Capítulo 20

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A diferença entre o louco e o psicopata é que o psicopata faz as coisas em plena consciência mas sem nenhuma emoção, e o louco faz as coisas sem consciência devido ao excesso de emoções.

AnaCrws

- Você já sabe não é? - perguntou entrando em retaguarda.

- O que, que você matou seu filho?

Fotos contam histórias, agora eu sei que essa frase é verdade. O crescimento do garoto foi totalmente registrado. Dês do seu nascimento até pouco antes do seu falecimento. Em todas as fotos, sem exceção, a mãe está distante do próprio filho, não há demonstração de afeto entre os dois. Não há semelhanças fisicas entre eles e quando ela falou que saiu para comprar algodão doce, eu sabia que era mentira, pois me lembro bem do menino ter morrido com um algodão doce em mãos.

Apontei minha arma para ela.

- Por quê você fez aquilo? - Fiz a pergunta que não queria calar.

- Eu não queria matar aquela peste, tá. Eu ia matar o pai dele e jogar a culpa sobre a vadia. Já estava tudo preparado, uns dias antes eu procurei o mercado de vendas do submundo, eu sabia que a polícia podia chegar neles, afinal são uma organização criminosa os principais suspeitos para qualquer crime, então caso me entregrassem, era só colocar uma peruca loira, comprei uma roupa parecida com as delas para mim e tava tudo certo. Depois disso mandei mensagem para ela, fiz ela beber um pouco de vinho batizado com uma droga para que não se lembrasse de nada, atiraria no Tiago enquanto o menino brincava. Só que aquele infeliz; filho da puta! Não pôde ir, porque estávamos nos separando e ele não queria confundir a cabeça do pirralho, deixaria para comemorar com ele no dia seguinte. Só que ele só me avisou isso, quando eu estava no parque fingindo ser uma boa mãe. E, eu pensei, como atingir os dois? Pei. Matei o garoto. E sabe o que eu senti? Nada. Fiz o papel de mãe desesperada e ninguém desconfiou de mim. - Si eu conheço bem assassinas com o perfil dela, depois da confissão vem sempre o vitimismo. - Mas... você precisa entender, ele sempre preferiu ela. Primeiro no exército, eu usei da nossa amizade para que ela desistisse dele, e quando ela foi embora, você acredita que ele não correu para se consolar no meus braços, e para piorar eu descobri que estava grávida de um dos soldados, então tive que armar um plano para que ele achasse que o filho era dele. Levei uma garrafa de vinho com uma taça cheia de sonífero para seu quarto particular de general e o resto da para presumir, né? Quando eu contei da gravidez, ele disse que eu pedisse para sair e cuidasse da gestação que ele assumiria a criança, mas iria continuar no exército, o infeliz queria fugir da responsabilidade, isso sim... eu sei uma grande bosta tudo isso... E eu pelo bem do meu neném, tive que fazer algo, então espalhei o boato todo, de que Tiago e eu estávamos namorando e que ele me traiu com a Karine e que estávamos transando ao invés de trabalhar, ela já tinha pedido para sair mesmo e nos dois fomos convidados a nos retirar ou seriamos expulsos com a farda manchada. E como se isso não fosse o suficiente ele pefririu ela de novo, mesmo estando comigo, quando estávamos grávida. Tá, que eu não estava esperando um filho dele, necessariamente, mas fiz parecer. Durante a minha gestação eu usei drogas e o meu bebê morreu ao nascer. Até que isso me deu sorte já que a solução que eu encontrei foi trocar os pirralhos, coisa que foi bem fácil até. Eu só precisei oferecer uma boa grana há um enfermeiro e tive o que eu queria. É, claro que a Karine não reagiu bem. Era um boba idiota! Deixou o caminho livre para que eu fosse feliz com o meu homem, com o homem que eu amava. Só tinha um problema, para levar o Tiago eu levei de brinde aquela coisa pequena e, sinceramente, eu sempre odiei ter que olhar para aquele menino e ver a Karine em cada traço do rosto dele. Nunca o suportei. E como se não fosse o suficiente ser a segunda opção de uma pessoa duas vezes, tinha quer ter uma terceira. Ele veio com um papinho do tipo: nosso relacionamento está muito insuportável, tem muitas brigas está na hora de cada um ser feliz sozinho e pedia o divórcio em cada oportunidade, mas eu tinha um trunfo na mão, eu mantive ele do meu lado enquanto pude. Dizendo que eu ia ganhar a guarda do garoto, que ia fazer ele odiar o pai, que ia embora para nunca mais voltar. Até os dois pombunhos apaixonados se reecontrarem e foi dessa vez que ele pediu o divórcio de vez, muito decidido, disse que lutaria pela guarda do menino até o fim. Já pensou, ele queria tirar o meu filho de mim para dar aquela mulher. Que mãe suportaria isso. Então, eu quis preparar um plano para me ver livre do amor dos dois para sempre. A culpa foi dele, não minha. Ele deveria ter ido! Que mulher suportaria tudo isso. Ser segunda opção duas vezes e ainda ser traída. Nenhuma. Você não suportaria detetive.

