos o K.O.K". E quando ficávamos em silêncio, usualmente eu deveria criar assunto na frente das câmeras. O problema? Eu não era o com maior habilidade nisso de ser sociável e sou do tipo que tem dificuldade em disfarçar quando estou desconfortável com algo.

Nian e Haru uma vez me disseram que, sempre que estava com raiva de um deles, eu costumava a ficar em completo silêncio até conseguir esfriar a cabeça, contudo, quando eu ficava enfurecido com outro alguém, normalmente, eu dizia algo e reclamava até com o teto, se necessário. E acho que isso ficou claro logo no início da minha carreira.

Programas de entretenimento costumavam a perguntar coisas como "Como é fazer sucesso de cara?", "Quem é o mais bagunceiro?" e "Qual a música favorita de vocês?". Na nossa época, não havia muitas emissoras voltadas à música, na verdade, esse setor estava em ascendência e cada uma tinha uma proposta diferente. Alguns programas faziam brincadeiras e gincanas, outros convidavam vários artistas de uma vez e havia uns que eram apenas de conversação. O K.O.K foi nesses eventos várias vezes mais tarde, porém teve um em que só fomos uma vez, mesmo que fosse reconhecido pelo público adolescente e que era bom para conseguir mais fãs. Televisionado por uma das maiores referências de emissora da época, o Geração 2000 consistia em realizar uma série de brincadeiras em diferentes estúdios e cenários com os 10 artistas convidados, que formavam 5 duplas. Elas eram normalmente entre dois artistas solistas ou dois membros de um mesmo grupo.

Na ocasião, todos os membros do nosso grupo e do outro convidado compareceram. Isso significa que, por ambos serem quintetos, cada um dos artistas do K.O.K fez dupla com uma das garotas do 5Royals. O grupo delas estava em ascendência, tal como o nosso, mesmo que elas tivessem começado carreira meses antes. As duplas foram feitas seguindo nossas idades, por exemplo, a mais velha entre elas fez dupla com nosso caçula Nian e eu fiz par com a mais nova, que correspondia pelo nome artístico Lily, mesmo que fosse coreana. Considerando que eu ainda nem tinha completado 18 anos no início de 2011, eu era mais velho que quatro delas e a que fez par com Nian era poucos meses mais velha que eu. Todos nós éramos absurdamente jovens.

Antes de começarmos a parte das gravações após a apresentação do episódio e a formação das duplas, fizemos uma pausa para ajustar o estúdio e retocarmos maquiagem e pude conhecer aquela menina um pouco melhor. Lily tinha a idade do Nian, 15 anos, porém agia de forma bem diferente. Dizem que as garotas deixam de ser infantis mais cedo que os garotos, isso pode haver várias explicações, entretanto acho que colabora o fato de a maioria dos homens não precisar se resguardar desde pequeno. Posso não ser mulher, porém garotas como minha própria irmã Minyoung deixavam claro como poderia ser cansativo não poder sair para qualquer lugar sozinha, não conseguir dizer o que pensa sem ser repreendida e não fazer o que bem entender sem ser julgada por olhares alheios.

Por que estou dizendo isso de repente?

Eu estava conversando sobre coisas aleatórias (e disse que seriamos uma boa dupla, mesmo sem ter ideia do que ocorreria no programa) com a Lily, que estava sentada ao meu lado e tendo o cabelo preto liso e curto arrumado por um funcionário. Foi quando vi ela suspirar tentar ajustar o vestido curto, decotado e rente ao corpo enquanto olhava para um ponto mais a frente.

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