Capítulo 10

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Infeliz daquele que, nos primeiros instantes de uma ligação amorosa, não acredita que ela vai ser eterna!

Benjamin Constant

Si alguém perguntar, meu carro criou vida própria e dirigiu sozinho até a frente desse edifício que coincidentemente é o do Jornalista. Minhas pernas ativaram o modo automático e foi assim que eu vim parar aqui, na frente da porta dele. Minhas mãos ficaram doidas e por isso estou batendo para que ele abra.

- Detetive... - diz com um ponto de interrogação estampando na cara.

Ele está diferente, os olhos estão cansados e está com uma barba ridícula na cara. Eu sei que tem homens que ficam maravilhosos de barba, mas esse não é muito o caso do Samuel, o que mais me chamou atenção foi o cheiro de álcool.

- Por que não voltou para terminar o caso?

Eu ia comentar também sobre a falta de interesse dele, enquanto ao fato que eu quase morri, mas achei que estaria me importando demais.

- Resolvi deixar os detetives de verdade fazerem o trabalho! - essas palavras me causaram um deja vu - quer entrar?

Eu sei que dizer sim não é uma boa ideia, mas... Ainda não tenho a minha resposta.

- Obrigada! - digo já entrando - eu achei uma falta de educação sua sair sem me dá uma explicação - estou falando isso como si fosse uma obrigação dele, e é, automaticamente ele era meu parceiro, então ela deveria ter ido falar comigo. Onde está escrito isso?! No meu livro de regras mentais que eu mesmo inventei.

- Foi mal, mas uma quase morte me assustou! - por que não consigo acreditar nas suas palavras?

- Eu também quase morri, até fui parar no hospital... - Obrigado por não se importar.

- Fiquei sabendo, não tive tempo de ir lá te ver. Foi mal por isso também!

Foi mal, foi mal, é tudo o que ele diz. Sabe onde você soca esses “foi mal”...

- Não tem problema, eu nem dei importância pra isso mesmo.

- Que bom. - está sério.

- Acho que é melhor eu ir. - falo com vontade de morrer por ter vindo até aqui.

- Não, espera... Me deixe pegar a pasta do caso lá no meu quarto. Eu trouxe para escrever o meu artigo, vou ter que esperar vocês resolverem e sair alguma notícia sobre quem é o assassino para fazer o desfecho.

Enfia essa pasta junto dos seus “foi mal”.

- Tudo bem, eu espero! - respondo.

Ele foi no quarto me deixando sozinha. Isso é pra eu aprender a nunca, nunca mais dar importância a um Jornalista, vontade de pular por essa janela, mas eu já pulei de uma, uma vez e não terminou muito bem. Percebo que tem uma garrafa de uísque em cima do balcão da cozinha, uísque? UÍSQUE?  Não é possível, eu só posso está lendo errado. Me aproximo do balcão só para ter certeza. Pego na garrafa.

Ele bebe, e muito, a garrafa já está quase vazia. Vejo que tem outra garrafa no lixo e tem algo quebrado perto do fogão, o notebook está aberto, naquele aplicativo de escrever, Word, só vi algumas palavras chaves, mas pode ser o tal artigo. Dou a volta no balcão e pego a coisa que está quebrada no chão.

- Você sempre curiosa não é detetive?

Meu coração foi na boca, estou igualzinha a uma criança sendo pega no flagra, acabei por deixar o porta retrato cair no chão novamente, ou melhor dizendo em cima do meu pé e depois no chão.

Detetive Nádia Lins Onde histórias criam vida. Descubra agora