Sempre que eu me comover com as lágrimas de alguém eu vou me lembrar dessa mulher.

- E o senhor Benjamim porque primeiro o incriminou e depois o matou?

- Bom, aquilo foi de raiva mesmo. O velho me detestava ficava inventado um monte de mentiras sobre mim para o Tiago, foi ele que estragou o nosso casamento, isso sim! Ficava dizendo que eu estava tendo casos, que eu maltratava o garoto, ele queria ajudar o infeliz do meu marido a roubar o meu filho de mim. Eu não tinha certeza se a Karine assumiria a culpa, então pensei num plano B. Só que o meu marido novamente me contrariou: " O Benjamim nunca faria aquilo! Ele é meu amigo!" Ele ficava dizendo. Até mandou a Karine usar os talentos de advogada dela para tirá-lo da cadeia. Então tive que tirar aquela pedra do meu caminho eu mesma.

- Essa história é absurda demais. - Suspirei. - Não quero ouvir mais nada. Senhora Bley você está presa pelo assassinato do seu filho, você tem o direito de permanecer calada, tudo que disser, pode e se...

Repentinamente ouvi um barulho vindo lá de cima. Foi tempo o suficiente para ela atirar o café na minha mão, que não estava mais tão quente, mas pelo susto e pelo reflexo acabei derrubando a arma no chão. Ela num golpe de sorte e ligeireza pegou a arma primeiro do que eu. Me fazendo levantar as mãos em rendição.

- Abaixa essa arma. Sua situação já está ruim o suficiente.

- Bom, a única que sabe o que eu fiz é  você detetive. Então, você acabou de virar mais uma pedra no meu sapato.

Meu celular começou a tocar logo em seguida.

- Atende e diz que está tudo bem... - Amanda mandou.

- Por que eu faria isso?

- Porque eu sei que você tem um filho detetive Lins, é detetive eu mandei investigar a vida de todos que estavam trabalhando no caso do garoto lá. Você, mãe solteira e solitária. Perdeu o namoradinho num assalto. Devo mencionar também o ou... não você já sabe e sua vida é muito longa e complicada para mencionar tudo aqui. Também tem o jornalista entrometido e lerdo, órfão, chega! Também tem uma vida longa demais. Os parceiros, mais que isso até. Tom e Marta. Esquecir de alguém? Si você não quer que eu faça nenhuma visita a nenhum deles, acho que deveria atender essa ligação e dizer que está tudo ótimo.

Depois dessa ameaça me senti encurralada e atendi.

- Viva voz por favor! - Ela disse e assim eu fiz.

- Alô - Falei tentar passar tranquilidade.

"Detetive, antes que reclame, eu sei que está tarde, mas tem um bom motivo para isso. A Karine não é a assassina, a assassina é a Amanda, o garoto não era filho dela."

Ele me bombardeou de informação. Sei que estava ansioso para me contar sua grande descoberta.

- Eu já sei. - Disse friamente, porque a assassina está escutando tudo.

- Como você descobriu? - ele perguntou meio duvidoso.

- Samuel... - Tentei me apressar.

- Oi.

- Fala para o meu filho que eu amo ele.

Eu tinha prometido que sempre voltaria para ele, mas percebo que hoje não vou poder cumprir isso. Então, o disparo feito pela arma me atingiu em cheio.

Detetive Nádia Lins Onde histórias criam vida. Descubra agora