Capítulo 6 - Um adeus sem palavras

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                Meu telefone toca em cima da mesa do computador, dou um salto com medo. Estou sentado na cama e olhando para fora da janela. Não dormi nada de noite, não fiz nada além de encarar o vazio e relembrar a cena da noite passada. Sledgehammer do Fifth Harmony toca como o som do alarme, que logo distingui não ser alguém a ligar-me. O ensaio, Collin. Não... – Havia me esquecido completamente do ensaio com as meninas para a feira cultural do colégio. Procuro coragem para me levantar e fazer algo, no entanto, a única que encontro é para começar a treme novamente.

                Levanto contra minha vontade e pego a primeira roupa que vejo ao abrir o armário. Isso não era do meu feito, todavia não tinha muita coisa que eu estivesse disposto a fazer, exceto algo que me renderia pontos e boa visibilidade. Entro no banheiro e tom uma ducha rápida e prática. Tendo vestido a roupa eu pego minha bolsa lateral na cama e verifico se o Pen Drive com as músicas está guardado. Sim, está. Saio do quarto com receio da cena que encontraria após a noite passada. Sou surpreendido pela casa sendo arrumada por Calvin de cueca preta e tia Paloma. Tia Jéssica estava a dormir num sofá apenas de lingerie.

                - Bom dia, Collin. – Diz a tia Paloma com seu tom agradável.

                - Bom dia, tia Lomita. – Passo para a porta.

                Calvin não fala comigo, prefiro.

                - Para onde está indo a essa hora, Collin?

                - Estou indo ensaiar para um número da feira cultural do colégio. Eu esqueci completamente e dormi demais. Vamos passar os dias pegando tudo, tia.

                Calvin gargalha ironicamente, o ignoro por saber que ele maldara a sentença pronunciada por mim.

                - Enfim, conserta tudo, tia. Meus pais ficariam uma fera. Eu volto lá pelas quatro da tarde. Irei almoçar com as meninas na casa da Cássia mesmo.

                - Está bem, meu amor. Cuidado na vida. Juízo, apesar de eu saber que não lhe falta.

                Saindo do prédio, já fico atento a qualquer movimento. Sim, eu estou atormentado como nunca estive na vida.

                - Bom dia.

                Ao ouvir a voz, viro assustado e vejo a Senhora Isabel na minha frente. Era uma das nossas vizinhas.

                - Está assustado, filho? – Ela pergunta me encarando.

                Sim, muito. Posso ser morto, dona Isabel. – Penso ao olhar para ela e responder algo totalmente diferente:

                - Não, Dona Isabel. Estou apenas atrasado para um compromisso. Ainda bem que a parada do ônibus é bem aqui na frente, né? – Finjo um sorriso.

                - Sim, querido. Acredito que o ônibus para o metrô ainda não passou. Se for para as bandas do centro, pode pegar ele rapidinho agora.

                - Ah sim, isso mesmo. Vou no centro agora, Dona Isabel. Preciso correr. Tchau. – Saio andando e vejo logo a parada.

                Não dou nem dez minutos na parada e logo um ônibus da linha centro passa, um ao qual eu não precisaria pegar metrô. Apesar dos poucos minutos, os descrevo com tamanha agonia. Até mesmo um minuto é incerto para mim. O trajeto até a casa de Cássia é tranquilo, de modo que, até consigo cochilar um pouco durante o percurso. Chegando na casa de Cássia, a mesma me espera juntamente com Karina e Lisa. Éramos nos três contra o mundo nessa apresentação, foi o que eu disse assim que formamos o grupo. E que milagre, eu tinha um grupo.

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