O Surgimento do plano

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Eu estava embasbacado. Não sabia até que ponto ele chegaria pra encobrir uma mentira.

_ Ele me ameaçou de morte! DE MORTE!!! _ Eu disse. _ Que maldito! _ Estava atônito demais pra manter postura. _ Então foi isso que aconteceu? Que filho da puta!

_ Eu quero que você saiba... _ Ressaltou Paulo tentando me alertar. _ Que ele não está aqui pra brincadeira. Quem faz isso há um amigo... Faz qualquer coisa! Qualquer coisa!

_ ELE NÃO É MEU AMIGO!!! _ Rebati sem pestanejar. _ Eu quero que ele se foda! Quem vai acabar com ele agora vai ser eu!

_ E o que pretende fazer sobre isso? _ Paulo indagou juntando o cenho. _ Eu posso ajudar.

_ Não! _ Aumentei a voz. _ Você não vai fazer nada!

_ Não sei se reparou quando disse "eu posso ajudar" eu afirmei, não perguntei se podia... Eu quero fazer parte disso.

_ Por quê? Não vai ganhar nada com isso!

_ É simples. Por que eu já me envolvi demais e quero ir até o final disso... Com você!

Paulo voltou a sentar-se ao meu lado na cama e pôs a mão sobre a minha.

_ É aquilo. O inimigo do meu inimigo é meu amigo. _ Seus olhos levemente puxados nos cantos se mantinham nos meus e ele sorriu brincalhão. _ Nossa, acho que forcei a barra! Muito clichê?

_ Bastante. _ Sorri de volta. _ É como se depois nos juntássemos como 'parceiros de crime' e tal.

_ Parceiros de crime? _ Paulo coçou a barba pensativo. _ Por que não?

_ Tá falando sério isso?

_ Pensa bem... Eu quero acabar com ele, você também!

No início achei a ideia meio ridícula, mas comecei a ver por outro lado.

_ Tem certeza disso?

_ Nunca tive tanta certeza de algo como isso.

_ Então... _ Me senti hiper-ridículo de falar essa frase, mas...

_ Parceiros de crime? _ Fiquei vermelho com um sorriso besta e estendi a mão.

_ De crime! _ Ele riu de mim e apertou minha mão.

Paulo se levantou feliz e motivado, foi de encontro ao móvel onde havia algumas coisas sobre ele, ainda de costas pra mim sem eu poder ver, percebo que ele abre uma gaveta e pega algo de papel. Depois disso ele retirou a mesma bandeja na qual havia deixado em cima do móvel e trouxe até mim com um envelope no meio e sentou-se do meu lado me entregando o café da manhã. Percebi que sobre a bandeja de prata havia um copo de suco de laranja, um sanduiche, torradas com geleia de uva no meio, o envelope que ele havia pegado anteriormente e uma caneta piloto.

_ O que tem nesse envelope?

_ Por enquanto nada.

Paulo pegou o envelope caramelo e escreveu bem no meio com o piloto.

_ "Dossiê Enzo"?

_ Você se lembra de que sou fotógrafo, não lembra? Pois é. Aí nesse dossiê vamos por todos os podres dele fotografados e entregar ao Otavio depois.

_ Adorei a ideia. _ Sem muito pensar, expressando minha alegria, o abracei. Na verdade quase me joguei em seus braços.

Havíamos conversado por um bom tempo, eu já sabia exatamente o que eu faria assim que eu entrasse na casa de Tavinho, eu entraria sem encarar Enzo ou sequer trocar um olhar ofensivo que seja, pegaria todos os meus pertences, colocaria na minha mala e com uma breve despedida, sem muito o que dizer a Otavio eu partiria e sairia definitivamente de sua casa. Até porque respirar o mesmo ar que Enzo e encará-lo todos os dias, mesmo sabendo o que sei que ele fez comigo, não daria nem um pouquinho certo. No mínimo alguns olhos roxos e alguns hematomas.

Gerard Sai de FériasOnde histórias criam vida. Descubra agora