Prefácio

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Os homens temem a morte, como as crianças temem a escuridão.

Francis Bacon

Eu sempre gostei de desafios, o que posso dizer eles me instigam!

O parque está muito bonito, crianças, adultos, adolescentes, idosos, homens, mulheres... todos andando e explorando cada parte, mas o que mais me chama atenção não são os brinquedos é o telão bem no meio, fica passando uma dança com sombras no que parece ser uma televisão gigante. Nova York é sempre assim, tão cheio. Em todos os lugares, coisas inesperadas podem acontecer a qualquer momento.

- Mamãe, mamãe! - meu filho puxa a minha mão querendo me acordar dos devaneios, dou rápidas piscadas e me concentro em seus olhos para que perceba que tem cem por cento da minha atenção. - Eu quero brincar na montanha russa.

- Mas você não tem medo? - questiono sabendo do seu pavor em relação a alturas.

- Sim, mas quero enfrentar o meu medo, como a senhora me ensinou. - acredita que ele só tem cinco anos?

- Eu acho que você não tem idade o suficiente pra ir, sinto muito, mas vai ter que esperar pelo próximo ano! - acabo com seu ato de coragem, mas pelo sorriso que tentou disfarçar, ele ficou bem feliz em saber disso.

- Mamãe eu quero cachorro quente.

- Então vamos, eu vi uma barraca por ali.

Assim, que dou o primeiro passo sinto o mundo congelar, uma bala perdida acerta uma pessoa que caiu instantaneamente a poucos metros da gente.

Por impulso pego meu filho no colo e o abraço como forma de protegê-lo.

As pessoas correm desesperadamente, grito, pavor, medo de que o fim delas sejam agora, mas estranhamente não há outro tiro além daquele que foi fatal ao ser caído no chão com algodão doce na mão direita.

Corro até um local seguro e coloco a coisa mais importante da minha vida, volto para o lugar onde o menino está deitado, sento ao seu lado e viro o seu corpo.

Tem sangue para todos os lados, foi um único tiro, morreu no primeiro segundo, entre onze e doze anos.

Escuto o grito de uma mãe, distante, mas perto o suficiente para ver a vida que carregou no ventre, morto. Sabe um grito que estremece a sua alma. Ela corre na minha direção, chorando, gritando, implorando a Deus... Quando finalmente chega perto, se joga em cima do corpo do filho, rezando para que aquilo fosse apenas um pesadelo.

Mas não era... Infelizmente!

⚰️⚰️⚰️⚰️⚰️⚰️

Quando cheguei ao departamento de polícia, tinha acabado de deixar o meu pequeno com a babá, Lucy. O caso já estava no noticiário, têm alguns investigadores assistindo, perplexo com a brutalidade cometida.

- Detetive Lins, você já viu esse caso, um garoto, Deus me livre ser algum dos meus filhos! - o Detetive Tom comenta quando me ver entrando. Ele tem a base dos trinta anos, cabelos pretos, mas alguns leves fios grisalhos, uma barba curta do mesmo tom, olhos verdes meio castanho.

- O chefe está na sala dele? - pergunto, ignorando o que disse.

- Sim... - ele diz sem tirar os olhos da televisão.

Entro na sala do homem que comanda todo o departamento, o chefe de polícia, Rodrigo Ramires, um homem negro, de cabelos pretos, olhos castanhos que passa muita confiança, usa um terno que lhe caí muito bem e tem credibilidade.

Detetive Nádia Lins Onde histórias criam vida. Descubra agora