Capítulo 09: Pedro Ferraz

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PEDRO FERRAZ

Cheguei à lanchonete, após a aula, bem contente. O estabelecimento não estava muito movimentado. Talvez, porque o pessoal que tomava café da tarde no local havia saído. Duas mesas estavam ocupadas. Mas, as pessoas comiam seus lanches. Presumi que foram atendidas.

Finalmente, o dia da apresentação chegou. Eu, Cecília e Ricardo estávamos animados. Bem diferente de Renata. Ela não estava gostando. E, algumas vezes, dizia que estava arrependida. Porque, seu sexto sentido lhe informava que estávamos aprontando. Tentei ao máximo mostrar para ela que seus medos eram bobos.

Renata estava no balcão. Me aproximei dela, lhe dando um abraço. E, de novo, não consegui surpreender ela. Quando a soltei, ela foi do outro lado do balcão, pegar um lanche para mim.

- Estou tão animado com a apresentação de hoje. - disse, quando ela me entregou um copo de suco de limão e um kuckteau. Pelo cheiro e decoração, o recheio era de doce de leite. Meu preferido.

- Até agora, eu não vi a graça. - ela falou, enquanto organizava os lanches no balcão.

- Mas, você vai ver. Quando você estiver no palco. E todos admirando seu talento...

- Espero que você não esteja aprontando. - ela me interrompeu - Porque, se tiver...

Ela não terminou a frase. Apenas, me olhou ameacadoramente. Confesso que fiquei com medo. E engoli seco. Porém, minha reação seria como assinar uma sentença de culpa.

Desviei os olhos para o lanche em minhas mãos. Quando dei uma mordida no kuckteau, me lambuzei com o recheio. Parabéns, Pedro! Voltei a olhar para Renata, que tentava manter sua postura ameaçadora e esconder o sorriso. O que não funcionou. Ela estendeu uns guardanapos para mim. Limpei ao redor da minha boca.

- Você pediu para Cecília cantar após o teatro? - perguntei, jogando o guardanapo sujo em uma lixeira próxima.

- Sim. Mas, o teatro não seria no lugar do show?

- Sim. Mas, eu tenho uma surpresa para Cecília. E, se tudo der certo, ela vai adorar.

- Que surpresa?

Não sei se era apenas impressão minha, mas Renata parecia incomodada. Será que ela fazia parte do grupo que embarcou nas loucuras de Evelina? Não era de duvidar. Afinal, Ricardo também estava nesse grupo. E os dois eram irmãos. Deveriam dividir tudo um com o outro.

- Você vai ver. Mais tarde eu te conto. Só não diga nada a ela. É segredo.

- Não acredito que você vai me deixar curiosa.

Renata finge uma tristeza, ao mesmo tempo em que simulava está com raiva. Porém, algo me dizia que havia um pouco de verdade em seu semblante. Ou talvez, eu esteja alucinando. E, por isso, apenas sorri para ela.

- Como vou contar alguma coisa para ela, sendo que nem sei ao certo do que se trata?

- É só não contar que eu tenho uma surpresa.

Passei o dedo pelo recheio do kuckteau e depois na bochecha de Renata. Quem mandou ela rir de mim quando me lambuzei? Ela finge está com raiva. E eu ri novamente. Ela limpava a bochecha com o guardanapo. E eu sabia que ela tinha planos de vingança.

Porém (para a minha sorte), antes que ela pudesse executar qualquer uma das suas ideias, Ricardo e Cecília aparecem animados. Ambos vindos do exterior do estabelecimento. Renata não deveria está contente.

Juntos, organizamos a lanchonete para mais tarde. E também ensaiamos algumas vezes. Renata não estava animada. Fiquei com medo de ela desistir. E eu não deixaria que ela fizesse isso.

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