Will sentiu a garganta queimar com gosto da bebida. A cabeça girava em mil pensamentos confusos que por mais que tentasse esquecer, não conseguia. Liliana o traíra. A miserável.
E ele foi tolo o suficiente para acreditar que ela o esperaria.
Realmente foi um idiota. "Mas de quem era a culpa afinal?", pensava amargo. Tinha abandonado Liliana para resguardar Juliet. Mas prometera que voltaria. E voltara. Mas era tarde demais.
Sem aviso, sua mente foi invadida por outros tipos de pensamentos. Era sempre assim desde que pusera os olhos nela pela última vez. A imagem de seus olhos verdes cheios de um mistério irresistível dançava em seu pensamento. Deveria tê-la possuído e acabado com aquele fascínio tolo. Mas tentara ser fiel a Liliana. E pra quê? Resistira bravamente a insidiosa atração pela bandoleira em nome de um compromisso que pelo menos pra ele ainda era mais importante que tudo. Levou novamente o copo aos lábios e tomou o restante da bebida de um só gole. Olhou em volta, para o ambiente esfumaçado. Estava num clube masculino exclusivo em Londres, onde as mais belas cortesãs da cidade se exibiam e se deitavam para quem pagasse mais. Mas ele não estava interessado. Não hoje.
Hoje ele gostaria de tocar a pele de alabastro de uma certa bandoleira, provar novamente o gosto de seus lábios, perder-se na atração avassaladora que os unia. Intuía que somente isso o faria esquecer a dor que estava sentindo no momento. Soltou uma risada amarga. Devia estar enlouquecendo. Ou a bebida finalmente subira a sua cabeça, embaralhando seu raciocínio.
— Olá, milorde.
Ouviu a voz melodiosa ao seu lado e levantou a cabeça se deparando com olhos muito verdes num rosto magnífico adornado por belos cabelos escuros.
— Vai me pagar uma bebida? — A linda mulher sorriu sedutora.
Will analisou o pedido. Não estava com disposição para jogos hoje. Mas do que adiantava ficar sozinho? E ela era muito bonita. E o encarava com interesse.
— Certamente.
— Eu sou Natasha — a moça se apresentou. — A seu total dispor — acrescentou com um olhar malicioso e só agora Will reparou no sotaque diferente.
— Natasha — repetiu já com a voz meio embargada pela bebida. — Sente-se e beba comigo.
Ela não esperou um segundo pedido e sentou-se, inclinando o corpo e Will pôde ver par de brancos seios pelo generoso decote.
— E o senhor é quem?
— Will Cavendish.
Ela arregalou os olhos.
— Duque de Buckingham?
— Culpado.
Natasha soltou uma sonora gargalhada.
— Hoje deve ser meu dia de sorte.
— Que bom que pelo menos alguém tem sorte nesta mesa — falou sarcástico.
Ela levantou a sobrancelha.
— Não me parece nada bem, duque. E está aqui há bastante tempo, apenas bebendo. Sozinho.
— Culpado novamente.
— O que lhe aflige? Negócios vão mal? Política? Ou mulheres? — acrescentou sugestivamente.
Will fez uma careta e ela sorriu.
— Definitivamente mulheres. Engraçado, pela sua aparência e fortuna não me parece alguém que tenha problemas com mulheres.
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Entre o crime e a nobreza
Ficción histórica** Livro completo na Amazon** Aqui apenas degustação Inglaterra - 1641 Belle é uma bandoleira, uma ladra das estradas que percorre as florestas inglesas seduzindo nobres desavisados para que seus comparsas roubem todos seus pertences. William Cavend...