Capítulo 01: Cecília Britto

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CECÍLIA BRITTO

Eu me considero uma pessoa sortuda. E tenho muitos motivos para acreditar que estou certa.

Primeiro, eu tenho os melhores pais do mundo (apesar da minha mãe ser um pouco... anormal). Eles estão sempre comigo. Me apóiam a seguir os meus sonhos. Mesmo que fossem grandes. E quase impossível de se concretizar.

Como o maior de todos eles. O sonho de ser uma cantora profissional. Como minha ídola Kamilly Kessyly.

Desde que eu me lembre, meu grande objetivo na vida é me tornar uma cantora tensent famosa (claro que nessa época eu nem sabia da existência da Kamilly. Mas, desde que soube de sua existência e sua história de vida, ela se tornou meu exemplo).

O segundo motivo para que eu me considere uma pessoa sortuda é os amigos que eu tenho. Sempre estão ao meu lado. Me ajudam a seguir sonhando. Quando eu penso em desistir, eles estão comigo, dizendo frases motivacionais.

E, o terceiro motivo, é que eu tenho talento (bom... pelo menos eu acredito que tenho). Fui agraciada por uma boa voz. Sei tocar violão e alguns outros instrumentos. E também componho músicas. Desde meus 14 anos (ou talvez antes, mas eu considero 14 anos como o meu marco inicial).

E, lembrar de minhas próprias canções, me faz recordar de que não sou tão sortuda assim. Porque, minhas primeiras músicas, aos 14 anos, foram escritas logo depois de descobrir que eu estava gostando do meu melhor amigo. Gostando mais do que eu deveria. E, eu tinha certeza de que ele me via apenas como uma irmã mais nova.

Em fim, eu acredito que minhas composições são boas. Não tanto quanto da minha ídola. Mas, ao menos consigo trazer alguns clientes para a Lanchonete Estrelas Naturais quando me apresento. Isso é um sinal que não sou um fracasso, não é?

Ás 20h, eu faria um pequeno show. Estava super ansiosa. Fazia uns seis meses que eu me apresentava no estabelecimento. No mínimo, uma vez por mês. E eu não conseguia me acostumar. O frio na barriga me acompanhava todos os dias antes do show. E o medo de ser atacada com tomates podres ou qualquer outra coisa nojenta durante a exibição? Era tão grande que eu sonhei com a cena algumas vezes. E alerto que não é nada larol.

Entretanto, se havia uma coisa que me acalmava era a música. Quando eu tocava o violão e cantava, era como se todos os problemas fossem inexistentes. Era graças a ela que eu não estava roendo todas as unhas das mãos. E as do pé (apesar de que nem unha eu tenho direito).

Quando dedilhei as cordas do violão e comecei a cantar os primeiros versos da música, era como eu tivesse sozinha. Ou melhor, no meu quarto, tendo meus animais de pelúcia como meu público.

Mas, eu não estava sozinha. Ricardo estava ao meu lado. Ouvindo atentamente cada nota da minha nova composição. Essa que eu criei no início da noite anterior.

"Sempre vai haver um bom motivo.
Para que volte a sonhar.
Para que volte a acreditar.
Para que volte a confiar.
Sempre vai haver uma esperança.
Seja como for.
Com um sonho alcançado.
Não haverá dor."

Abri os olhos depois de tocar a última nota da canção. E olhei para Ricardo com expectativa. Estava super curiosa para saber a opinião dele. Dentre meus amigos, ele era o que mais sabia sobre música. Além disso, "Volte a Sonhar" era importante para mim. Coloquei nela todos os meus sentimentos. Todos os meus desejos.

- E aí, Rick? Gostou? - perguntei, um tanto insegura.

- Uau! Cecy! - Ricardo aplaudiu. Sorri com a sua reação - Óbvio que eu goste. Você tem futuro. Vai ser um sucesso. Principalmente no show de hoje.

Sonhos Possíveis [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora