1 - Show de abertura

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"Não havia nada mais belo
Crianças com sonhos nas costas
Mil e uma teorias do universo
Como uma brincadeira
Como uma piada sem graça
Contada com um sorriso aberto"
- "Old Dream", Heaven

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Gostaria muito de lembrar como eu fazia amizades quando pequeno. Eu chegava apenas dizendo "Oi, eu sou o Jeon Yunho"? Ou eu nem mesmo me apresentava? Afinal, quando a gente é criança, o nome não é nada desde que tenha alguém com quem brincar. Quando crescemos, nome é tudo.

Eu acho meu nome estranho, mesmo sendo tão comum na Coreia do Sul. "Que pessoa é essa que consegue estranhar o próprio nome?", deve estar pensando.

Eu não me via como Yunho e, até hoje, já quase com 30 anos, tenho dificuldade de me ver assim. A maioria das pessoas me reconhece apenas pelo meu nome artístico: Heaven. Alguns me chamariam de Yunho Jeon (e pronunciariam Yuno Dion), mas apenas no Ocidente, já que lá se fala o nome da família depois, diferentemente daqui. Entretanto, seja Yunho Jeon, Jeon Yunho ou Heaven todos dão no mesmo indivíduo. Um cara de 1993, alto como um poste, esguio e com a expressão normalmente séria.

Se tenho nome artístico, o que eu faço para precisar de um? Hoje em dia, posso ser chamado de um cantor ligeiramente esquecido pela mídia. Quer dizer, já fui famoso, agora não chamo atenção, em parte porque não têm muito interesse no que eu faço e noutra parte porque prefiro permanecer assim. Já fui material de notícias por muitos anos. Posso não saber como cumprimentava amigos de infância, porém lembro de cada prêmio importante, das vezes que minhas músicas alcançaram a posição de mais ouvidas em vários países e dos maiores palcos em que performei.

Todas essas informações e conquistas podem ser encontradas em sites biográficos. Por isso, não vou contar sobre isso. Então, por que estou escrevendo?

Pensei muito sobre isso, senti que precisava falar sobre as coisas que passei como cantor e dançarino numa indústria tão sombria como a do entretenimento. Por um momento, eu invejava os artistas já mais velhos que tocavam em lugares públicos. Tinham sorrisos, violões e talvez algumas rugas, mas a aura viva de uma música não comercializada em grande escala é extremamente pura e espontânea. Chorei muito por causa do caminho que decidi trilhar, não desisti já que não há mais nada que me mantenha tão vivo quanto as canções.

Costumam a pensar que vida de artista é moleza, quando ficam famosos e ricos não passam por problemas. O público não costuma a pensar em todos os degraus que essas pessoas tiveram que subir e em quantas vezes elas caíram tentando se manter em pé, mesmo que apenas por mais alguns dias. Não somos aquelas marionetes perfeitas que a mídia faz parecer que somos.

Meu caminho começa bem antes das grandes telas, me entendo por cantor desde os 11 anos, quando as pessoas diziam que minha voz era bonita e eu me deixava influenciar por isso. Fui criado em uma grande casa com dois andares na área metropolitana de Daejeon, antes de me mudar para Gangnam, por questões do emprego que consegui. Passei a infância ao lado da minha irmã caçula, seu nome é Minyoung e ela é cerca de 5 anos mais nova, dos meus pais e dos funcionários da casa. Minha família, tirando o núcleo, nunca foi muito comunicativa, nem morava por perto. Para ser sincero, minha mãe e meu pai sempre foram muito ocupados, pois ambos são médicos da ala emergencial de um hospital numa cidade vizinha à onde morávamos. Mas, bom, que família não tem problemas, não é? Não é pelo fato de eu ser famoso que eu estou livre disso.

Chegou um ponto em que o movimento pendular se tornou cansativo e eles alugaram um pequeno apartamento para os dois passarem as semanas. Havia vezes que viajavam para outras províncias para congressos, palestras e essas outras coisas de adultos atarefados. Meus pais não podiam deixar duas crianças em casa e meus parentes já não conseguiam quebrar galho para ficar conosco, por isso contrataram a governanta Senhora Misun e o chefe de cozinha Senhor Gichan, que praticamente moravam na mesma casa com a gente. Não muito tempo depois que começaram a cuidar de nós eu completei 13 anos e, nessa época, grandes e decisivas mudanças ocorreram na minha vida.

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