Não sei ao certo
Em que momento deixei de ser adolescente
Mas tenho certeza que amar
Me mantem preso em algumas lembranças.
É como se na sua pele
Trouxesse as manhãs do primeiro ano
Em que na sala 15 do bloco 3 eu fui feliz.
Em teus olhos negros
Vejo o clube de teatro
E as gargalhadas.
Só de olhar em tua boca avermelhada
Da mesma cor do uniforme
Posso ouvir as aulas de inglês
Com as lições sobre Doroty e o magico de OZ.
Seu perfume me lembra o das flores brancas
E seus dedos entre os meus enquanto nos beijávamos.
Eu as vezes posso ouvir sua caneta batucando a carteira
Quando te vejo distraída.
Mas você não é a mesma
E eu também deveria deixar de ser
Nada daquilo voltará.
E não quero que sejamos dois fantasmas
Lembrando um ao outro mutuamente
Do tempo em que se sentiam vivos.
Eu quero viver e quero que você viva
E porque nos amamos um dia,
É que precisamos dizer adeus.
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Digitais
PoetryLivro de poesias cotidianas de Ellen de Lima, uma jovem brasileira que usa seu olhar poético para falar do dia a dia e sobre a forma que vê o mundo. Fotografia de Andre Elliot. "Ensaio Hands Under Neon Lights" (distribuição: Pinterest).
