Karaokê no Arouche

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Ao cair da noite, nós três fomos a um pubby muito aconchegante e muito conhecido perto de onde estávamos lá mesmo no Arouche. Sentamos em uma mesa que dava vista pra fora do bar, Tavinho e Enzo, que estavam do meu lado na mesma mesa, pareciam que haviam acabado de se conhecer, os dois eram só carinhos e beijos. Nem parecia que eu estava ali. 

E para completar para a minha tristeza, eu acho, logo no início da noite, vejo Camargo que assim que me vê, ainda de longe, se aproxima para falar comigo. Ele como sempre estava digno de elogios com sua cabeça raspada na máquina, aquela sua barba negra bem cheia, suas intensas e grossas sobrancelhas, uma linda blusa preta com uma enorme gola V que destacava seu peitoral torneado de academia com uma tatuagem que não dava pra identificar, outra belíssima jaqueta de couro cheio de zíper e feixos, numa calça cáqui Saruel e uma bota de couro.  

O quê esse cara vê em mim?

Se escorando na bancada de madeira que separava nós dois, nada nem ninguém o intimidava, ele se aproximava mais e mais de onde eu me sentava e começou a me secar:

   _ Gerard?

   _ Vai ser sempre assim né. _ Sorri nervoso. _ Todo lugar que eu for, eu vou ver você?

   _ Você não tem noção do quanto isso me faz feliz. Quando eu vou há um lugar, e lá está você. Só que dessa vez está diferente.

   _ Diferente como?

   _ Dessa vez, estamos eu, você e esse sorriso maravilhoso que me tira do sério. _ Seu sorriso quase rasgava o rosto.

   _ Se eu fosse você desistia, por que ele nunca vai ser seu.

   _ Eu discordo! Não há nada no mundo que eu queira mais do que a sua boca.

Meu rosto se esquentou um pouco, eu senti. Mas me contive ainda sério.

   _ Para com isso!

   _ Não mesmo, eu não desisto assim tão fácil de algo que quero... E no momento eu quero você, na minha c-a-m-a! _ Ele soletrou cada letra lentamente se aproximando da minha boca. Mesmo vermelho me exaltei e virei o rosto de lado.

   _ A única coisa que vou te dizer é que você vai ficar que-re-ndo! _ O imitei.

   _ Por que você não me beija de novo?

   _ Por que eu não quero repetir o mesmo erro, só isso!

   _ Paulo! _ Gritou para Camargo um ruivo jovem, forte e barbudo com o topete liso penteado pra trás.

   _ Quê é Charles? _ Perguntou Camargo olhando pra trás sem ser muito amistoso. _ Fala rápido que eu tô ocupado. 

   _ É rápido! _ Anunciou o amigo de barba ruiva lhe chamando.

   _ Eu ainda não desisti! _ Comentou Paulo sorrindo pra mim e se retirando indo na direção do amigo.

Os dois conversavam discretamente ao longe, não dava pra escutar ou identificar sobre o que eles falavam. Eu não queria saber, mas curioso, vez ou outra olhava os dois, e então Paulo Camargo, me olhava sem pudor, piscava e às vezes me lançava até beijinhos. Camargo sabia que eu fingia que não estava olhando. Ele queria mesmo era que eu olhasse. Paulo havia acabado de receber uma câmera profissional que estava pendurada no pescoço de seu lindo amigo, mesmo enquanto o ruivo conversava com ele algo em que ele parecia não estar tão interessado assim, na cara de pau e sem eu esperar, ele apontou a câmera pra mim e tirou uma foto minha, tentei esconder meu rosto com a mão, já era muito tarde. Eu só vi que ele tinha conseguido êxito, assim que olhou pelo visor de led na traseira, deu um lindo sorriso e me encarou em seguida me lançando outro beijo. Que ódio que eu fiquei.

Gerard Sai de FériasOnde histórias criam vida. Descubra agora