CAPITULO DEZESSETE - INVASOR VERMELHO

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"— Me deixa entrar — a voz de Taehyung soou, batendo na janela — Ggukie-ah me deixa entrar, tá frio aqui fora.

Não lembrava o momento que levantei e fui até a janela do quarto, mas estava parado diante da moldura antes que me desse conta. Não havia mais as estrelas do lado de fora, podia ver a praia de Jeju ao longe, o mar se quebrando na areia escura. Taehyung sorriu, o cabelo estava escuro de novo e ele sorria largo pra mim, o mesmo sorriso retangular que acentuavam suas bochechas. Empurrei a janela pra cima, abrindo-a.

— Obrigado, Jeongguk-ah — o sorriso em seu rosto se desfez. Os olhos castanhos ficaram completamente vermelhos — Obrigado, Assassino dos deuses"

Acordei com o barulho do sopro forte da corrente de ar entrando no cômodo, ainda estava na cama, envolto pelo edredom como um abraço quente, mas a janela do quarto estava aberta, o vento empurrando as cortinas finas, provocando o som que me acordou. Eu tinha levantado graças ao sonho e a abri? Ou talvez Moros tivesse aberto, apesar de que a primeira opção era mais plausível. De todo modo, eu não queria levantar para fechá-la, porque levantar me deixaria desperto e ainda não estava pronto para encarar o deus depois do choro patético na noite anterior.

Tinha sido só um sonho, eu tinha pesadelos quase todos os dias desde que podia me lembrar e aquele sequer era tão ruim quanto os que tinha com Hyun, mas aparentemente todos os meus sonhos com Taehyung me faziam chorar feito um bebê abandonado. Escorreguei para fora da cama, indo até a janela e fechando-a de uma vez, ao menos o sono não se foi, então me arrastei de volta pra cama, afundando no colchão macio e desejando ficar lá o dia todo.

Não conseguia ter qualquer noção de horário, mas a luz do lado de fora era pálida, então imaginei não ser muito mais tarde que oito da manhã. Consegui cochilar por mais alguns minutos antes de ouvir batidas na porta, quase desejei desaparecer, mas quanto antes terminasse com as memorias, mais rápido eu voltaria pra casa.

— Tome banho, se troque, você precisa comer! — Moros falou do lado de fora igual a noona e harabeoji faziam quando eu não saia do quarto e precisava treinar. A voz dele me fez lembrar a noite anterior e também do pingente do dente de tubarão, a referencia a canção de ninar de Jeongy era bem clara, mas parecia haver algo muito maior ali que eu não estava enxergando. Eles tinham contato? Havia algo sobre dentes de tubarão que significavam alguma coisa importante? Talvez fosse algo de deuses? A casa azul era a casa de Taehyung, talvez fosse essa a ligação.

Havia um banheiro no quarto, que não tinha olhando muito, até porque era tudo meio branco demais e esse no caso, até a maçaneta da porta era. Havia roupas lá dentro, uma camisa, calça, tudo branco também, de um tecido fino, mas que parecia caro, igual as roupas de Taehyung. Quando sai do banho, já vestido com as peças deixadas pra mim, eu me senti como um fantasma, minha cara estava mais pálida do que o normal, meus olhos pareciam de um peixe morto e as peças não ajudavam. As únicas coisas que se destacavam era meu cabelo... E a concha.

Ainda não sabia o que ela significava apesar do que Taehyung disse no submundo. Metade de mim esperava que não fosse um tipo elaborado de pedido de casamento de peixes e agora eu estivesse casado sem saber. E a outra parte meio que queria que fosse exatamente isso, por mais estranho que esse desejo fosse. Sai, depois de perder mais tempo do que deveria pensando em Taehyung, encontrando não o corredor do outro lado, mas o mesmo salão com a mesa comprida que estive da primeira vez que visitei a Casa Azul, Moros estava sentado no mesmo lugar inclusive, servindo chá pra si mesmo, ainda que não precisasse o fazer.

— Precisa comer, Jeon. As memorias sugaram muito da sua energia ontem, parece uma folha de papel — a cadeira ao lado dele moveu-se para eu me sentasse, imaginava se em algum momento os moveis começariam a falar igual num filme da Disney — As memorias dessa vez serão mais cansativas, foram as mais relevantes que consegui encontrar, seria o tipo de memoria que sobreviveria para a roda das encarnações se eles fossem humanos normais, é uma coisa boa pra você.

HAG: Human Among Gods - LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora