this encounter

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ㅡ ... você me acha uma aberração... ㅡ Wonho balbuciou, com a voz arrastada e sôfrega e os olhos perfeitamente marejados. Fiquei sem saber o que responder no momento, apenas arregalando meu olhar. ㅡ Você acha sim! Eu sou uma aberração, não é? Você quer correr de mim.

ㅡ ... Ah, não, Hoseok, claro que não! ㅡ Tentei me defender.

ㅡ Não mente pra mim, Hyungwon! Ainda mais depois de tudo que eu fiz com você, você está me odiando! ㅡ Ele aumentou o tom de voz, afastamdo minha mão com o lenço úmido e se levantou. Franzi minhas sobrancelhas ignorando seu surto repentino.

ㅡ Se eu estivesse com medo, eu não estaria aqui com você, estaria? Se eu te odiasse, eu te mataria e não te ajudaria. ㅡ Seu rosto voltou a compadecer, respirou fundo olhando para o chão, me aproximei suspirando. ㅡ Me permite te ajudar.

ㅡ Como você pode me ajudar com isso? Eu tenho chifres, Hyungwon, eu sou uma criatura da floresta...

ㅡ Você não pode ficar aqui sozinho, sua família deve estar preocupada com você, o que você vai comer e vestir? ㅡ Chamei atenção, essas coisas pareciam não ter passado pela cabeça dele ainda.

ㅡ ... Mas ninguém pode me ver assim... As pessoas vão ficar assustadas.

ㅡ Confie em mim. Eu vou cuidar de você. ㅡ O estendi a mão com um sorriso fofo. Suas bochechas ficaram automaticamente rosadas, mas não demorou pra me corresponder.

( ... )

Entrei dentro de casa pela porta dos fundos, levando Wonho apenas na pontinha dos pés a caminho do meu quarto. Seus chifres eram tão grandes que raspavam na parte superior da porta.

ㅡ Aish, cuidado, shh... ㅡ Não larguei suas mãos suadas, era um pouco tarde da noite, espiei meu pai dormindo no sofá enquanto segurava uma garrafa de soju metade vazia. A primeira coisa que Wonho viu foi o arpão acima da porta, talvez eu esteja o expondo a um enorme perigo, mas até ali era a melhor opção. Não conseguia deixá-lo sozinho na floresta, haviam caçadores e predadores, sem falar na ação do tempo. Poderia cair um temporal, nevar...

ㅡ Wonie? ㅡ Meu pai acordou como se tivesse um radar de calor.

ㅡ Ai meu Deus, eu vou morrer, aquele negócio ali vai entrar com tudo na minha testa, meu Deus! ㅡ Wonho sussurrou desesperado me puxando para a porta de volta.

ㅡ Shh!! Cala a boca, fica quieto, calma, vai dar tudo certo, calma, fica aí!! ㅡ Eu sussurrei de volta tentando o fazer aquietar. ㅡ Eu vou falar com ele.

ㅡ Hyungwon, pelo amor de... ㅡ Fui de encontro até ele, tentando mostrá-lo que estava bem, em perfeitas condições e sem nenhum estrago.

ㅡ Oi, pai. ㅡ Falei engolindo a seco, enquanto gesticulava com a mão para que Wonho subisse as escadas, meu pai estava totalmente distraído por mim.

ㅡ Tsc. Onde você estava, Chae Hyungwon? Você sabe que horas são?? E seus amigos? Você sumiu no meio do mato, sem avisá-los, eles estavam muito preocupados com você, sabia? ㅡ Vociferou, lembrando que ainda tinha líquidos na garrafa e bebendo depressa o resto de soju.

ㅡ A-Aish, pai, me desculpa. Eu já estou aqui, beleza? ㅡ Apenas disse isso e segui meu caminho para o quarto, assim que vi Wonho chegar ao destino sem pertubações.

ㅡ ... Espera... Você não quer conversar um pouco com seu pai? Poxa, não soube de você o dia todo...

ㅡ Ai, appa... Eu estou cansado, foi um dia longo... Eu estou bem, o que mais precisa saber além disso? ㅡ Suspirei fundo, seu rosto se desmanchou, concordando com a cabeça devagar. ㅡ Uy, você não devia ter ficado aqui me esperando, vá dormir, okay? Amanhã nós vamos correr e conversamos.

Peguei em seus ombros o fazendo levantar, ele concordou mais uma vez se livrando da garrafa acatando meu pedido. O observei ir para o próprio quarto, que ficava no andar de baixo para minha sorte. Apaguei a luz da sala e quase tropeço nos degraus ao subir, não sei porque mas queria estar perto de Hoseok, queria cuidar dele, não queria deixá-lo assustado e sozinho.

ㅡ Wonho? ㅡ Sussurrei entrando no meu quarto, ligando o interruptor, acabei me desmanchando em risadas bobas. Seus chifres haviam enrolado nos fios das luzinhas que coloriam meu quarto, não pude evitar de achar a cena fofa. ㅡ Aigoo... Você está com um problema... ㅡ O ajudei a tirar as luzinhas de si.

ㅡ Um problemão, Hyungwon, não ria. ㅡ Ele disse. Seus olhos petrificaram em mim enquanto o auxiliava, pareciam duas jóias brilhantes, cheias de tentação, bem como o contorno de seus lábios rosados. Nunca havia notado, quer dizer, já havia, mas não com tanta precisão. Shin Hoseok parecia ter sido esculpido pela mão do Divino.

ㅡ Desculpa... Se é difícil pra mim me acostumar, imagina você. ㅡ Terminei com as luzinhas e sorri bobo me afastando.

ㅡ Ahh, sim. Essas coisinhas, eu deveria saber pra quê servem, ou melhor, porque em mim. ㅡ As pegou esfregando os dedos pelas pontas.

ㅡ Tem certeza que não foi enfeitiçado? Que não quer perguntar pra sua família? Deve haver mais alguém com isso e você não sabe. ㅡ Sentei na minha cama enquanto ele se sentava entre o guarda-roupa e a estante de livros.

ㅡ A única pessoa que teria motivos pra me enfeitiçar... É você. ㅡ Abraçou os joelhos. ㅡ Mas você não é capaz de fazer isso, porque você é bondoso demais...

ㅡ Ih?? De onde tirou essa conclusão?? ㅡ Mexi em meus cabelos apesar da afirmativa ser totalmente verdade. ㅡ E sua família, então.

ㅡ ... Eu não tenho. ㅡ Tentou encostar a cabeça na parede, fechando os olhos por um instante e respirando fundo.

ㅡ O que aconteceu, Hoseok... ㅡ Sussurrei quase que inaudível. ㅡ Você fugiu de casa? Te expulsaram? Ou...

ㅡ Que tal não falarmos sobre isso? ㅡ Abriu os olhos novamente. ㅡ Eu moro na casa de um velho, ajudo a cuidar dele em troca de abrigo e comida... Quer dizer, ajudava. E eu estava perfeitamente bem sem eles... Mas o que vou fazer com esses chifres? Não vou conseguir me esconder do seu pai pra sempre.

SWISH | MONSTA XOnde histórias criam vida. Descubra agora