Capítulo 12

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Quando estou prestes a me aproximar e chamá-lo, alguém sai do fundo da garagem segurando uma besta em uma mão e na outra uma flecha, não pode ser... meu coração dá um giro no meu peito e começa a bater forte e depois se apertar e meu estômago fica em nó.

- Killian, o que você acha dessa ponta de flecha de carbono?

É ele mesmo, impossível não reconhecer essa voz, apesar de estar com alguns fios de cabelo grisalho e de barba ele continua o mesmo. É o meu pai. Meus olhos se enchem de lagrimas e escorrem pelos meus olhos ardidos das lagrimas que saíram mais cedo.

- Você sabe que prefiro as armas comuns, aquelas com balas.

- Sei aquelas que causam um estrago danado e causam um maior problema na hora de limpeza.

- É e que matam na hora.

Meu sangue congela, eu dou um passo pra trás por extinto. Mas o som da minha bota arrastando na areia fez barulho, Killian e meu pai percebem.

Killian se levanta e pega uma arma que estava na mesa de ferro da garagem, já um pai prepara a besta que está nas suas mãos, seus olhos se tornam frios e ameaçadores. E algo dentro de mim grita pra fugir, mas outra quer abraçar meu pai. Mas por que esse alerta todo por conta de um barulho?

- Quem está ai? – a voz do meu pai é fria. – Se tem amor a própria vida é bom sair logo. – tem ameaça na sua voz. Ele faz um sinal pra Killian com a cabeça, e Killian assente, dando pequenos passos pra se aproximar de onde veio o barulho.

Lembranças do meu pai me deixando no orfanato me perfuram, e se ele me abandonou por ter sido mordida? Não, eu não posso aguentar, vivendo com meu pai me odiando, eu me viro com angustia de pensar nisso, mas antes que eu avance mais alguns passos, Killian corre atrás de mim e o som da flecha perfurando o ar soa no meu ouvido, e atinge a minha coxa. Eu caio no chão de joelhos, sangrando. É isso? Vou ser morta pelo meu pai? É esse meu fim?

Viro meu rosto em lagrimas, com a mão na minha coxa que está sangrando e vejo o rosto de Killian atordoado ao ver que sou eu, ele leva a mão á boca, depois passa pelos seus cabelos castanhos, sem saber o que fazer, seus olhos tremem em pânico, e então ele da um passo até mim, mas eu estou assustada e atordoada de mais, então me arrasto pra trás e ele congela, quando ver meu afastamento, dar pra ver pela sua cara que aquilo o machucou. Mas eu não me importo, eles podiam ter me matado, pior será que vão me matar? Minhas unhas cravam na grama, enquanto eu tremo. Olho pra a arma na sua mão, e sinto abalada e em pânico por ver meu amigo de infância com uma arma na mão, que estava apontada pra mim.

Percebendo meu olhar na arma Killian, olha pra arma e depois pra mim e range os dentes e a joga pra longe, envergonhado ele tenta se aproximar aos poucos de mim.

- Kelly, eu...

Afasto-me mais ainda, me sinto devastada, quanto mais terei que sofrer, não sinto que meu coração possa aguentar.

- Eu acertei alguma coisa Killian? – disse meu pai se aproximando e ficando branco quando me ver no chão sangrando, posso escutar sua respiração ficando fraca. Seu olhar vai pra Killian, e depois pra minha cocha com a flecha que ele atirou em mim.

Eu não sei o que fazer além de chorar, não pela dor da flecha e sim por rever meu pai que tanto amo e por ele ter sido o que atirou em mim.

- Rafael...- Killian tenta falar, mas parece que algo travou na sua garganta.

Meu pai abre e reabre a boca varias vezes tentando formar uma frase, mas a única coisa que sai dele é uma lagrima do seu olho.

Eu viro o rosto, a dor é de mais.

- Eu posso explicar Rafael...

Meu pai levanta o dedo ainda olhando pra mim e depois faz um punho, e joga um olhar assassino pra Killian, mas quando ele retorna a olhar pra mim seu rosto se desmancha.

Ele dar um passo na minha direção como se quisesse me abraçar, mas meu lado sobrevivente, grita. Eu arranco a flecha com dor, quando meu pai ver o sangue ele congela a poucos passos de mim, não consigo olhar pra ele, nem sei o que sentir.

- Kelly, a gente não vai te machucar. – disse Killian com arrependimento na voz.

Olho pra ele rosnando, percebendo suas palavras e o que acabou de acontecer, Killian percebe o seu erro de palavras. – Desculpe, Kelly, a gente achou que fosse...

- Um o que? – grito, com medo da resposta, mas continuo. – Me diga Killian?– minha ferida se cicatriza e eu me levanto.

Não sei o que fazer diante dessa situação, preciso sair daqui, sinto que meu coração vai se quebrar, não quero sentir medo do meu pai e do meu melhor amigo.

Quando estou prestes a me virar, meu pai me puxa pros seus braços, ele me envolve em seus braços, me apertando como se estivesse com medo que eu sumisse diante dele, ele acaricia meus cabelos, enquanto me abraça.

- Minha filha, meu bebê...- ele funga em lagrimas.

Atordoada com esse movimento, eu acabo me entregando a ele e me desabando em lagrimas nos seus braços como um bebê, solto toda tristeza que estou sentindo, que disse pra mim mesma que iria fazer isso em quatro paredes escondida dos olhos dos outros, eu retribuo seu abraço e desabo. 

Lua VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora