Capítulo 3

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Belle não saberia dizer o que esperava ao ver o homem descer da carruagem, mas com certeza não era o que viu. Ele era jovem, muito mais jovem do que os homens que costumava abordar. Tinha fartos cabelos escuros e os olhos que a encararam tinham um tom de azul profundo que a deixou paralisada por alguns instantes.

O nobre a mediu da cabeça aos pés, numa atitude que não era novidade a ela. Afinal, os homens sempre a olhavam assim. No entanto a novidade era que ela jamais sentira aquele frissonpor dentro com aquela inspeção minuciosa. E quando seus olhares se encontraram foi como se ele mirasse diretamente para dentro dela, como se pudesse descobrir todos os seus mais íntimos segredos.

Por minutos sem fim eles apenas se olharam, Belle sentia o coração batendo forte no peito e a respiração presa na garganta. Em algum lugar de sua mente, se perguntava o que estava acontecendo. Por que aquele homem a deixava prostrada sem conseguir formular nenhum pensamento coerente?

O cavalo relinchou e o encanto foi quebrado. Belle lembrou-se de quem era e porque estava ali.

Aquele nobre bem-vestido seria assaltado.

Levantou a cabeça, jogando o cabelo para trás e o encarou sensualmente.

— Olá, senhor — disse com a voz melodiosa, feliz por não ter engasgado.

Will limpou a garganta para falar, fascinado por aquela estranha na estrada.

— Milady está perdida?

Belle sorriu, aquele sorriso que já desarmara os mais influentes e ricos homens da Inglaterra.

— Quem é o senhor?

Will franziu a testa. Alguma coisa estava errada. O que aquela moça estava fazendo parada no meio de uma estrada deserta? E sozinha? Ou não estaria sozinha? Relanceou o olhar para as vestes da moça. Ela se vestia como uma cigana. De repente ficou alerta. Os sons da floresta chegavam até ele. Tinha alguma coisa errada. Pensou nos perigos apresentados pelos bandoleiros das estradas. Seria a moça uma bandoleira? Ela era tão delicada, tão bonita...

— O senhor ainda não me respondeu — Belle insistiu.

Will colocou a mão na cintura, entrando no jogo dela, mas continuava alerta.

— Diga-me a senhora. Qual o seu nome?

— Meu nome é Belle.

Belle se amaldiçoou assim que a resposta saiu de seus lábios. O que dera nela para dizer o verdadeiro nome ao homem? Incomodada, olhou em volta, querendo desesperadamente que os amigos aparecessem, mas sabia que eles só prosseguiam quando a vítima respondia quem era, assim podiam verificar se era apropriado assaltá-lo ou não.

— Está sozinha?

— Sim, estou.

Então ele a surpreendeu e sorriu. Belle sentiu um estranho calor por dentro com aquele sorriso.

— Eu acho que está mentindo. — Ele a surpreendeu novamente.

— Quem é você? — Ela se viu perguntando, não mais para saber quem era a vítima e sim para saber quem era aquele homem que a tirava do prumo.

— William Cavendish, Duque de Buckingham.

Belle se viu presa naquele olhar mais uma vez. O nobre a fitava como se ela fosse a única mulher do mundo e ele o único homem para ela.

Maldição! O que estava errado?

Foi tirada de seu transe, pela movimentação dos comparsas aproximando-se, mas não conseguiu se mexer. Tudo aconteceu muito rápido. Blake, Jack, Colin saíram da mata empunhando suas espadas e no momento seguinte, o Duque de Buckingham a puxava para si e desembainhou uma espada reluzente, colocando em seu pescoço.

Entre o crime e a nobrezaOnde histórias criam vida. Descubra agora