SHOW HOMICIDA

2 - Trupe: A origem

"Tudo tem dado tão certo
Ou sou eu que não vejo nada de errado?
A cada dia deixo para trás
Um pouco desse tudo
O tudo dessa vida
A vida que já não me pertence mais"
- 1st Time, Heaven

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Nian e eu nos olhamos espantados e Gichan nos apressou. Bebemos o que restava das bebidas com rapidez e jogamos as embalagens fora no meio do desespero. Sem me ligar em mais nada, comecei a correr na direção da sala das audições até que percebi que Nian estava ficando para trás naqueles corredores enormes.

- Vamos logo!

Peguei o pulso dele para agilizar e nós dois corremos até a porta da sala. Por sorte, chegamos bem na hora que os outros candidatos entraram. Aquele espaço era uma sala de dança com mesas colocados num canto, onde estavam sentadas 5 pessoas. Mais tarde, as reconheceria como o dono da Highlight Entertainment (Presidente Hoon) e 4 acionistas e empresários de celebridades daquela empresa. Além deles, ao lado e de pé, estavam um coreógrafo e um produtor com pranchetas.

- Faremos assim, primeiro fazem apresentação de canto e depois de dança. Para irmos mais rápido, escolham apenas uma especialidade de música, os que preferem fazer rap ficam do lado esquerdo da sala, os que forem cantar outros gêneros ficam do lado direito. - O produtor instruiu.

Dos presentes, 3 ficaram para o canto esquerdo e o restante encostou no direito. Fiquei bem tenso, mesmo que a presença de Nian tivesse me deixado mais aliviado. Entre os 10 artistas, 3 eram garotas e todas estavam do lado dos vocalistas. A audição começou pelos cantores e eram todos muito bons, a maioria parecia ter uns 16 ou 18 anos e isso me deixou tenso. Fiquei com muita pena quando uma das garotas desafinou num momento crucial da música que escolheu e quando um menino se perdeu no meio do rap e parou de cantar. Fiquei chateado por eles, mas não podia dizer nada para consolar naquele momento. Aliás, Nian se apresentou primeiro, a voz dele não era tão aguda quanto imaginei, era constante e soava bem agradável. Quando ele terminou a apresentação, olhou para mim como se procurasse uma resposta e eu mandei o gesto de joia como resposta.

- Agora, Jeon Yunho.

Meu coração por pouco não saiu pela boca ali mesmo. Quase roboticamente, deixei o meu canto e fiquei no centro da sala com um microfone na mão. Respirei fundo, bem fundo, e ergui o equipamento na frente da boca. Era agora ou nunca. Cantei uma música do gênero balada, que são aquelas músicas bem lentas em que o foco é a voz do artista. Popularmente conhecidas como músicas para escutar quando está chovendo ou quando alguém te chuta. Preferi fechar os olhos durante boa parte da música para me concentrar e soltei a voz do jeito que pude. Quando terminei, estava tão satisfeito que soltei um sorriso largo de alívio. De repente, todos começaram a me aplaudir, inclusive alguns da banca avaliadora.

- Agora, vamos seguir a mesma ordem para as apresentações de dança.

O fato de não dizerem nada quanto às apresentações era incômodo, porém tentei apenas focar na minha missão. Não, amigos, não me saí tão bem na coreografia que escolhi para reproduzir. Eu era do tipo que tentava pensar na sequência de movimentos invés de me soltar de vez. Eu fiz algo tão simples se comparar às coreografias dos outros na sala, por isso fiquei mais preocupado. No fim, disseram que iriam nos contatar e fazer um anúncio 5 dias depois, quando já tivessem analisado todas as suas anotações.

Como combinado, após 5 dias em que eu não conseguia pensar em mais nada, eu e Gichan fomos à empresa, dessa vez já um pouco mais tarde, no início da noite. Quando entrei no local, Nian logo correu para me cumprimentar e fomos nos juntar ao grupo de jovens presente. Fazer amizade com aquela criança foi uma ótima e descompromissada ideia, era muito bom conhecer alguém que sonha o mesmo que você, mesmo que, naquela situação, nós estivéssemos disputando a mesma vaga na empresa.