in α rushing town

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Fui puxado pelo pé, em plenas 7:42AM. Tirado do meu maravilhoso sono e do conforto do meu edredom, meu pai me fez levantar àquela hora da madrugada, com um sorriso deveras sádico e sapeca no rosto. A sonolência me impediu de fazer mais do que outra coisa a não ser bocejar, esfregar os olhos e voltar a deitar.

ㅡ Anyo, você prometeu, você prometeu. Nem adianta querer arregar agora. ㅡ Sua risada sarcástica soou mais maligna, me puxando para fora da cama outra vez. Bom, nunca faça promessas. Principalmente se não pode cumprí-las.

ㅡ Ahh que droga. ㅡ Praguejei, esfregando os olhos mais uma vez. Apesar da crueldade estampada nos olhos do velho homem, podia ver que estava muito contente dos meus feitos.

Meu nome é Chae Hyungwon, e hoje seria meu suposto 1° dia na Universidade. Mas, como meu cabelo é uma das coisas mais preciosas de toda a minha existência, muito penoso de ser raspado, optei por correr ao redor da floresta com meu estimado progenitor por uma semana assim que o sol raiasse, caso eu fosse aceito. Para meu pai... Promessa é dívida.

Então, desisti de tentar voltar e recuperar meu sonho e fui direto fazer as higienes habituais e calçar os velhos tênis de corrida, ainda com cheiro de novos - pois é, nunca pensei que iria ter que usá-los. Mas, a atividade até que não era tão torturosa, tirando o fato de acordar cedo. O céu estava azul divino, enquanto a brisa agradável empurrava o sol a se mostrar vagarmente. Com a adição da companhia de meu pai, é claro, a parte mais importante da minha promessa.

Era meu objetivo estabelecer boa relação familiar com ele, uma vez que me acolheu durante os anos na Universidade. Oh, sim. Minha mãe e ele nunca trocaram uma palavra sequer desde os meus 5 ou 6 anos de idade, nunca me disseram o motivo de tal separação e distanciamento... Mas Sr. Chae nunca foi um pai ausente, sempre estava lá quando eu precisava, agora só faltava me acostumar a viver sob o mesmo teto que ele.

ㅡ Hyungwon, meu filho. Eu morei aqui a minha vida inteira. ㅡ Ele dizia colocando o incrível boné branco sobre sua careca brilhosa. Eu ri, me preparando para ligar meu Spotfy.

ㅡ Eu sei, pai. Por isso me mudei pra cá, huh? É mais perto da Uni. ㅡ Ele revirou os olhos pondo a mão no peito.

ㅡ Poderia pelo menos mentir para esse pobre homem velho... ㅡ Esticava os braços. Até que para um quase idoso, Sr. Chae estava em forma. ㅡ Diga que veio morar aqui pra passar um tempo com seu pai.

ㅡ ... Nah, corta essa, eu sei que você detesta sentimentalismo. ㅡ Reclamei pondo os fones de ouvido, ao mesmo tempo sentindo meu coração aquecido pela sua risada.

ㅡ Os tempos na Marinha me fez virar um carrasco... Mas não me é válido com meu único filho.

ㅡ Você vai perder todo o seu respeito se souberem que está amolecendo, logo pra mim, o seu filho homem. ㅡ Apontei de forma sarcástica em seu rosto, o fazendo rir ainda mais.

ㅡ Ah é?? Então pode começar a dar 20 voltas ao redor da floresta! ㅡ Engrossou a voz, me dando um pouco de medo.

ㅡ Aw! Assim eu não chego vivo na Uni, appa!! ㅡ Reclamo, ao vê-lo bater palmas para me apressar.

ㅡ 25 voltas!! Vamos, Vamos!! Corra! Você não queria dureza?? Pois tome mais 5!! ㅡ Saí correndo diante o seu comando, péssima ideia brincar com a integridade do ex-militar.

Perto da 16a volta, já não sentia mais as minhas pernas, pareciam ter se dissolvido. Precisei parar no meio do caminho pra tomar um pouco de fôlego, olhei para meu pai clamando por um pouco de misericórdia. Como ele conseguia correr aquilo tudo e não sentir nenhum osso se quebrando??

ㅡ A metrópole arrancou suas energias, huh? Mauricinho sedentário, molenga!! Tira o pé do freio! ㅡ Pulava esfregando na minha cara que a sua condição corpórea não condizia com o esperado para alguém de 63 anos.

ㅡ Não dá pra mim não, pai. Eu não aguento, eu não aguento. ㅡ Sentei no meio fio da estrada. Observei o velho suspirar salvando oxigênio, pondo as mãos na cintura e olhar de um lado para o outro. ㅡ O que procura??

ㅡ Hyungwon, você é meu único filho. Tenho que te alertar, te proteger de alguma forma. ㅡ O velho veio até mim, agachando-se a frente e tomando minhas mãos. ㅡ Na floresta há diversas criaturas. Não confie nelas, elas estão aqui pra aproveitar-se de nossos bens, até mesmo da sua carne.

ㅡ ... Pai, eu não sou criança, não me assuste com essas histórinhas de terror. Sei bem como essa cidade é afogada em misticismo.

ㅡ Assim você me fere. ㅡ Revirou os olhos se erguendo, aproveitando para bagunçar meus cabelos. ㅡ Apenas prometa que vai tomar cuidado, filho. Você é de grande importância para mim. ㅡ Ao olhar no fundo de suas pupilas dilatadas, pude sentir a seriedade do tópico. Estivemos longe um do outro há bastante tempo, mas mesmo assim, não iria suportar a minha perda. Levantei também o envolvendo em meus braços longos.

ㅡ Eu prometo, meu pai. Sei como me defender, ainda mais de coisas que não existem. Pode ficar sucegado. ㅡ O confortei, o velho riu soprado retribuindo o abraço e encarando a estrada novamente.

ㅡ Então, descansou o suficiente? Ainda faltam 4 voltas! ㅡ O sorriso maligno voltou a dominar seus lábios.

ㅡ Aigoo... Não... Não aguento... Vamos voltar para casa, ou me atrasarei para a aula, você não quer que eu seja marcado por chegar atrasado no primeiro dia, quer?? ㅡ O velho bufou e deixou os ombros caírem.

Voltamos para casa, toda trabalhada na madeira e rodeada de flores coloridas, do amarelo ao rosa-pink. Meu velho era bastante organizado e simplista, mas acima da porta estava aquele arpão, tão grande e brilhoso que chegava a ser assustador. Meu pai acreditava em 'monstros da floresta' e queria se sentir seguro deles.

Não pude evitar de dar um riso soprado, mudei de roupa e fui para a Universidade.

SWISH | MONSTA XOnde histórias criam vida. Descubra agora