Capítulo 2

15 1 0
                                    


Andando pela cidade pude notar muitas coisas, há uma grande variedade de produtos de todos os cantos do universo, pode-se comprar de tudo até partes orgânicas de pessoas. A prostituição estava nas ruas desde cedo, não é muito diferente de quando eu vivia na Terra, o fato é que essa forma de ganhar dinheiro nunca deixou de existir porque as condições que as levam a esse tipo de trabalho, também não.

Entrei em um restaurante e solicitei uma mesa, uma androide magra e de aparência sensível, veio me atender. Ela me mandou o link do menu, era possível fazer uma busca pela maior rede de culinárias do universo, eu podia escolher entre planetas, culturas e até em temporalidades diferentes. Eu queria algo que me lembrasse do meu planeta natal, escolhi então o menu da Terra e esperei que a cultura globalizada do século XXII ajudasse a não me preocupar com a escolha. Eu claramente não conhecia a maioria dos pratos, a quantidade de pratos que eu conhecia era questão de 5 ou 6 em 100 pratos. Já não sei se me lembro do gosto da comida, foi difícil escolher, isso me fez perceber que eu não conheço tão bem a culinária, mesmo da região em que eu vivia.

No final das contas eu escolhi filé de boi, ovos de galinha e bacon, a cultura globalizada com certeza não me deixaria me arrepender disso, me sinto um velho, isso é tão nostálgico.

Enquanto eu comia e observava as pessoas entrando e saindo do restaurante, ver as pessoas se alimentando era uma experiência estranha, algumas pessoas parecem animais comendo, outras parecem máquinas triturando pequenos pedaços de raízes de algum planeta no qual nunca ouviu falar.

Céus, não me acostumo com esse planeta, sinto falta das florestas verdes e dos pássaros, sinto falta de conversar com quem fala a minha língua. Sinto que estou deixando de ser humano.

Lembro-me de quando eu era criança, minha mãe sempre dizia que a tecnologia afastava as pessoas da natureza, que só a natureza poderia trazer a felicidade, porque ela nos completa. Ser o seu próprio lar é algo difícil de se sustentar.

As veses eu acordo de noite e me pergunto onde eu estou e percebo que essa pergunta soa estranha, eu estou em lugar nenhum.

Fico triste ao lembrar que vou ter que voltar ao trabalho na próxima semana, não há tempo para conhecer alguém além de mim mesmo.

Está quase no horário de meu encontro com o Amaru, enquanto espero o tempo passar confiro as notícias sobre a cidade. É muito comum vem em um canal de notícias pessoas que morrem por falhas dos implantes ou por radiação dos mesmos, aparentemente obsolescência programada ainda é um braço do capitalismo e não foi superada. Hoje em dia se você usa implantes, sua vulnerabilidade aos hackers é grande, sendo eles os mais perigosos dos criminosos.

Eu decidi que não iria me fundir com uma máquina, quero ser 100% orgânico, uma máquina não muda quem eu sou, mas muda quem eu poderei me tornar e quero continuar sendo Tupac.

NOVA MARTE, Dias DistantesOnde histórias criam vida. Descubra agora