Arte

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Fecho os olhos e respiro fundo.
Por um segundo eu sinto cheiro de lavanda
E o vento em meus cabelos
Do quadro em minha frente.

Sou uma Idealista,
Gostaria de morar dentro de uma teoria
Dentro de um sonho
Dentro de uma realidade perfeita.

Dou alguns passos
E encaro os muitos desenhos
De uma cidade representada
Mil vezes melhor do que ela realmente é.
Distopia

Não há nada além deste quarto e da moça vestindo seda.
Não há casamento mesmo que o quadro seja de uma noiva.
Não há colheita desses pomares alaranjados.
Nem moedas sendo contadas e a descoberta de que elas não são o suficiente.
Só a moeda prateada no óleo sobre a tela.

Não há lágrimas com a notícia da tragédia,
Apenas a tragédia ali sendo retratada em cores vibrantes.
Não há porque ter medo
Se na arte não se arca com as consequências.
Apenas se aprecia o momento.

Quero encarar o céu de um sol nascente
Por horas e horas
Sem que o sol realmente nasça.
Quero ouvir a chuva no meu guarda-chuva.
Sem que ela me molhe,
sem que ela me arraste.

Mas já é hora eu tenho que ir
Não posso mais ficar olhando.
Não haverá verão no meio de um inverno para mim
Não há anjos e nem um banquete.
Não há sol nascente logo ao lado de uma tempestade.

Há apenas a minha solidão no meio dessa multidão.
E o silêncio ensurdecedor da minha alma.
Sendo rasgado pelo barulho irritante
Dos meus saltos andando pelo museu.

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