RENATA MARTINS
Fiquei um bom tempo trancada em meu quarto. Deixei as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. E meus pensamentos voltarem para o lugar. Muita coisa aconteceu nas últimas horas. Eu não tive muito tempo para pensar.
E, o melhor que eu deveria fazer era voltar para a lanchonete. Não deixaria que as idiotices dos meus amigos atrapalhassem os negócios dos meus pais. A Estrelas Naturais era o ganha-pão da minha família. Meus pais amam seu estabelecimento. E eu faria qualquer coisa por eles. E pela lanchonete. Ficar trancada no quarto, chorando, não ajudaria em nada.
Lavei meu rosto. Passei uma maquiagem para que ninguém percebesse que eu estava chorando. Prendi meu cabelo em um rabo-de-cavalo. E desci para a lanchonete. A primeira pessoa que eu vi foi Pedro, sentado em uma das cadeiras do balcão. Tirando ele, não vi mais ninguém (apenas ouvi algumas vozes vindas da cozinha). Onde Ricardo estava, que deveria está trabalhando? Deveria está com Cecília.
Passei por Pedro, fingindo que eu não estava vendo ele. Estava irritada demais para dirigir qualquer palavra ao menino, que passei seis anos da minha vida pensando que era meu amigo (e, às vezes, até algo mais). Mas, que na verdade, fazia planos pelas minhas costas. O que mais ele fazia e falava quando não estava perto de mim?
Para zombar da cara deles. Talvez, quando Pedro estava em casa, ria de mim, junto com outros amigos (como Fernanda, por exemplo). Zombava por eu está apaixonada por ele.
O que é que eu estava pensando? Pedro não era um mentiroso fingindo, ou era?
Fui até uma mesa que, alguns minutos atrás, estava ocupada, mas que estava vazia no momento. Havia alguns pratinhos e resíduos de lanches.
— Vamos conversar. — Pedro pediu e eu ignorei. Mas, ele me segurou meu braço — Renata, por favor, me escute!
— Me solta! — pedi.
Ele me soltou. Me virei para ele. E me arrependi quando eu o vi. Ele estava triste. Magoado. Como eu odiava ver ele tão tristonho. Nem consigo me lembrar da última vez que eu vi aqueles lindos olhos com tamanha infelicidade.
Porém, eu me manteria firme. Essa nossa briga poderia servir para algo maior. E mais importante. Não podíamos mais ser amigos. Era ruim. Até perigoso. Era o melhor para nós dois nos manter afastados.
— Será que você não percebeu que eu não quero conversar com você?
— Rê, por favor, me escute. — ele pediu, com a voz chorosa. Não, Pedro. Não faz isso comigo.
— Não me chame assim. Você não é mais meu amigo.
O que eu estava fazendo? O que eu estava falando? Pedro era meu amigo. Meu melhor amigo desde meus dez anos. Ele deveria saber mais sobre mim do que qualquer outra pessoa do mundo. Mas, não podíamos levar essa amizade adiante.
— Não falei assim. Você sabe que é minha melhor amiga.
— Se eu fosse sua amiga de verdade, você não teria feito isso.
— Eu só queria te ajudar. Renata, eu só fiz isso porque eu gosto de você. Eu me importo com você. Eu queria te ajudar, como fiz com Cecília.
— Ajudar? Ajudar? — perguntei brava.
— Sim. Ajudar. — ele se aproximou de mim — Eu sei que você sempre quis ser atriz. Você mesma disse. Não lembra?
Claro que eu me lembrava. Como poderia me esquecer daquele dia? O dia que contei a ele o maior sonho da minha vida.
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Sonhos Possíveis [Concluído]
Ficção AdolescenteQuatro amigos diferentes. Quatro sonhos distintos. Quatro caminhos que podem se cruzar no futuro. Renata, Cecília, Pedro e Ricardo são amigos, com características próprias, mas que compõem uma amizade forte e verdadeira construída ao longo dos ano...