Capítulo 11 - Sofia retorna

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Parte 2

Inverno

“Se existe céu, você sempre será inesquecível para amar” – Sandy e Junior


 

            Eu odeio aeroportos, mesmo. As pessoas que passam apressadas com medo de perder seus respectivos Voos, as vozes que anunciam os horários, simplesmente não gosto de aglomerados diferentes dos meus amigos. Esse é o tipo de coisa que me lembra bastante que eu preferia estar bebendo com os demais garotos do grupo, enquanto que sou obrigado a esperar a Sofia chegar de seu fim de conto perfeito. Esse era o tipo de coisa que o Collin adorava fazer, principalmente quando envolvia a construção de plaquinhas ridículas, como as que papai e mamãe seguram nas mãos. “Sofia, Bem vinda de volta.” – Assim dizia a placa a qual me foi induzida segurar.

            Pensar no Collin não me faz bem, me dou conta sempre que tenho culpa em parte do que aconteceu. Desde que ele desapareceu há exatos quatro meses atrás que, apenas vejo meus pais me olharem de uma diferente. Não que não me amem ou me deem as coisas, porém não é mais a mesma coisa que foi durante quinze anos, agora dezesseis, fiz a duas semanas atrás. Não tive aniversário, meus pais fizeram apenas um jantar simples entre nós três. A tia Julia meio que veio, mas precisou ir embora mais cedo e viajou a negócios com seu esposo. O clima é como se alguém estivesse morto e fosse enterrado todos s dias, isso porquê desde que o Collin não voltou para casa, papai proibiu qualquer um de mudar o seu quarto, tirar as coisas. Até mesmo a caneca das princesas dele continua do mesmo jeito que ele deixara desde o dia vinte de dezembro do último ano.

            Sofia acabou o curso de intercâmbio há mais ou menos uma semana e decidira que voltar seria melhor, segundo ela, porque já havia ficado longe demais de todos. Eu apenas acho que ela vai voltar para aumentar a desolação da família, está com tanta pena quanto as pessoas de nossos vários círculos de amizade. Pena dos pais que perderam o filho mais novo, pena até de mim que sobrei.

            - O portão de embarque é aquele, Calvin. – Papai indica uma saída à direita e caminho em sua cola.

            - Será que o Voo já chegou? Estava marcado para as duas, já são duas e vinte. – Mamãe olha em seu relógio e caminha apressada.

            Mamãe e sua mania imparável de ser absolutamente pontual, mesmo sabendo que ninguém chega na hora. Reviro os olhos e apenas me dirijo seguindo os passos dados por eles. Há uma grande quantidade de pessoas ao portal que, assim como nós, também seguram plaquinhas com nomes de pessoas. Papai, por ser mais alto, fica com sua placa esticada ao alto e eu aproveito para esconder a minha já que as atenções dele e da mamãe estão voltadas para o portão de saída.

            Algumas pessoas começam a aparecer algum tempo depois. Crianças, velhos, a maioria adultos. Mantenho os braços cruzados e observo a forma atenta com a qual meus pais a procuram em meio a todas aquelas pessoas. Passei algum tempo viajando com papai por aeroportos, enquanto fazíamos algumas fotos, então conviver com esse tipo de lugar já me era costumeiro. O Collin também vinha na maioria das vezes, e essa é a primeira vez que olho par ao lado para fazer uma piada de humor negro sobre uma senhora à frente e não o acho. É involuntário o virar da cabeça para o lado esquerdo. Não é a primeira vez que não o encontro em uma determinada situação, no entanto é uma coisa com a qual ainda não consegui acostumar totalmente, mas não pior do que o papai, que o espera voltar até a meia noite todos os dias. Ele fica sentado no sofá lendo algo, acreditando que Collin baterá na porta algumas hora, quando na verdade sabemos que não vai.

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