Capítulo 8

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Will sentiu a garganta queimar com gosto da bebida. A cabeça girava em mil pensamentos confusos que por mais que tentasse esquecer, não conseguia. Liliana o traíra. A miserável.

E ele foi tolo o suficiente para acreditar que ela o esperaria.

Realmente foi um idiota. "Mas de quem era a culpa afinal?", pensava amargo. Tinha abandonado Liliana para resguardar Juliet. Mas prometera que voltaria. E voltara. Mas era tarde demais.

Sem aviso, sua mente foi invadida por outros tipos de pensamentos. Era sempre assim desde que pusera os olhos nela pela última vez. A imagem de seus olhos verdes cheios de um mistério irresistível dançava em seu pensamento. Deveria tê-la possuído e acabado com aquele fascínio tolo. Mas tentara ser fiel a Liliana. E pra quê? Resistira bravamente a insidiosa atração pela bandoleira em nome de um compromisso que pelo menos pra ele ainda era mais importante que tudo. Levou novamente o copo aos lábios e tomou o restante da bebida de um só gole. Olhou em volta, para o ambiente esfumaçado. Estava num clube masculino exclusivo em Londres, onde as mais belas cortesãs da cidade se exibiam e se deitavam para quem pagasse mais. Mas ele não estava interessado. Não hoje.

Hoje ele gostaria de tocar a pele de alabastro de uma certa bandoleira, provar novamente o gosto de seus lábios, perder-se na atração avassaladora que os unia. Intuía que somente isso o faria esquecer a dor que estava sentindo no momento. Soltou uma risada amarga. Devia estar enlouquecendo. Ou a bebida finalmente subira a sua cabeça, embaralhando seu raciocínio.

— Olá, milorde.

Ouviu a voz melodiosa ao seu lado e levantou a cabeça se deparando com olhos muito verdes num rosto magnífico adornado por belos cabelos escuros.

— Vai me pagar uma bebida? — A linda mulher sorriu sedutora.

Will analisou o pedido. Não estava com disposição para jogos hoje. Mas do que adiantava ficar sozinho? E ela era muito bonita. E o encarava com interesse.

— Certamente.

— Eu sou Natasha — a moça se apresentou. — A seu total dispor — acrescentou com um olhar malicioso e só agora Will reparou no sotaque diferente.

— Natasha — repetiu já com a voz meio embargada pela bebida. — Sente-se e beba comigo.

Ela não esperou um segundo pedido e sentou-se, inclinando o corpo e Will pôde ver par de brancos seios pelo generoso decote.

— E o senhor é quem?

— Will Cavendish.

Ela arregalou os olhos.

— Duque de Buckingham?

— Culpado.

Natasha soltou uma sonora gargalhada.

— Hoje deve ser meu dia de sorte.

— Que bom que pelo menos alguém tem sorte nesta mesa — falou sarcástico.

Ela levantou a sobrancelha.

— Não me parece nada bem, duque. E está aqui há bastante tempo, apenas bebendo. Sozinho.

— Culpado novamente.

— O que lhe aflige? Negócios vão mal? Política? Ou mulheres? — acrescentou sugestivamente.

Will fez uma careta e ela sorriu.

— Definitivamente mulheres. Engraçado, pela sua aparência e fortuna não me parece alguém que tenha problemas com mulheres.

Entre o crime e a nobrezaOnde histórias criam vida. Descubra agora